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quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Vote contra a corrupção - enquete no site do Senado Federal

Não perca tempo, paisano, cutuque no link abaixo e diga não aos corruptos.  É uma enquete no site do Senado, que visa incluir o crime de corrupção no rol de crimes hediondos.

http://www.senado.gov.br/noticias/DataSenado/

Vote djá.

Sei que votar pela eliminação de um big-brother é mais importante, sei que assitir o Pânico na Tv também é, mesmo assim, dá uma força, vai.
http://www.senado.gov.br/noticias/DataSenado/

Chuva e irresponsabilidade causam estragos em Águas Mornas

     No último dia 5 de agosto postei algumas fotos de uma estrada no interior do município de Águas Mornas, aqui na Grande Florianópolis. E alertei sobre o perigo de quedas de barreiras devido a queima da vegetação. Trabalhadores da prefeitura usam veneno para "limpar a rodagem", depois tocam fogo. Desprotegido, o morro cai quando as chuvas apertam. E olhe que por aqui a chuva não dá moleza. O morro da foto abaixo é o mesmo que fotografei no dia 5. A terra deslizou, trancou a estrada. Aí tiveram que ir máquinas e caçambas para desobstruir a via. E quem pagou a conta? Os munícipes. Ai, que falta faz um administrador razoavel para comandar um município.


O veneno usado pelos operários da prefeitura mata os vegetais mais sensíveis. É o caso do xaxim. Por toda a estrada podem ser vistos xaxins queimados pelo veneno.

 

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Luxemburgo ensina Mano Menezes

     O técnico do Flamengo, que está prestes a entrar para o Guineess Book como proprietário do maior acervo de palavrões do mundo, explicou como deve funcionar a Seleção Brasileira. Ontem, no programa Bem Amigos do Sportv, Luxemburgo deixou claro que todo o time tem que trabalhar em funcão de Ronaldinho. "É assim no Flamengo", contou o flamenguista, "Ronaldinho é a estrela". Para o treinador, Ganso, Neimar e companhia precisam ser coadjuvantes do Gaúcho. Capitão Nacimento diria: "o senhor é um fanfarrão, seu Luxemburgo".

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Eu, um sanguinário High Definition

     Larguei a revista que estava lendo e esparramei meus olhos pela tela da Rede TV. Até dei um pulinho pela Sportv e achei a transmissão melhor, o locutor passava mais emoção. Não era, entretanto, em formato HD – High Definition – e por isso “sartei” de volta para o canal da filósofa Luciana Gimenez. Feito um romano na arquibancada do Coliseu, o Gile aqui esperava ansiosamente que a luta começasse. Um pouco menos bárbaro, não fui à arena. Postei-me em um colchão de tecnologia ultramoderna, ajustei minha luneta de design vanguardista e liberei minha mente pós-medieval.

- Porrada, porrada – gritava meu cérebro, que naquele momento descia a condição de homem das cavernas, só que um pouco mais primitivo. A ânsia de ver sangue jorrando da cara de brutamontes não me permitia desgrudar os olhos do aparelho. E meus instintos mais selvagens afloravam. Minha respiração foi alterada, os batimentos cardíacos dispararam e as pupilas denunciaram meu estado de loucura. Primeira luta da noite: o brasileiro vence por nocaute. O álibi para minha bestialidade tinha nome – nacionalismo. Como um Hitler, que comandou o holocausto por razões patrióticas, eu queria ver o Brasil esmagar os gringos desumanos.

     Lá pelas tantas, o rosto de um demônio estrangeiro – era isso que eu queria enxergar – foi coberto de sangue. A plateia foi ao delírio. O representante tupiniquim socou mais forte. O cinegrafista aproximou a imagem e pude ver gotas de sangue mais do que reais escorrendo pela face do monstro. E minha monstruosidade veio abaixo. Um resquício de civilidade debateu-se em minha mente e disse não. Nos tatames, aprendi que não se agride um adversário quando ele está de costas – é covardia. Aprendi que não se esmurra um oponente quando ele mostra-se incapaz de reagir – é dantesco. E fiquei envergonhado.

