Utilização do conteúdo

Autorizo o uso do material aqui produzido, desde que seja dado crédito ao autor e não tenha uso comercial

domingo, 16 de dezembro de 2012

Cristianismo que não prega justiça social é uma farsa


     Cristianismo que não prega justiça social é como carro sem motor. A pintura pode ser perolizada, os assentos cobertos com o mais sofisticado couro, o sistema de som e de vídeo de última geração, os pneus resistentes ao mais abrasivo asfalto e os faróis capazes de iluminar a seiscentos e sessenta e seis quilômetros de distância. Mas não leva a lugar algum. Você pode entrar dentro dele com seus amigos, fazer preces, cantorias e emocionar-se. Garanto-te: não sairás do canto. Sem motor, vivente, automóvel nenhum é capaz de mover-se. “E desde quando justiça é sinônimo de cristianismo”, dirá um leitor mais afoito. Desde que um rapaz chamado Jesus Cristo resolveu ensinar sobre o amor, na longínqua Galileia. E quem ama o próximo, digníssimo leitor, não pode ficar cantarolando enquanto esse próximo é açoitado por delinquentes. O que vem ocorrendo no Brasil é uma afronta ao pensamento cristão. Políticos desavergonhados roubam o dinheiro do povo, oprimem a nação e matam o pobre como se este fosse um carrapato. E os púlpitos das igrejas ditas cristãs estão emudecidos, amordaçados e insensíveis ao clamor do pequeno. Se o teu pastor, teu pároco ou seja lá quem for teu líder religioso, não estiver pregando contra a injustiça praticada no país, saia correndo daí. Pule para fora desse carro desmotorizado. Ou teu líder não sabe o que é cristianismo ou é um conivente com a injustiça.



     Se te consideras um seguidor de Cristo, na certa já ouviste falar do sermão da montanha. “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça”, salientou o jovem nazareno. Vez por outra ligo a TV em canais de programação pretensamente cristã. Nem pastor nem padre grita contra a violência com que nossos políticos roubam o dinheiro que seria destinado à sociedade. E por que não o fazem? Porque foram cooptados pela elite política brasileira. Tem boas e raras exceções, ainda bem, mas são malvistas por seus superiores. Pastores e padres estão aliados com a classe política que cheira a peixe podre. E têm, tais sacerdotes, o mesmo fedor dos seus parceiros. Pastores presidentes de igrejas evangélicas aliam-se a prefeitos e governadores quando assumem a direção de suas instituições. A igreja católica, essa nem se fala. Desde a origem esteve atrelada aos governantes. Começou com o imperador romano Constantino e nunca perdeu a boquinha palaciana. É claro que muitos padres chegaram a se revoltar contra tal união. No Brasil, Dom Hélder Câmara foi, a meu ver, o maior exemplo de sacerdote católico que disse não a um governo opressor. Pelo menos na história moderna. O cearense Dom Hélder sentia as dores dos pobres nordestinos oprimidos pela seca dos anos setenta e por políticos que lucravam com a chamada “indústria da seca”. Identificado com os desprestigiados pela ditadura militar, foi enfático diante do comandante do IV Exército, general Justino Bastos: “Não acusemos de comunistas os que simplesmente têm fome e sede de justiça”. Afirmar isso onze dias depois do golpe de 64 era o mesmo que assinar a sentença de morte. O franzino arcebispo de Olinda foi estigmatizado de “Bispo Vermelho”. Ameaças de morte recebeu inúmeras. Não mudou o tom, denunciou as atrocidades cometidas pelos militares. Fez isso porque “A exemplo de Cristo tenho um amor especial pelos pobres, velando, sobretudo, pela pobreza envergonhada e tentando evitar que a pobreza resvale para a miséria”, afirmou certa vez.

     As igrejas, evangélicas e católicas brasileiras precisam de alguns Dom Hélder.

     O que temos são vendilhões comercializando a boa fé dos fieis. Um exemplo: no início deste ano, fui ao Rio Grande do Norte e tentei fazer uma matéria sobre as eleições para o pastorado da maior igreja evangélica daquele Estado, a Assembleia de Deus. Meu contato com alguns pastores da instituição foi de causar ânsias de vômito. Os caras mentiam desavergonhadamente para mim. O pleito era semelhante a uma eleição para governador. Tudo era negociado por debaixo dos panos. Fiquei enojado. A política na tal igreja não era diferente da política partidária tão odiada pelo povo. Logo chegaram às minhas mãos algumas fotografias mostrando o principal candidato na governadoria estadual. Na sala estavam, entre outros negociantes da fé, o presidente da Assembleia de Deus do Rio Grande do Norte e o presidente das Assembléias de Deus do Brasil. o que estavam fazendo? Uma aliança com a governadora, claro. O vencedor da disputa – era certa a vitoria do cara - costurava uma parceria. E você acha, meu querido, que aqueles homens vão clamar contra as injustiças praticadas pelos políticos? Não vão. Eles mentirão contra o cristianismo. Dirão nos púlpitos que não devem falar de política, que não devem questionar as autoridades. Mentira. Mentira. Eles escancaram os púlpitos para políticos nas eleições. Eles vendem os votos dos crentes. Quanto maior a igreja, mais assediada ela é por trambiqueiros disfarçados de homens públicos. E os pastores não têm a coragem de Dom Hélder. Estão a serviço de bandidos que matam o povo.

