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quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Aprendendo a falar pornofonês

          Ontem me perguntaram se eu havia jogado na mega sena. Hoje cedo me perguntaram, outra pessoa, diga-se de passagem, se eu era o ganhador da bolada de mais de cem milhões de reais. Convictamente informei que não tinha jogado porque não queria ter ganhado a montanha de dinheiro. O cidadão achou que eu estava brincando e tive que lhe explicar que muito dinheiro de uma vez só não me faria bem, pelo contrário, traría-me sérios problemas. O rapaz até concordou comigo, depois de alguns questionamentos. Quando disse-lhe que, porém, sentia inveja de Vargas Llosa, ele ficou sem entender. Primeiro o camarada não tinha nem ideia de quem era Llosa. Segundo não entendia como um anônimo podia causar tal sentimento em alguém. Expliquei ao cego que Vargas Llosa é um escritor peruano ganhador do prêmio Nobel de literatura de 2010. Contei que o resultado do prêmio saiu hoje às oito horas da manhã – horário de Brasília. Ele pareceu atordoado com minha suposta inveja.


          É verdade, simpatia, Jorge Mario Pedro Vargas Llosa, 74 anos, é apenas o sexto escritor latino americano a ganhar o cobiçado prêmio. Quem me dera ser apenas um rapaz latino americano com um Nobel de literatura no bolso. Juro por Deus, não trocaria nunca por uma mega sena. Até porque o Nobel traz, em seu bojo de benefícios diretos, mais de um milhão de dólares como prêmio. Dinheiro a parte, deve ser inexplicável a sensação de ganhar o prêmio concedido pela academia sueca. O Brasil não tem nenhum vencedor. O Chile tem dois. O ex-presidente José Sarney está tentando. Ana Maria Braga também. Escritores, os tais. Depois que Tiririca foi eleito deputado federal, acho que estamos em acelerada marcha ré. Depois que o STF cassou a obrigatoriedade do diploma em jornalismo para o exercício da profissão, conviveremos ainda mais com mutiladores do idioma que consagrou Camões.

Como canta Flávio José,

Um país que perdeu a identidade


Sepultou o idioma português


Aprendeu a falar pornofonês


Aderindo à global vulgaridade.

É, camarada, fica difícil fazer um Nobel.

O pior cego é o que não quer ler.

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