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quinta-feira, 17 de março de 2011

Os Estados Unidos, nação Cristã?

     Você já ouviu, certamente, alguém dizer que os Estados Unidos é uma nação cristã. O presidente americano, sempre que encerra um discurso, solta um “Deus abençoe a América”. Essa prática vem dos tempos imemoriais, permita-me o exagero. Outro dia, escutei um religioso estufar o peito e declarar que “o Brasil é o maior país católico do mundo”. Ok, ok. Congratulation, norte-americanos; parabéns, brasileiros. Estendamos, pois, as felicitações a todos os países do novo mundo. O que te pergunto, paisano, é se você sabe como os países das três Américas foram colonizados. Uma ideia vaga, todos nós temos, não é? Ou você não se lembra – já tenho que me esforçar para lembrar - daquela pergunta idiota que todo professor de história fazia?

- Quem descobriu a América?

- Cristovão Colombo.

     Aí, não se dando por satisfeito, selava nossa ignorância:

- Em que ano?

- 1492.

     Um aluno mais inteligente, e sempre tem um desses, vestia-se de autoridade no assunto, e esnobava diante dos abobados:

- A bordo de três caravelas: Santa Maria, Pinta e Nina.

     Pe-la-mor-de-Deus, Deus, Deus, Deus, Deus. Criava-se ali, naquela sala de aula ridícula, o mito do estadunidense superior. Era como se apenas os habitantes do país de Obama fossem americanos. O resto, ora, o resto incorporou um complexo de vira-latas – conforme Nelson Rodrigues - e aceitou ser chamado de latino. E o danado do professor nunca me disse que Colombo atracou foi nas Bahamas, não em New York. Ah, se eu te pego, miserendo.

     Recomendo-te, pois, como diria um meritíssimo, a ler o livro Enterrem Meu Coração na Curva do Rio, de Dee Brow. São 380 páginas de aventura pelas terras indígenas que foram roubadas por um exército americano cruel e sanguinário, covarde e “protegido” por uma crença européia. Esqueça aqueles filmes de faroeste em que os índios queriam escalpelar os colonos mocinhos. Os coitados dos índios nem sabiam o que era tirar escalpo. Quem os ensinou foram os colonizadores.

     Veja esse trecho do livro:

Chivington ficou violentamente encolerizado e agitou seu punho perto do rosto do tenente Cramer. “Maldito seja qualquer homem que simpatize com os índios”, gritou. “Vim para matar índios e acho que é certo e honroso usar qualquer meio sob o céu do Senhor para matar índios.” (pg. 70)

     Chinvigton, meu nobre, era um Coronel, ex-pastor metodista que dedicara boa parte do seu tempo à organização de escolas dominicais nos campos de mineração.

     Nação cristã, os Estados Unidos? Quá, quá, quá. Leia o livro, leia. Depois me mande um email dizendo o que você achou. Ah, o The New York Times considerou a obra “original, memorável e comovedor… impossível de largar”. O The Washington Post foi mais longe: “Estarrecedor, arrasante... Nos perguntamos, ao ler este livro emocionante: quem, na verdade, eram os selvagens?
    
     Ei, esse livro não é de ficção, diga-se de passagem.

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