     No momento em que você está lendo este texto, pessoas estão morrendo nos hospitais públicos por falta de atendimento médico qualificado. Enquanto isso, políticos transam com prostitutas usando o dinheiro do erário. Usam drogas lícitas e ilícitas com recursos desviados da saúde. Viajam para a Europa. E não vejo os líderes religiosos pregando contra tal prática. São coniventes, sim. Eles também estão roubando, também estão matando o pobre. Não sentem fome e sede de justiça. Não amam ao próximo como a si mesmo. A roubalheira dos políticos era para estar sendo denunciada nos púlpitos das igrejas. O clamor por justiça era para estar se ouvindo nas igrejas de norte a sul do país. Não, não é o que está acontecendo. Líderes religiosos declararam apoio aos candidatos nas últimas eleições. Iriam agora falar mal de quem apoiaram?

     Caríssimo leitor, não existe cristianismo sem justiça social. Porque não há cristianismo sem amor. E justiça social é um ato de amor ao próximo. É o motor do carro. Fale de justiça, peça ao seu líder religioso para falar de justiça. Cobre dele uma postura firme contra a politicagem. Se ele não tiver coragem para tal, não banque o palhaço, desça do carro. Carro que não anda é como sal que não salga. Não tenho dúvidas que um ou outro metido a entendedor de bíblia dirá que “a justiça que Cristo fala tem conotação espiritual”. Nesse caso só me restará dizer ao herege: “Ah, vai lavar uma louça vai”.

6 comentários:

  1. Amém, irmão! Já ganhou, já ganhou!!!

    ResponderExcluir
  2. É isso mesmo irmão! Mas na verdade as igrejas oficiais, quer católica, ou evangélicas sempre estiveram ligadas ao Estado. Isso desde a época de Cristo onde os saduceus e fariseus eram subservientes a Roma.

    A Igreja Primitiva era uma benção, mas depois que se uniu a Constantino... virou trevas com todos esses itens que vc citou.
    Porém, a Igreja Real de Cristo sempre existiu com ou sem Constantinos, Estados, Governos controladores.
    E esta Igreja Real até nas igrejas oficiais tem influências na divulgação da Palavra, obras sociais, assistências etc.

    Hipócritas e falsos cristãos sempre existirão nas igrejas oficiais, mas sabemos que devemos olhar pra Cristo e sua Palavra, pois o joio já tem destino certo.
    O Cristianismo está de pé sobre a vida de Cristo e não sobre o desempenho de seus seguidores.

    Apesar da justiça de Cristo muitas vezes se manifestar na Terra, ele não disse naquela bem aventurança, que SEMPRE serão fartos hoje; nesta Terra, neste mundo, neste sistema. Mas finaliza depois: "Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão NOS CÉUS;... "

    Abraços!

    ResponderExcluir
  3. Experіenсed my Greensmoke еcig conceгnіng 4 weеks аgο now and possess
    nоt wеrе built with а real cіg or гoll-up ѕіnce, beforе i bought it
    i ԁiԁ sоmе investigatiοn on thе net to finԁ out which еcig was the
    best to get, very happy і асquired thiѕ one, came through the рubliѕh
    3 days when i oгdered thiѕ, took mе а
    few days to get utilized to the flaνor јust like it ԁoes if you've ever switched brand names of genuine cigs, my partner and i only received the small battery power one however it has never go out when i have needed it, i just charge it each morning and that's myself set
    for all day eνery dаy, і can't recommend it adequate, great small device.

    my website: green smokey eye

    ResponderExcluir
  4. What's up, for all time i used to check weblog posts here in the early hours in the morning, since i like to learn more and more.

    My website :: www.exploreforestpark.Com

    ResponderExcluir
  5. I love thе couρons thank you vеry much
    regarding offering them I muѕt suggest 1 too basically may

    Also visіt my wеb page ... green Smoke electronic cigarette review

    ResponderExcluir
  6. Hi, i think thаt i sаw you νisited my web site so i саmе to “rеtuгn the favor”.
    Ӏ'm attempting to find things to improve my site!I suppose its ok to use some of your ideas!!

    My blog: V2 Cig Review

    ResponderExcluir