     Envergonhado por ter dado audiência à pancadaria. Envergonhado por ter visto um homem desmaiado ser agredido e não ter me indignado. “Faz parte da luta”, diria um discípulo de Calígula. “Não tem nada demais, é um esporte”, argumentaria um filho bastardo de Nero. No dia seguinte, pela manhã, assisti o mundial de judô. Eu e mais uns cinquenta brasileiros. Fiquei pensando: será que no dia em que for organizado um torneio de luta onde o vencedor for aquele que matar o adversário, a audiência quebrará todos os recordes já computados? Pode ser; a transmissão, no entanto, terá que ser Full HD.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Avaí planeja disputa da Série B

     O Avaí largou na frente para a disputa da Série B 2012 do Campeonato Brasileiro. Enquanto muitos times se debatem para permanecer na A, o time de Guga entendeu que não dá mais. A prova maior foi a contratação do novo treinador - Toninho Cecílio. Com passagens por Americana, São Caetano, Vitória e Grêmio Prudente, sem conseguir absolutamente nada, Cecílio chega para comandar o barco avaiano até o fim do campeonato deste ano e preparar a nau para tentar fazer o caminho inverso no próximo.

     Qualquer analfabeto em futebol sabe que o Avaí já caiu. E não digo isso para chatear a grande torcida azul e branca de Floripa, não. É fato, só isso. Para você ter uma ideia, o Avaí precisa fazer 31 pontos no segundo turno. Foi o que conseguiu o Botafogo até agora. Sem chances, deu para o escrete da Ressacada.

     Percebendo que a vaca foi para o brejo, a diretoria não perdeu tempo, contratou um treinador com o perfil de Série B. Uma coisa é certa: Toninho terá todo o tempo do mundo para planejar a equipe para a segunda divisão de 2012. Em 2013, tomara, o torcedor avaiano voltará a vibrar com o time na Série A. Bom trabalho, Toninho, e até o ano que vem na segundona.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

O glutão da Daniela

     Deixei o narrador de Botafogo e Atlético Mineiro falando sozinho e desci a escada. Também, já estava três a zero para o Fogão, como o time carioca é chamado. A equipe de Minas Gerais, virtual rebaixada do Brasileirão 2011, não teria forças para mudar o resultado da partida. Com as três senhas no bolso do blazer, deixamos a comodidade do lar e fomos ao compromisso social. E demos carona a uma penetra que apareceu bem na hora em que saíamos.

- E se não conseguirmos ingresso para ela? – veio a voz do pessimismo.
- Conseguimos, sim. Além do mais, ela é muito pequena e não deve comer muito. Vão deixá-la entrar.

     E entramos nos doze graus da cidade. Quando chegamos, o salão já estava lotado. Parece que todos os moradores do Balneário Daniela resolveram jantar no mesmo canto. Da porta, percebi a fila que serpenteava em direção às guloseimas. No meio da corriola faminta um vivente se destacava – Chuletão. Digo faminta por uma questão de chiste. É claro que um bolsista do governo federal não teria vinte e cinco reais para pagar um rango. Duas senhoras guarneciam o salão da igreja. Uma delas, em tom de confidência avisou:

- Não tem cadeira para todo mundo. Acho que venderam mais ingressos do que devia. Só pode ter sido coisa de “fulana” – e eu não sou louco de revelar o nome pronunciado de modo tão claro. Fiz-me de desentendido e perguntei se ela podia conseguir mais um ingresso para nossa minúscula penetra.

- Impossível – taxou. Ato contínuo, apontou para uma mesa com duas cadeiras ociosas. Os lugares de vocês dois devem ser aqueles. Pedimos para as meninas aguardarem na entrada enquanto contornávamos a situação. Não precisou; em menos de um minuto elas estavam na nossa cola. Por um milagre – já que o ambiente era religioso – apareceu um ingresso salvador que permitiu a legalização da penetra.

     Há quem diga que cristão não peca bebendo, mas peca comendo. Um senhor de oitenta anos sentou-se ao meu lado com um prato que mais parecia uma trincheira. Jesuisi, Jesuisi, Jesuisi! Escondido atrás dos pães, bolos, empadas e outras iguarias, ele justificava: “é tudo diet”. Feito um trator de esteira, uma menina passa ao meu lado. Nas mãos, comida para cinco pessoas. A ex-penetra, seguindo o lindo exemplo do octogenário, erguera um monumento à glutonaria. Senta-se e, com a fleuma de um leão esfomeado, devora tudo em menos de dez minutos. Só me restou balbuciar: “Jesuisi, Jesuisi, Jesuisi”. Depois que os estômagos estavam mais mansos, entramos na fila. Acabara de pegar uma xícara de leite quando vi um bólido vindo na minha direção. Só deu tempo de me esquivar. Hipnotizada por um bolo de chocolate – diet, diga-se de passagem -, uma idosa avançou sobre a guloseima como se fosse Usain Bolt em direção ao estrelato.

