Utilização do conteúdo

Autorizo o uso do material aqui produzido, desde que seja dado crédito ao autor e não tenha uso comercial

quinta-feira, 14 de abril de 2011

O imparcial, o democrata e o fingido

     Você já percebeu, paisano, como estamos cada dia mais fingidos? Acho que é por causa do tal do politicamente correto. Ninguém fala mais o que realmente está pensando. É todo mundo desconfiando de tudo e de todos. Lembre, por favor, qual foi a resposta que você deu a quem te perguntou se estava tudo bem. De repente, estavas com um baita problema, irritado e doido para dizer umas “loucuras”. Ao invés disso, vossa senhoria deu um sorriso amarelo antes de falar: “Tudo bem”. E já viu, camarada, como todo nós falamos em transparência? “A nossa empresa trabalha com muita transparência”, enchemos o peito. Nos bastidores, entretanto, fazemos de tudo para esconder nossas práticas. