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quarta-feira, 20 de outubro de 2010

O internauta e o flamenguista

         O que têm em comum o militante político de internet e o flamenguista fanático do meu prédio? Primeiro: nenhum dos dois tem marido. Segundo: são felizes. Terceiro: são portadores de um solitário neurônio. Gente do céu, plena quarta feira, quase meia noite, ouço gritos alucinantes vindo de uma sacada no edifício onde moro. O sujeito berra como se tivesse ganhado na mega sena, ou como se acabara de encontrar  o homem  ideal. “Mengoo, mengo, mengo”. É um desespero total. Torço, e como torço, para o desgraçado do “mengo” não balançar as redes do adversário, seja lá quem esse for. O rapaz, e pela voz sei que se trata de uma pessoa jovem, não tem marido. Se tivesse já teria perdido o vício de bradar “mengo, mengo, mengo”. Torço para que ele encontre o homem de sua vida na próxima parada da diversidade de Florianópolis. O cara, entretanto é feliz. E a felicidade, nesse caso, é derivada da ignorância. Dane-se o mundo, São Pedro perca a chaves do céu, o importante é que o Flamengo faça gol. Pergunte ao gritador, caso você o conheça, quem proclamou a república e ele dirá, tenho certeza: Pedro Álvares Cabral. É fácil ser feliz quando se é desconhecedor da verdade que nos rodeia. Sabendo disso, fica claro concluir a solidão do neurônio que habita o cérebro do meu vizinho alarmado. Alguma coisa poderia ser pior do que ouvir tantos berros? O pior é que sim.


         Todos os dias ao abrir minha caixa de email, deparo-me com algumas mensagens politiqueiras. “Serra é um filho da P. Dilma é uma P. Serra vai governar para a elite, Dilma vai legalizar a corrupção”. Simpatia, no primeiro turno das eleições, teve as disputas para governador, deputado e senador, e alguns colegas meus trabalharam como assessores de comunicação. Aí eu recebia os emails por uma questão de solidariedade aos jornalistas. Agora, no entanto, a coisa passou dos limites. Tem internauta que não tem marido. Tem um camarada – e não vou dizer o nome para não perder a amizade – que me manda no mínimo três emails por dia. Sinto até saudades do flamenguista doente. Definitivamente o meu amigo não tem marido. E sinto, juro por deus, que os boateiros da rede são felizes. Assim como o flamenguista, são frutos da mais pura e brasiliana ignorância. Eles não sabem a forma de governo do Brasil. Sei disso porque eles costumam falar dos candidatos como se estes fossem candidatos a rei, ou a primeiro ministro. “Serra vai acabar com a menstruação obrigatória, Dilma banirá os votos de pobreza de certas classes sacerdotais”. Que absurdo, paisano. Se você é daqueles que me envia email politiqueiro, pare, por favor. Deixe-me dormir em paz.Tem mensagens que é puro terrorismo. Chega a ser nausenate lê-las. Ora, ora, o sujeito gastar o tempo enviando lixo eletrônico para minha caixa. Vai caçar um marido, boca aberta. Tomara que já passe esse segundo turno. Melhor seria se o “mengo” fosse para a série C do brasileiro. Seria o céu. Se bem que para o céu eu não pretendo viajar agora.

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