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sexta-feira, 4 de junho de 2010

Câncer de mama não escolhe sexo


         Está enganado quem pensa que câncer de mama é coisa de mulher. Era assim, entretanto, que pensava Sandro José da Rosa, 38 anos. Morando no Campeche, bairro praiano de Florianópolis, e trabalhando de serralheiro, ele levava a vida entre as ferragens e a música. Isso porque Sandro também é músico e embalava as missas na paróquia do local onde mora. Até que em setembro de 2008 um pequeno nódulo na mama direita começou a sangrar. “Eu tinha pego um serviço pesadíssimo e acho que acabei fazendo muita força”, relembra. Daí para o hospital foi rápido. Exames feitos, veio o diagnóstico: ginecomastia – crescimento das mamas, geralmente causado por disfunção hormonal. Um ano depois foi feita a cirurgia e notou-se o erro. O médico pediu uma biópsia e constatou o câncer. Nova cirurgia para retirada do tumor e uma sequencia de seis quimioterapias. A última foi no dia dezoito de maio deste ano.



         Ainda existe muito desconhecimento da população brasileira sobre o câncer. Quando se fala em câncer de mama pesa-se logo em mulheres. Tanto é que Sandro teve que ser atendido, operado e tratado em uma maternidade. Esse fato acabou provocando cenas, no mínimo, engraçadas. “Quando fui marcar a momografia para ele, o atendente perguntou se ele era homossexual ou tomava anabolizantes. Quando eu disse que era esposa dele o moço ficou todo envergonhado”, contou rindo, Ione Rosa. “Sempre que eu visitava o Sandro na maternidade as pessoas olhavam curiosas. Imagine, eu arrumada e ele de pijama. Nos primeiros dias alguns enfermeiros achavam que eu era quem estava na maternidade. Aí pensavam que meu marido era um folgado. ‘Vem de pijama visitar a mulher’, diziam”, recordou Ione.
      
          Sandro está afastado do trabalho. Fará novos exames para saber o resultado do tratamento. Enquanto isso aproveita para curtir os filhos Gabriel e Jhonata, de sete e doze anos. “Meu lazer é jogar videogame”, brinca o serralheiro. Ele evita sair de casa devido, principalmente, a baixa imunidade que o tratamento provoca. “Também não gosto de sair para não ter que mentir. As pessoas chegam e perguntam: ‘tá tudo bem, Sandro?’ Aí eu sou obrigado a mentir. Digo que tá. Mas como pode tá bem, se tou com câncer”? Desabafa. Sandro perdeu os cabelos, mas não perdeu o humor. Durante toda nossa conversa ele se manteve sorridente. Esse estado de espírito tem sido fundamental para o sucesso do tratamento, uma vez que o psicológico dos pacientes é muito afetado.
         Enquanto conversávamos, Sandro arriscou umas musicas na bateria. Aproveitei a oportunidade para acompanhá-lo no violão. A entrevista acabou em festa.

         O problema de Sandro poderia ter sido amenizado se a presença do nódulo maligno tivesse sido diagnosticada anteriormente. Por isso, a Associação Brasileira de Portadores de Câncer (AMUCC), junto com a American Cancer Society e a Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis, desenvolve o projeto de detecção precoce do câncer, intitulado Projeto de Punção por Agulha Grossa, nas unidades de saúde da Capital. Esse método agiliza o diagnóstico de câncer maligno, possibilitando os encaminhamentos necessários em menor tempo e tratamentos menos agressivos. Assim, as pessoas que suspeitam portar câncer têm a oportunidade de ter um diagnostico mais rápido e preciso. Além de prestar esse auxílio, a AMUCC atua para defender e garantir os direitos aos portadores de câncer e também contribuir para a implementação de novas políticas públicas que atendam as necessidades atuais e futuras da população.


Mais informações:
- Sandro José da Rocha. Telefone: (48) 3237-9109 / 8403-7949
- Leoni Margaria Simm (Presidente da AMUCC). Telefone: (48) 3025-7185
- Dra. Senen Hauff (Oncologista do CEPON) Telefone: (48) 3331-1473 ou 9982 8619

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