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segunda-feira, 1 de novembro de 2010

É preciso conhecer para se impor

          Quando Zobaida desceu do caminhão, os moradores da área já estavam aguardado-a. O interessante foi ver Jipão, menor do que a moral do petista José Dirceu, correr atrás da novata. E esta, senhoras e senhores, sem saber ainda onde estava, nem o grau de periculosidade da singela Jipão, pôs-se em fuga. Depois de mais de 500 quilômetros de viagem, afastada dos pais, dos irmãos e de tudo quanto é parente, Zobaida estava visivelmente desnorteada. A fome não impedia que ela abaixasse, vez em quando, a cabeça e se alimentasse. Até agora não sei se Jipão agia motivada por um espírito arengueiro – daquele que povoou as cabeças dos dois candidatos a presidência do Brasil -, ou se tudo não passava de mera curiosidade. Digo isso porque até o coronel Gerineldo saiu ao encalço de Zobaida. Logo ele, um pacifista que de belicoso só tem o título militar. Se era por curiosidade ou não, Zobaida não pretendia descobrir, e galopou.

          Enquanto corria, Zobaida foi descobrindo cada canto do novo lar. E quando viu que os moradores marchavam em direção a um platô no centro da propriedade, seguiu-os. Comida especial de boas vindas aos três noviços. É que Zobaida não viera sozinha. Estava acompanhada de mais duas criaturas. Um macho e uma fêmea mais novos do que ela. Só aí que a ruminante pôde perceber a hierarquia do pedaço. Pirata ficou o tempo todo com o melhor lugar na mesa. Mel, essa parecia ser do segundo escalão. Jipão e Gerineldo, tadinho deles, ficaram por fora, feito pensamento de preso. Zobaida não teve dúvidas: - Aonde já se viu! Eu, nascida no lixo, vou perder pra saco sujo! - E tratou de tascar as guampas nos dois. Depois enfrentou a Mel. Não se deu lá tão bem, mas para quem acabara de chegar, foi um bom começo. Com o Pirata ela não teria chance, mas em pouco tempo não precisaria fugir da presença dele, imaginou.

          E eu, enquanto distribuía a ração, fiquei prestando atenção no comportamento dos animais. Parece que eles imitam o homem. Os seria o contrário? Ou será, ainda, que não se trata de imitar, apenas de um modo de agir próprio dos animais?

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