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segunda-feira, 8 de março de 2010

Uma toalha, pelo amor de Deus!

          Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, vou relatar o diálogo que ouvi hoje cedo. Na verdade eu peguei o bonde no meio do caminho e o que escutei foi:

- Essas empregadas são folgadas.

- Ah, são. Eu não agüento mais a minha.
 
- Eu não dou moleza, não. E a senhora tem que entender que a sua relação com ela tem que ser a de patrão e empregado. Nada de intimidades. A senhora paga e ela trabalha; é assim que tem que ser.

- Pois é. Veja só o que a minha anda fazendo: eu tenho umas toalhas lá em casa que são novas. Pois ela toma banho e se enxuga com elas. Ora, nem eu, que sou dona, uso, ela vai usar! É um desaforo.
 
- Faça o seguinte, cada vez que ela usar uma toalha nova a senhora manda ela levar pra casa e cobre dela uma toalha nova. Quero ver se ela vai fazer outra vez. Eu fiz isso. A minha empregada abria uma lata de pêssego e comia, parecia que estava na casa dela. Aí eu falei pra ela: antes de você comer alguma coisa, na minha casa, verifique o valor na etiqueta que eu vou cobrar. E cobrei! Nunca mais ela fez isso. Faça o mesmo.
 
- Só se eu fizer isso.
 
- Não dê moleza não.

          Nesse momento acabou minha seção de fisioterapia e tive que me retirar da sala. A dona das toalhas, que não as usava, não tinha menos que setenta anos. A conselheira beirava os quarenta e cinco. Fiquei com vontade de perguntar se elas pagavam todos os direitos que as “empregadas” tinham. Estava curioso para saber se as “mucamas” recebiam hora extra e outros benefícios. Mas, como hoje é o dia da mulher, fiquei bem quietinho. As escravas que me desculpem a covardia. agora, cá pra nós: quase oitenta anos e ainda guardando toalhas! Eu também teria usado, uma por uma. Prá lá, jacaré. Vai querer levar as toalhas pro inferno? Lá só tem fogo, os panos queimarão em um segundinho.

3 comentários:

  1. Boa noite meu caro. Gostei muito de sua crônica, vou mais além, sua crônica é digna de um prêmio, pois as domésticas são vistas, assim como você mesmo relatou, mucamas, mas devem ser respeitadas e tratadas por nós com extremo respeito.

    Abraços,

    Vanderley Melo
    Grajauense e seu vaqueiro.

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  2. Agradeço pelo elogio.
    Forte abraço, Vanderley.

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  3. Essa crônica foi ótima, "prá lá jacaré" rsrs. Mas... que triste, essa é uma de nossas realidades.

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