     Chuletão continuava na fila ou era impressão minha? “É a quarta rodada”, contabilizou um fiscal da vida alheia. É, nem a ex-penetra e nem o vovô smurf. O título de comilão da Daniela foi mesmo para ele. “Chuletão, meu filho, nunca que vou te convidar para almoçar na minha casa”. Por último, um susto: a lâmpada apagou. Mas acendeu imediatamente. Aí uma voz soprou no meu ouvido: “já pensou se faltar energia?”. “Nem diga uma coisa dessas”, retruquei, “com esse frio é capaz de alguém querer tomar sopa dentro do caldeirão”.

sábado, 20 de agosto de 2011

Corrupção começa no judiciário


Não é brincadeira, amigo
Não é brincadeira, nao
Pra todo lado que eu olho
Dou de cara com um ladrão.

O problema é antigo, do tempo de João Terceiro
Que declarou ser de “couto” e “homizio” o território brasileiro.
Todo tipo de bandido que infestava Portugal
Veio morar cá na terrinha, fazendo assim do Brasil
Refúgio de marginal.

Não é brincadeira, amigo
Não é brincadeira, nao
Pra todo lado que eu olho
Dou de cara com um ladrão.

O sangue de nossas veias tá cheio de malinagem
O brasileirinho nasce já pensando em sacanagem.
Quando assume cargo público, é um salve-se quem puder
Mete a mão no cofre alheio, rouba tudo que é possível
E põe no nome da mulher.

Não é brincadeira, amigo
Não é brincadeira, nao
Pra todo lado que eu olho
Dou de cara com um ladrão.

Quando estuda pra ser doutor a desgraceira é total
Entra pra o crime advogando a contravenção penal.
Se através de um padrinho vira dono do Supremo
Quem fica bem é o milionário, mesmo sendo estuprador
Parceiro e amigo do demo.

Não é brincadeira, amigo
Não é brincadeira, nao
Pra todo lado que eu olho
Dou de cara com um ladrão.

Quer levar vantagem em tudo, o esperto tupiniquim
É sempre o outro o errado, é sempre o outro que é ruim.
Mas se a chance de lucrar nas costas do irmão aparece
Pro inferno, ética imunda, Deus lá do céu me desculpe
Que o diabo ouviu minha prece.

Não é brincadeira, amigo
Não é brincadeira, nao
Pra todo lado que eu olho
Dou de cara com um ladrão.

E mesmo levando a vida o tempo todo enganando
Quer exigir do político honestidade no comando.
Sendo o gestor público uma extensão da sociedade
É a lama que ele procura, pois porco não quer perfume
Quer sujeira e leviandade. 

Não é brincadeira, amigo
Não é brincadeira, nao
Pra todo lado que eu olho
Dou de cara com um ladrão.

Se tem jeito meu país, tenho certeza que sim
É preciso arrancar o cancro, livrar-se do sangue ruim.
Pra começar a reforma, sabão no judiciário
Pois ele é sócio do crime, parceiro da ladroagem
E amigo íntimo do salafrário.

Não é brincadeira, amigo
Não é brincadeira, nao
Pra todo lado que eu olho
Dou de cara com um ladrão


terça-feira, 16 de agosto de 2011

Motor, buzina e cara amarrada

     Ele não estava bêbado. Trupicava, sim, mas daí para a embriaguês faltava uns trinta e três quilômetros. Os olhos abarrotados de remela comprovavam que a noite tinha sido menor que o futebol jogado pelo Avaí – pelo Grêmio, pelo Atlético Mineiro, pelo time de Mano Menezes. Não me pergunte como, mas o cara tinha as costas abraçadas por uma mochila duas vezes maior do que a arcada dentária de Ronaldinho Gaúcho. A sonolência, os resquícios de álcool e a pesada carga, como se não bastasse, tinham uma jaqueta como aliada. Pezinho para frente, pezinho para trás, o moço tentava fechar o zíper da malvada. O casaco insistia em se manter aberto. O vento frio que soprava do mar não aliviava e o jeito era proteger o peitoral. Na tentativa cega de lograr êxito, Cinfrônio – chamemos assim o desafortunado – nem dava bolas para os passantes que lançavam-lhe impropérios. “Sai daí, ô cachaceiro”, gritou um cidadão de ar superior, como se nunca tivesse tomado um porre. Eu, protegido pelo capacete, bradei baixinho: “deixa o cara, fariseu. Ele só difere de você na dosagem”. Ainda bem que o conforto da Mercedes (dele) bloqueou meus sinais sonoros.
 
