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terça-feira, 26 de outubro de 2010

O palhço não pode chorar

          É, simpatia, Tiririca está na berlinda. Estão querendo impedir o palhaço de assumir uma cadeira na câmara dos deputados. Aí já seria uma palhaçada. Onde já se viu o cara receber mais de um milhão e trezentos mil votos e não poder atender o anseio de quem o elegeu? “Mas ele é analfabeto!”, exaltar-se-á um afoito. “É ridículo ter um palhaço como deputado federal”, berrará um corno. Sim, paisano, só tendo muita guampa no coco para vomitar tanta besteira. O humorista Francisco Everardo Oliveira Silva ganhou com méritos. Deu a cara à tapa, como diria o mais antigo. Botou o braço na seringa, como diria o profissional de saúde. Botou alguma coisa na reta, como diria o mais desaforado. Escrevi “alguma coisa” para não deixar vermelha uma pudica leitora. Mas se você é um leitor traquina, pode substituir o “alguma coisa” por aquela coisa que está pensando.

          O jornal Folha de São Paulo de hoje informa que Tiririca pode até ser punido, mas não será impedido de assumir o cargo que lhe foi confiado pelos eleitores do mais rico Estado do nosso Brasil varonil. Sei que você, meu chapa, em algum momento dessas eleições, brincou com a candidatura do palhaço cearense. Ouso, entretanto, te perguntar: e com os palhaços nos quais você votou, fez alguma piada? E os vários – e bota vários nisso – ladrões profissionais que mais uma vez foram eleitos, o que você fez para desacreditá-los perante a sociedade? Eu, sinceramente, tenho vergonha de criticar Tiririca. Pois não fiz uma corrente – daquelas chatíssimas que se fazem com Power Point e enchem de vírus nossos computadores – contra os marginais, cheradores de pó, traficantes, sonegadores, assassinos, mentirosos e demais desordeiros que concorreram, e foram eleitos, nessa eleição. Que moral eu tenho para entristecer Tiririca?

          Por último eu quero dizer que o responsável pelo circo verde e amarelo chama-se República. É por isso que Deodoro da Fonseca não queria a República no Brasil. Sim, porque o marechal intentava tão somente substituir o gabinete imperial, no fim do século XIX. Ele sabia que, à época nossa pátria não suportaria uma República. Em uma carta que escreveu ao sobrinho que cursava a escola militar no Rio Grande do Sul, em setembro de 1888, Deodoro afirmou: “ República no Brasil é desgraça completa – É a mesma coisa”. Para o marechal, um país carecia de gente educada e dada ao respeito, para fazer uma República funcionar corretamente. O leitor mais atento perguntará: “Mas não foi Deodoro quem proclamou a República?”. Nesse caso, veja como começou nossa República. Salve, Tiririca.

 
PS: A afirmação de Deodoro pode ser encontrada na página 37 do livro Soldados da Pátria - História do Exército Brasileiro 1889-1937 -, do autor Frank D. McCann, publicado em 2007 pela Companhia das Letras.São 700 páginas indispensáveis a quem tem interesse de saber a verdadeira história do Brasil.

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