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sábado, 12 de dezembro de 2009

Mário Cavalazzi, o matemático

  R$ 2.000.000,00 daria para comprar todo o estoque de panetones do governador do Distrito Federal



          Levei minha vida toda para descobrir que 43 é, aproximadamente, 60. Claro, vou processar todos os meus professores de matemática. Desde o primário. Todos. Não vou livrar a pele nem da “Tia Toinha”, minha professora da primeira série, no século passado. Eu estava assistindo ao debate (leia-se bate-boca) promovido pela TV COM entre o secretário de turismo da Prefeitura de Florianópolis, Mário Cavalazzi, e o vereador João Amim. O mediador da baixaria era Renato Igor, que educadamente tentou, mas sem sucesso, evitar que o ilustre secretário agredisse verbalmente o vereador.

          O motivo do “debate” foi a famigerada árvore de natal da Avenida Beira-Mar Norte. Depois que o ministério público resolveu fuçar o processo de contratação feito pela prefeitura da capital a podridão veio à tona. O negócio foi superfaturado. De acordo com o MP o custo do serviço não deveria ter ultrapassado R$ 1.700.000,00, mas a prefeitura, bondosamente, achou que deveria desembolsar R$ 3.700.000,00. Uma  diferença que daria para comprar todo o estoque de panetones do governador do Distrito Federal. Pois bem, o vereador pagou para que um topógrafo fosse até a árvore e medisse a altura da abençoada. 42,98m. Ou seja, além de tudo a árvore não tinha a altura que constava no contrato assinado entre a Prefeitura e a empresa executante.

          Durante a discussão o secretário do prefeito tentou, de todas as formas, justificar o famoso “batom na cueca”. Tudo bem, o cara é pago pra isso. Pelo menos foi o que pareceu. Todavia, em determinado momento eu me senti o mais ignorante dos conhecedores da ciência que consagrou Platão. Quando o vereador disse que a altura da árvore estava errada o secretário desceu do salto. Mentira, nem salto ele tinha. O homem sacou da algibeira umas quatro folhas de papel, que disse ser um contrato, e vociferou: “aqui diz que a árvore deveria ter aproximadamente 60 metros". Que tacada genial! Calou a boca do jovem vereador, bem como a do jornalista da RBS. Juro por Deus, quase caí da cadeira! O que significa aproximadamente?


          Desde a mais tenra idade me ensinaram que aproximadamente 60 era, 57, 59 ou 61. Aí me vem um secretário de turismo dizer que 43 é, aproximadamente, 60!? Corri para o “Pai Google”, não poderia dormir com essa dúvida. Afinal de contas se o briguento estivesse correto eu processaria todos os meus ex-professores de matemática, conforme já falei. Ledo engano, o Cavalazzi estava errado. No entanto fiquei pensativo. Quer dizer que nem o jornalista, nem o vereador sabiam o que significa: aproximadamente? Poderiam ter colocado o mensageiro do prefeito no lugar onde merecia estar. Por outro lado gostaria que o “Einstein” do turismo de Florianópolis estivesse certo. Já pensou: eu teria no meu bolso, aproximadamente R$ 1.000.000,00! Na verdade eu tinha R$ 100,00.


          Moral: quando a Prefeitura de Florianópolis divulgar os números de alguma coisa é bom questionar. Durante o debate eu fiquei com a nítida sensação de que a prefeitura precisa, urgente, contratar um professor de matemática. Ah, um de boas maneiras também. Um de ética, óbvio. O Sheid, meu cachorro, disse que aceita fazer um bico como “orientador espiritual” na prefeitura. Tratei de desestimulá-lo. Fui curto e grosso: "desde quando você tem espírito de porco"?

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