     Cinfrônio, nisso eu concordo com os fiscais da vida alheia, escolhera um péssimo local para fechar a maldita jaqueta. O cruzamento de duas avenidas próximas à Beira Mar Norte é um carma para os moradores de Floripa – principalmente quando os semáforos estão quebrados, que era o caso. Nem um pouco preocupado com a crise financeira que ameaça jogar o mundo num inferno, o mendigo, com aquela determinação que só um ébrio tem, ignorava as buzinadas e palavrões. Um motorista mais exaltado fez a denúncia: “seu filho da ͖@#$&, vai perturbar noutro lugar”. Fiquei, então, sabendo sobre a mãe do homem, embora tenha achado que a acusação fosse infundada. E me questionei: “ora, quem é o verdadeiro incomodador, o da birita ou quem deixou o sinal de trânsito estragado em plena hora do rush?”. Dois olhos amigos não desgrudavam de Cinfrônio.
 
     Semelhante a um pajem, o alvinegro cachorro se postava como uma espécie de anjo da guarda do dono. Quando, enfim, Cinfrônio alcançou a calçada, foi agraciado com uma lambida de parabéns. E o trânsito continuou uma porcaria. Acho que até piorou. O vestígio de humanidade se fora junto com Cinfrônio e seu cão. Restou motor, buzinas e caras amarradas. Ou isso é o ser humano?

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Defensoria Pública é pedra no sapato da OAB/SC

     No último dia nove, escrevi aqui sobre a multa que o Estado teria levado - conforme fui informado - por não ter recolhido o INSS dos advogados dativos. Hoje, o jornal Diário Catarinense traz uma matéria cuja manchete é: "qual defensoria é a melhor para o cidadão". A reportagem - lembrando o tipo feito dentro de redações - traz os custos da Defensoria Pública para o Estado. Baseado em sabe lá Deus o que, a Defensoria Pública custaria 300 milhões por ano ao erário. Já a Defensoria Dativa (atual modelo inconstitucional praticado em SC) sai pela bagatela de 50 milhões. Ora, ora, paisano, isso só pode ser uma brincadeira do tipo que se faz com crianças menores de cinco anos. Sim, porque se o pimpolho tiver seis vai dar risada. Em nenhum momento o DC questiona o recolhimento do INSS dos advogados. Quem, minha nossa senhora dos políticos corruptos, pode me mostrar os comprovantes do pagamento do INSS dos advogados? Quer dizer que o Estado passa o dinheiro para a OAB/SC e não fiscaliza o recolhimento do tributo federal? E você, estimadíssimo leitor, acha que a Receita Federal vai deixar barato? Experimente, caríssimo, não pagar algum imposto e veja a rebordosa que vais receber. E o Estado, junto com a OAB/SC, ou um ou outro, cumpriu com as obrigações junto a União? Amigo, não existe almoço de graça. Quero saber quem recolheu o INSS dos advogados dativos nos últimos cinco anos. Quando postei no dia nove que o Estado fora multado, logo gritaram: “não há multa”. Mas até aqui não recebi nenhum comprovante de recolhimento do INSS dos dativos. Fucemos, colegas, fucemos e acharemos caroço sob o apetitoso angu.

     Ainda na reportagem do DC, o presidente da OAB/SC ganha espaço privilegiado para dizer que “não necessitamos de uma Defensoria Pública”. Meus amigos, espero que a dita reportagem não tenha sido feita – espero mesmo, de coração – para atender os interesses da OAB/SC. É evidente que a OAB é contra a criação de uma Defensoria Pública no Estado. Quem foi que disse, pergunto, que a principal preocupação do órgão classista é o cidadão catarinense? Na semana passada foi realizada a XVI Conferência dos Advogados de Santa Catarina e o tema era: “o advogado é a nossa causa”. E até entendo que a OAB deve cuidar do interesse dos seus associados, só não aceito que seja passado para a população que a OAB tem o pobre como bandeira a ser defendida. O modelo de Defensoria Pública, quando implantada, trará um déficit de alguns milhões ao caixa da OAB/SC. Sim, pois a comissão que ela cobra por intermediar a Defensoria Dativa é de 10%. Só se o presidente da OAB/SC tivesse cérebro de minhoca para ser favorável a criação de uma Defensoria Pública.

