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domingo, 6 de dezembro de 2009

Brasileirão 2009

         Um show de horror! O campeonato brasileiro teve o desfecho condizente com o que ele é. Não falo sobre o título do Flamengo, sobre isso eu escrevi no final da penúltima rodada, quando o clube carioca venceu o Corinthians em São Paulo. O Grêmio já cantara o resultado do jogo que faria no Maracanã. Portanto, um campeonato feito por pessoas que não são sérias terminou em uma batalha campal, essa sim, seriíssima. Na capital paranaense o Coritiba enfrentou o Fluminense tentando escapar do rebaixamento para a segunda divisão. Não conseguiu e a torcida apelou para a violência.


          Dezenas de torcedores do Coxa invadiram o campo de jogo e passaram a agredir quem viam pela frente. O policiamento era pequeno, talvez achando que a torcida entenderia um possível resultado desfavorável. Tivessem me ligado e eu teria dito que a partida era de risco e seria preciso de um grande contingente policial. Havia grande chance de o Fluminense vencer, era perfeitamente possível. E você nunca pode esperar que um torcedor seja racional. Calma, não estou advogando a favor dos torcedores. O que acontece é que o torcedor é apaixonado, e não podemos esperar razão onde a paixão reina.

         É, no mínimo, inocência achar que o torcedor vai compreender um rebaixamento para a segunda divisão. E as imagens do estádio Couto Pereira comprovam isso. Revoltados paranaenses transformavam em arma de guerra tudo que encontravam pela frente. As cenas eram chocantes. Um pequeno grupo de policiais tentava se proteger como podia no meio do campo. Jovens delinqüentes atacavam sem piedade. Digo delinqüentes porque eram, de fato. Baderneiros inconseqüentes que não respeitam a autoridade, que não têm limites para seus arroubos coléricos. Bárbaros que, acostumados a gritar o pai e a mãe, se acham no direito de agredir qualquer um que contrarie seus interesses. Você pode me perguntar, mas o que a polícia fez contra eles? Aí é que está, eles não tem sobriedade para distinguir entre amigos e inimigos. Lembra do que se dizia, jocosamente, aos índios? “Amigo, amigo”. É preciso esclarecer para esses marginais que a lei não é, necessariamente, uma inimiga.

          E vejam que a barbárie não ocorreu no sertão piauiense. Tivesse sido e apareceria um imbecil para explicar que a ignorância do povo, atrelada à pobreza, teria sido a causa das agressões. Nada disso, o entrevero foi na capital paranaense. Uma cidade modelo. Em determinado momento um policial foi atingido na cabeça e desmaiou. Os companheiros o carregaram numa cena insólita, onde a Polícia Militar foi aviltada em praça pública. O combate só teve fim quando a PM passou a dar tiros contra a multidão. E olha que vai aparecer gente criticando a polícia. Tinha que ter usado a força logo no início. Meu querido, contra marginal não adianta querer bancar o bonzinho. Não permitiram que os torcedores cariocas festejassem a conquista. Faltou civilidade, faltou educação, sobrou violência.

          E o custo para o estado? Isso mesmo, o custo! O deslocamento de policiais, a utilização de helicópteros, as equipes médicas, o material hospitalar e tudo mais que o estado teve que disponibilizar? É muito dinheiro para ser jogado fora por causa de uma porcaria de um jogo de futebol. Enquanto isso os dirigentes e empresários enchem o bolso. Quem ganha com o futebol precisa arcar com as conseqüências do esporte. Porque só o estado tem que pagar a conta? E outra coisa, chega de dizer que o futebol é uma diversão para o povo. Que nada, é uma enrolação para anestesiar os incautos enquanto alguns desavergonhados se locupletam. Acho até que o governador do Distrito Federal, que não vale nem a pena dizer o nome, ficou felicíssimo com o título do Flamengo. Assim a imprensa vai focar suas matérias no time do coração do presidente da CBF e deixará a corrupção em Brasília em segundo plano.

          Karl Marx chegou a dizer que a religião era o ópio do povo. Fosse ele vivo e teria reformulado a frase. Claro, vendo como as pessoas encaram o futebol ele não titubearia em dizer: “o futebol, esse sim, é o ópio do povo”. Não costumo escrever aos domingos, mas hoje não poderia deixar de manifestar o meu repúdio ao que presenciei através da televisão.   O futebol não pode continuar servindo aos inescrupulosos de plantão.

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