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quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Leitura para nobres

          Tiririca voltou à tona. Deve estar adorando. Venhamos e convenhamos, estar na mídia é tudo o que um político quer. A imprensa está para o eleito como o palco está para o palhaço. É ali que ele deita e rola; literalmente. Tiririca, além de palhaço, foi elegido pelo povo a deputado. E se foi pelo povo, ganhou nas urnas, voto direto. Verdade seja dita: nem quando se apresentava em “horário povo” da Record ele foi tão visto. Chamo de horário povo o que muitos denominam horário nobre. Cá entre nós, esse papo de nobreza é coisa de 1808. Pelo menos para a gente, republicanos desde 1889. Se bem que tem um monte de abobados que adoram falar em nobreza. Horário nobre, bairro nobre e até atitude nobre. Já percebeu, simpatia, como muitas vezes elogiamos uma boa ação: “Fulano teve uma atitude muito nobre”. É como se educação fosse coisa palaciana. Hummm.

          Há quem concorde com a ideia do marechal Deodoro da Fonseca de que “República no Brasil é desgraça completa”. Para o proclamador da república, por increça que parível, a nação canarinho precisava de educação para sair do imperialismo para a república. Conheço centenas de pessoas, colegas minhas, que pensam da mesma maneira. Calma, calma, não estou dizendo que sou contra nem a favor. Sei que precisamos de educação. Sou favorável às instituições de ensino superior. Tanto sou que até hoje fico indignado com o STF por ter desobrigado o diploma para quem quiser exercer a função de jornalista. Só não entendo esses meus colegas porque eles brigam pela democracia republicana e fazem propaganda monárquica. Ou chamar de nobre tudo que é bom não é uma maneira de exaltação a monarquia?

          O fato é que Tiririca voltou. E vem um camarada dizer que o cearense sabe ler, mas não é capaz de entender um texto. Caro amigo, caríssima amiga, quantos dos nossos políticos são capazes de compreender um texto? Dá um Saramago para cada parlamentar ler e dois dias depois faz um debate para ver o que eles apreenderam da obra! Ora bolas, se os requisitos para se candidatar é saber ler, ter dinheiro para comprar votos e cara de pau para mentir, nossos homens públicos – salvo raras exceções – os cumprem. Não importa se sabe ler um carta infantil ou um Pablo Neruda; não importa se a origem do dinheiro é lícita ou enlameada; não importa se a mentira é verossímil ou deslavada. O que vale é se eleger, não importa como e nem quem. O povo que se dane. Ah, nobreza útil, ah, nobreza inútil.

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