     No último dia 13, no encerramento de sua XVI Conferência, os advogados catarinenses elaboraram a chamada Carta de Florianópolis. No item quatro eles decidiram: “alertar a sociedade catarinense para a legitimidade e legalidade do sistema de defensoria dativa, o que melhor atende, e com mais amplitude, os carentes do Estado inteiro, bem como para a irracionalidade de se criar mais um órgão público, com o imenso custo necessário para tal”. O humorista Jô Soares tinha um programa na TV globo chamado Viva o Gordo. Um dos personagens dele se lamentava no fim do quadro dizendo: “eu acreditei”.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

A mentira, o blog e Neymar

     O que antes era segredo veio a público. As longas pernas da mentira fraquejaram. Digo isso porque mentira tem membros inferiores maiores do que conta bancária de político. Certo dominador, para coibir a mentira entre seus vassalos, que tanto prejuízo lhe trazia, teve a brilhante ideia de dizer-lhes que a mentira tem pernas curtas. Claro que ele saiu-se com essa bravata logo após descobrir, no tempo recorde de 24 horas, a mentira contada por um serviçal em cuja cabeça a quantidade de fósforo não era suficiente para encher a barriga de uma pulga. E pulga filhote, diga-se de passagem. Amedrontados pelo açoite irrisão que tantas ulcerações lhes causara, os pobres diabos agora perdiam a única arma mortal que possuíam – a mentira. Sim, porque como é que algum deles seria idiota o suficiente para esconder a verdade de um ser tão poderoso? Usando a sabedoria que só os ricos, os fortes e os sacerdotes têm, a verdade viria à tona tão rápida quanto os dribles de Neymar. Nesse momento, ao escrever o nome do craque, notei que o Word, esse sacripanta, não reconheceu o nome do santista. Vou te contar, viu, ainda tem quem se recuse a aceitar que o rapaz é nosso pré-sal futebolístico. Deixemos entretanto o futebol e vamos nos deter na mentira, razão maior desta crônica. E não venha me dizer que faltou vírgula na frase anterior. Evitei a bonitona para deixar o texto mais faceiro.

     Livres das mentiras dos escravos, dominadores puderam viver felizes. Com o monopólio da inverdade em mãos, reinar tornou-se tarefa fácil por demais. Desarmados, os servos tornaram-se ovelhas que se deixam tosquiar sem ao menos dar um mísero berro. Enquanto isso, entre os nobres a mentira parecia baile funk na periferia. Eles sabiam, é claro, que uma mentira bem produzida pode levar décadas para ser descoberta. Às vezes ela é tão bem bolada que se torna verdade inconteste. E quando a mentira de um nobre era descoberta, rápido quanto alegria de pobre ele inventava outra para dificultar a aparição dos fatos. Foi aí que entre o populacho surgiu um questionador. Deram-lhe o nome de repórter – aquele cara que só sabia fazer perguntas. Não era qualquer pergunta, meu chapa. Virou febre. O desconforto entre os dominadores foi geral.

     Quando o reino estava em polvorosa, surgiu mais uma ideia própria de quem governa: “vamos trazer alguns repórteres para dentro dos castelos”. Mais ou menos como os russos fizeram com os filhos dos chechenos. Aí, paisano, o rebotalho viu-se outra vez pisoteado. A mentira e a, então incipiente imprensa, tornaram-se aliadas fieis dos soberanos.

“E haja blog”, gritou a internet. E mais uma vez o povo voltou a cutucar os castelos.

Ah, quase me esqueço de contar o que veio a público. Ou será que já disse?

