Utilização do conteúdo

Autorizo o uso do material aqui produzido, desde que seja dado crédito ao autor e não tenha uso comercial

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Nacirema

E aí, beleza?


Sexta é dia de poesia, então, senta que lá vai ela.

Só uma dica: você pode começar de trás pra frente, se quiser.





Nacirema

Somos todos Nacirema, pai, filho, mãe e irmão
Somos todos muito estranhos, uma raça, uma cor, uma nação
Somos todos fotocópias num colorido fugaz
Somos todos em branco e preto, um filme anoso demais.

Nosso corpo é nosso tudo
Nosso externo o conteúdo
Nossa face é nosso ouro
Nossa aparência um tesouro.

Ao acordar nos ajoelhamos diante de um altar
E oferecemos presentes ao deus que dentro de nós há
Acreditamos piamente que a casca é a essência do ovo
E que na beleza consiste a grandeza de um povo.

Acho que, talvez, por isso repudiamos o ET
Pintamo-lo num ser quasímodo que até dá receio ver
Em nossa aldeia narcisa o esquisito está banido
E vivemos como se fosse-mos o único burgo escolhido.

Um olho mais perspicaz verá por entre as brumas da estética
Que o robô vale muito na cultura cibernética
Um quadril e dois seios grandes fazem a mulher ideal
Mas isso, digo de certo, é uma verdade cultural.

Alteridade, etnia e endoculturação
Comportamento desviante, interetnicidade e lógica de uma nação
Determinismo biológico, relativismo cultural e outros mais
São conceitos antropológicos que precisamos aprender e não esquecer mais.

PS: Nacirema é American, ao contrário.

2 comentários:

  1. Bacana a brincadeira com a palavra Nacirema/american.
    Parabéns pelo blog, instigante, dinâmico e acolhedor.
    Abraços!

    ResponderExcluir
  2. Ok, juro que lembrei-me muito das minhas aulas de antropologia.

    O texto Nacirema foi muito marcante pra mim e está retratado de forma leve no poema.

    Valeu a pena!

    Abraços!

    ResponderExcluir