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sexta-feira, 1 de abril de 2011

O cliente folgado

     É verdade, embora hoje seja primeiro de abril. Um colega meu, gerente de uma agência bancária aqui na ilha, estava incomodado com a atitude de um certo dentista. O tira-dentes chegava para trabalhar e estacionava seu possante em uma vaga que o banco destina a portadores de necessidades especiais. Cometeu o crime uma vez, duas, três... Aí, incomodado com a insensatez do homem de branco, meu amigo chamou o guincho. Desculpe-me, paisano, mas o odontólogo passou das medidas. É muita folga. O gerente procurou encontrar alguma limitação física no camarada. Nada, o único problema do mala era a educação – pelo menos à primeira vista.

     Ponha-se, por favor, no lugar de um cadeirante que chega à agência e vê sua mísera vaga ocupada por um moço posudo e faceiro. Terá que procurar uma vaga – dificílima aqui em Floripa – distante e lutar contra o confuso trânsito da capital catarinense. O guincho veio. O bonitão desceu dos tamancos. E como todo sujeito errado, tratou de estufar o peito:
- Eu sou cliente deste banco. Vou tirar minha conta daqui.
    
     O gerente, que não é lá muito adepto da desordem, mirou no grão dos olhos do folgado e mandou brasa:
- Pois tire; o banco não precisa de um cliente como você.- Ai.

     Pa-ra-béns, meu amigo. Bendito seja o homem que preserva o direito do deficiente. Bendito seja o homem – e a mulher também; calma, minha senhora – que se preocupa com o direito do idoso, da criança e... enfim, de quem tem direito. Um dia desses, vou até a agência só para apertar a mão desse gerente. Se ele fosse nordestino eu diria: “Eita sujeito cabra da peste”. Só não digo o nome dele porque não estou autorizado, mas que é verdade, ah, isso é.

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