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Tem coisa que só acontece no Brasil

     "Tem coisas que só acontecem com o Botafogo", choram os torcedores do time da estrela solitária. No embalo da torcida, emendo: tem coisas que só acontecem no Brasil.  Apesar de não acreditar nem um tiquininho na lisura do esporte das multidões, e ter muito o que criticar na postura da rapaziada que administra o futebol, usei-o apenas como gancho para conversar contigo sobre outra nuance da vida política dos brasileiros - a sacanagem. No dia 28 de dezembro do ano passado, publiquei uma crônica neste blog tendo como personagem principal o então deputado Pedro Novais. E alertei que ele, à época, fora convidado para assumir um ministério no Governo Dilma. Ninguém fez nada para evitar, ou não acreditaram no que eu disse. O homem foi elegido ministro do turismo. O cara tinha promovido uma orgia em um motél maranhense e depois teve a singeleza de pagar a conta com o dinheiro público. Voltando ao futebol: "Eu já sabia".

     Menos de um ano depois, a Polícia Federal encarcera os homens fortes do ministro moteleiro. Amigo, era impossível o Ministério do Turismo dar certo com uma trupe tão vanguardista à sua frente. Agora o ministro ameaça pedir as contas. Dilma, minha filha, deixa o vovô do motél se mandar. Cobra, entretanto, a conta antes. É, tem coisas que só acontecem no Brasil. Aqui o cara é pego com a cueca cheia de dinheiro e grita assustado: "minha nossa senhora dos larápios, valei-me. Quem colocou essa miséria no meu cofre!?". Outro é filmado recebendo dinheiro do propinoduto e depois, com a cara tão limpa quanto chão de galinheiro, avisa: "meus advogados vão provar que não sou bandido". Tem coisa, paisano, que só acontece no Brasil. A sacanagem institucionalizada é uma delas.

     A palavra encravada na bandeira da Paraíba - Nego - deveria ser lema da vida pública tupiniquim. O negócio é negar. Uma banca de brilhantes advogados movida à grana tratará de dar um jeitinho. E em muitos casos o demônio é convertido em santo, pasme. Milagres da justiça, simpatia. Definitivamente, tem coisa que só acontece no Brasil.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Governo de Santa Catarina é multado em 50 milhões

     O governo de Santa Catarina foi multado pela Receita Federal. A multa, segundo fonte, gira na casa dos 50 milhões de reais. O motivo da multa foi o não recolhimento do INSS dos advogados que compõe a chamada Defensoria Dativa. O Estado comandado pelo governador Raimundo Colombo (DEM) é o único da Federação que não tem Defensoria Pública. Um convênio com a OAB/SC permite que advogados cadastrados pela entidade recebam honorários para atender a população carente. O Estado deposita os valores na conta da OAB, que por sua vez faz o repasse aos seus profissionais – antes, porém, a Ordem pega os 10% de comissão que lhe compete.

     O problema é que nesse vira e mexe do dinheiro público o INSS precisa ser recolhido. Quem deveria fazê-lo, o Estado, a OAB? Ninguém fez e o contribuinte catarinense terá que arcar com o prejuízo. A Receita Federal cobrou todo o tributo devido nos últimos cinco anos e, conforme a lei, acrescentou-lhe multa de 100%. E agora, José? Conversei com o procurador-geral do Estado, Nelson Serpa, e ele foi categórico: “a nossa defesa será no sentido de que não cabia ao Estado fazer o recolhimento do INSS”. A AOB não quis se pronunciar sobre o assunto.

     O atual governador de Santa Catarina, seguindo os passos do antecessor, está de mãos dadas com a OAB no intuito de evitar a criação da Defensoria Pública. O principal argumento que eles usam é que o atual sistema – embora infringindo o artigo 134 da Constituição Federal – é menos oneroso. A OAB chegou, inclusive a veicular um abaixo-assinado eletrônico contra a criação da Defensoria. Apesar dos constantes clamores da população de Santa Catarina, o executivo prefere ouvir a OAB. E agora, na hora de pagar a conta, vão continuar entre beijos ou vão sair no tapa? Toda a suposta economia, tão alardeada por eles, foi por água abaixo. Sentindo-se acima da lei, deixaram de pagar o imposto devido à nação. Ou não sabiam que é obrigatório o recolhimento do INSS? E quem embolsou o tributo sonegado?

     Não é esse o momento para que, enfim, Santa Catarina saia da contramão e crie sua Defensoria Pública? Não é esse o momento de os catarinenses cobrarem do Governo uma postura mais ligado ao povo do que a um órgão classista? Não é esse o momento de a imprensa esquecer as gordas verbas publicitárias do Governo e trabalhar um pouco a serviço da população?


