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sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Receita Federal e as eleições presidenciais

          Quem nasceu primeiro, ovo ou a galinha? Se você é criacionista não pensará duas vezes antes de responder que foi, claro, a galinha. Por outro lado, se és evolucionista queimarás algumas pestanas até dar um parecer. A verdade é que a pergunta costuma ser repetida quando surge um assunto polêmico. E ele apareceu, nos últimos dias, na figura da quebra de sigilo fiscal da filha do candidato tucano José Serra. A pergunta que não quer calar, como diriam os provocadores, é: O PT fez o esquema ou foi o PSDB quem armou para tentar reverter a queda livre da revoada comandada por Serra? Para saber a resposta é só raciocinar:
Primeiro, é um jogo sujo.
Segundo, para usar de tais baixezas tem que ser bandido diplomado. 
Terceiro, há de se ter muita cara de pau. E bota muita nisso.
Quarto, é se achar acima da lei, portanto, inatingível.

          Contra o PT os adversários podem alegar que o partido dos trabalhadores quis garantir a vitória a todo preço. Para isso sujou as mãos. Buscou fatos que poderiam usar durante a disputa, caso percebesse o risco da derrota. Para quem acha difícil é só lembrar do caso Watergate. Nixon tinha larga vantagem sobre a oposição. Mesmo assim jogou sujo. Foi caçado e entrou para história como o presidente americano envolvido no maior escândalo de espionagem política dos yanques. Talvez até, do mundo. Pesa também contra o partido os crimes cometidos por alguns dos seus principais expoentes. Quem não se lembra do Mensalão?  Pesa também as alianças feitas pelo PT. O partido é unha e carne com os Sarney, por exemplo. Opa, tem urubu sobrevoando os céus petistas. Assim sendo, cara de pau de acima da lei tem um monte nesse pacote. Bandido diplomado, então!

          E contra os Tucanos? O argumento mais óbvio é o da derrota iminente. Os governistas entendem que esse é o último suspiro antes da morte. Para os caçadores de plantão, os pássaros do bico grande perderam a capacidade de voar. Não tem força nas asas e passaram a gritar como galinhas de angolas. É perfeitamente cabível que o desespero possa levar alguém a cometer tal ato de insanidade. Hora, hora, meus senhores, certos políticos são capazes de vender a mãe. A mãe deles, diga-se de passagem, porque as mães do povo eles vendem todos os dias. Acho difícil acreditar que o PSDB tenha usado de tal artimanha para tentar evitar a derrota nas urnas – derrota que, ao meu ver, nem a Rede Globo pode evitar. Mas quando lembro que FHC e a tucanada vendeu o Brasil... Vais dizer que não lembras das privatizações?! Para quem vende o país, o que é vender a família? Pesa, ainda, contra o partido, as múltiplas CPIs que foram abafadas.

          No final das contas, o que existem são conjecturas. Por mais que raciocinemos, ficamos quase na mesma. Venhamos e convenhamos: cara de pau, bandido diplomado, sujo e acima da lei tem nos dois lados da trincheira. Lembro do poeta Gregório de Matos, o Boca do inferno, quando retratou a Bahia. O leitor, ou a leitora, pode até trocar “Bahia” por “Brasil”.

“De dous ff se compõe
esta cidade a meu ver,
um furtar, outro foder.

Se de dous ff composta
está a nossa Bahia,
errada a ortografia
a grande dano está posta:
eu quero fazer aposta,
e quero um tostão perder,
que isso a há de perverter,
se o furtar e o foder bem
não são os ff que tem
Esta cidade a meu ver.”

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