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quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

A raposa, a sacanagem e o lobo

          Pode me chamar de grosso, pode me chamar de babaca e até de idiota, como já fizeram alguns anônimos, mas não me chame de ignorante, porque um leitor contumaz não merece tal pecha. E desde minha mais tenra idade entendi o que significava a expressão “raposa cuidando do galinheiro”. Não precisei ler A Divina Comédia, de Dante Alighieri. Muito menos A República de Platão. Pornopolítica, de Arnaldo Jabor, nem sonhava em ser publicado. A palavra sacanagem ainda era considerada um palavrão e indigna de ser pronunciada por gente de bem. Os artistas da banda baiana Leva Nóiz talvez nem fossem nascidos; nesse caso, o hit “a sacanagem é comigo, é comigo mesmo”, com suas duas notas musicais – sol menor e ré – não embalava os festeiros da boa terra. Uma coisa é certa, o governador eleito de Santa Catarina, Raimundo Colombo, já “sartava” nesse mundo de meu Deus. Só não sei se, como eu, ele conhecia a famosa frase. Explico.

          Na última segunda-feira, o eleito divulgou alguns nomes que comporão seu governo. Entre eles, um chamou-me atenção. Trata-se de Dalmo Claro de Oliveira, presidente da Federação das Unimeds de Santa Catarina desde 1999. Dalmo será o secretário de saúde do Estado natal de Guga. E eu pergunto: “Colombo, meu filho, o que é isso?”. Ora, ora, paisano, a Unimed é uma empresa. O objetivo de uma empresa é o lucro. E como ela obtém o tal lucro? Aumentando o seu quadro de associados, lógico. Pensando bem, Colombo tem razão. Dalmo poderá, com o mínimo de esforço, resolver o problema da saúde de Santa Catarina. Já imaginou, simpatia, o povo adquire plano de saúde da Unimed e desafoga os hospitais públicos. Fantástica solução, Colombo. Mesmo assim, para muitos, isso não passa de uma manifestação clara da sabedoria popular: “É a raposa cuidando do galinheiro”, advertiu um amigo meu profissional de saúde.

          Teve uma amiga minha que me perguntou: “E se o Dalmo entregar o cargo na Unimed?”. Aí eu acho que o ditado popular vai mudar para “lobo em pele de cordeiro”. É mole ou quer mais?

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