Para saber mais:
http://www2.unochapeco.edu.br/~defensoriapublica_sc/
http://adepmg2009.blogspot.com/2011/07/santa-catarina-debate-criacao-da.html






segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Berlusconi ataca de cantor

     Chegou e foi logo cantando. Soltou a voz rouca e mostrou que era o rei do pedaço. Uma voz feminina ao meu lado chamou-o de Tarcísio Meira. Isso porque o carijó veio acompanhado de uma parceira que, no embalo, recebeu o nome de Glória Menezes. Emudeci. Ora, ora, chamar Berlusconi de Tarcísio! Desde que eu soube que o galo iria coabitar com doze fêmeas, escolhi o nome para batizar o danado. Assim, de cara, veio em minha mente o Primeiro Ministro italiano. Lógico, paisano, tem algumas companheiras do galináceo que mal completaram um mês de vida. Trazendo isso para o campo dos humanos, elas não passam de adolescentes que ainda não perderam o cheiro da fralda. Lembro que, quando criança, - como o tempo passa rápido, meu Pai – os adultos usavam uma expressão para botar uma meninota metida a moça no seu devido lugar: “essa menina nem perdeu a catinga do mijo e já ta se enxerindo”.

     Berlusconi, o galo, pouco se importa com a idade das bicudas. Acho que ele pensa que quem tem que cuidar das ninfetas são os pais delas. Como elas não têm pai – pelo menos ali no galinheiro – ele faz a festa. Glória Menezes é linda. Para ser sincero, toda galinha carijó é bonita. Há quem diga que toda galinha merece um elogio. Ela é o símbolo maior da doação. Não há nada nesse asteróide insignificante chamado Terra que se doe mais do que a galinha. Vive para botar ovo, encher o mundo de pintinhos e depois virar pitéu. Glória caiu-lhe bem. Galinha com nome e sobrenome. Esta crônica, no entanto, é para falar de Berlusconi, e a ele retornemos antes que meu tempo acabe.

Quando soltei o frango, achei que o cara demoraria a se ambientar. Digo frango porque o bicho tem apenas seis meses. Pouco mais de meia hora depois ele começou o show. Aí, meu amigo, virou galo. Logo me perguntaram:

- Ele deve estar feliz, não é?

     Não sei se os galos agem como os homens, que cantam quando a felicidade lhes ronda a porta. Eu, para ser sincero, não sei se cantaria preso. Não aguento, sequer, passar uma semana recluso num apartanil no Centro de Floripa. Apartanil é um neologismo criado por mim para designar a mescla de apartamento e canil. Conheço gente, por sua vez, que vive quase o ano inteiro dentro de um lugar desses. Para completar, misturam fumaça de cigarro e bafo de álcool. Depois, dão um play no som e cantam à vontade. Sendo assim, Berlusconi pode, sim, ter cantado por estar feliz. É, tenho quase certeza que o ciscador estava para lá de contente. E mal clareou o dia, a cantoria recomeçou.

- Berlusconi, insensível, não sabes que a economia mundial está prestes a entrar em colapso? Ou pensas que será apenas mais uma marolinha? Deus te ouça, penoso.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Chove, chuva, chove sem parar

     Águas Mornas fica a 35 quilômetros de Florianópolis.  A cidade foi duramente castigada pelas chuvas que arrasaram municípios catarinenses no fim de 2008. A prefeitura do lugar parece ter esquecido o que aconteceu
     Na foto abaixo, o trecheiro - homem encarregado de cuidar de um pedaço de rodagem da zona rural - colocou veneno na vegetação e, depois que ela secou, tocou fogo. Na primeira chuvarada, houve desmoronamento.
     As construções em áreas de risco continuam. E quando vier a chuvarada de verão, quem vai arcar com as consequências?



quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Alfredo Nascimento dá lição de sabedoria

     Alfredo Nascimento é um filósofo. Não, um sábio. Isso porque um filósofo nem sempre é um sábio. Um sábio, por sua vez, é sempre um filósofo. Depois de ter sido varrido do ministério dos transportes, pela presidente Dilma, o rapaz voltou ao senado e deixou triste o senhor João Pedro. É que o João, como suplente do potiguar Alfredo, estava ocupando a cadeira do ex-ministro. Tristezas à parte, o senado recebeu, de braços e pernas abertas, aquele que até poucos dias era o homem forte dos transportes brasileiros. Aproveitando os relaxados membros da casa comandada por José Sarney, Nascimento discursou como um Cícero. E vomitou o que todos nós sabemos, mas, feito mulas, insistimos em não querer acreditar: o PR, partido do qual ele faz parte, tem os vícios e virtudes que todos os outros partidos têm. Grande Nascimento, um homem com a coragem e valentia tua teria que ser homenageado, meu chapa. E depois, lógico, preso. E todos os outros políticos também, evidentemente.

