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sexta-feira, 13 de novembro de 2009

O desejo, o deserto

E aí, beleza? Hoje é sexta-feira e um pouco de poesia pode iluminar nosso finde.

O desejo, o deserto

O desejo tem desertos que o próprio deserto não deseja
O desejo tem desejos que o próprio desejo não deseja
O deserto tem desejos que o próprio desejo não deserta
O deserto tem desertos que o próprio deserto não deseja

O desejo é um deserto desejado por inteiro
Uma confluência de dunas a se espraiar na alma etérea
Consumindo o mortal em chamas, sugando as suas artérias
Buscando o inacessível, amando o traiçoeiro

O desejo busca algo e o acompanha de perto
Nos desterritorializa em busca de sua concupiscência
Esvazia-nos de súbito, nos prestigia em demência
Fica sublime, faceiro, quando percebe o deserto

O desejo se completa em sua essência nativa
quando encontra as quentes terras do deserto interior
É um exílio pra alma e ao mesmo tempo um fulgor
É o mais carnal traço humano a realçar na areia viva

O desejo é um lugar além de todas as glórias
É um agente de ruptura reescrevendo o roteiro
É um rasgar de consciência, um sacrificar o cordeiro
É um somatório de buscas descartando as mais simplórias

O desejo desnorteia o planejado pensamento
Desmistifica o ordeiro, desarticula o contumaz
Desnorteia a ordem imposta, é um quebra rito voraz
Nos conduz aonde o olhar nunca teve conhecimento

O desejo é um deserto a ser desertificado
O deserto é um desejo que está sendo desejado
O desejo, deserdado é um ser desertificado
O desejo é um deserto, um deserto desejado

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