     Ora, ora, se o cara foi defenestrado por estar envolvido em corrupção - e tudo que é jornal escancara isso - e diz que os partidos possuem o mesmo modo de operar, então o país precisa ser poupados desses senhores. Por outro lado, seria preciso fechar o Senado, a Câmara e até o Palácio do Planalto. De lambuja, prefeitos e vereadores iriam para a sarjeta. E quem iria governar o Brasil? Os militares? Isso, não, pe-la-mor-de-Deus. O judiciário? Credo em cruz. Se bem que há quem diga que os políticos comem na mão do judiciário. Outros acham que comem na mesa. Outros, mais radicais, acreditam que são todos bananas do mesmo cacho. Nascimento, meu filho, por isso te acho um sábio. Seguindo todo um raciocínio lógico, deverias ser rebocado para o Ministério dos Transportes urgentemente. E a corrupção? Essa tem sido nossa companheira desde a chegada de Cabral neste torrão. Que fique tudo como está. Basta que o Flamengo e o Corinthians ganhem hoje.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Santa Catarina não tem Defensoria Pública

A piada é velha. Como Hebe Camargo, no entanto, recauchutada:



O casal vai ao quartel assistir o desfile do qual o prodigioso filho participará. E percebem, logo de cara, que a passada do filho é contrária a dos demais soldados. Enquanto todos erguem a perna direita, o guri levanta a pata esquerda. A mãe – sempre a mãe, meu Deus do céu! – não aguenta e sussurra no escutador de novela do esposo: “olha, querido, estão todos marchando errado; só o nosso filho é quem está certo”.

     Você sabia, leitor, que Santa Catarina é o único estado brasileiro que não tem uma defensoria pública? Isso mesmo. Goiás e Paraná estavam na mesma situação, mas perceberam que marchavam com as pernas invertidas e acertaram o passo. O Estado que promoveu a maior guerra fratricida do país – a do Contestado – ficou solito. Defensoria pública, paisano, é uma imposição da Constituição de 1988. Depende, no entanto, de uma lei estadual para ser criada. Em miúdos: cada Estado tem que parir a sua. E todas as unidades da Federação assim o fizeram. A não ser Santa Catarina. Para os catarinenses – e nesse caso não me refiro ao cidadão comum – eles são os únicos certos. E você deve estar me perguntando: quer dizer que o pobre não tem direito a um advogado na Europa Brasileira? Calma, calma.

     A OAB/SC, que tem força suficiente para, se quiser, destituir Barack Obama da presidência norte-americana, criou um rol de advogados para fazer esse sacerdotal trabalho. Ai basta o juiz, na hora em que precisa de um bacharel para defender um cidadão menos favorecido, escolher um nome na lista de Schindler e apontar o dedo. É a chamada Defensoria Dativa. Enquanto a população clama pela criação de uma Defensoria - e para isso já fez até abaixo-assinado – a OAB/SC faz campanha contra. O presidente da entidade, Paulo Roberto de Borba, que a meu ver é um descendente direto do Frei Henrique Soares de Coimbra – aquele que rezou a primeira missa no Brasil – acredita que o modelo catarinense favorece a população carente. E como é feito o pagamento dos advogados?

     Bem, o governo bota o troco no bolso da OAB/SC e ela faz o repasse para seus colaboradores. E quanto ela ganha para fazer esse favorzinho ao Estado? Isso não é do interesse de reles mortais. O atual governador, seguindo os passos do antecessor e contrariando a Constituição Federal, dorme abraçadinho com a OAB/SC. Não sei não, viu, mas não acredito que o pobre seja o principal alvo da bondade do nosso judiciário. A OAB/SC deve ter, entre seus advogados, excelentes administradores para fazer a gestão dessa graninha. Atenção, senhores da OAB/SC, esse jornalista aqui gostaria de uma entrevista com vocês. Quero, juro pelas doze galinhas que possuo, entender vossa passada contrária.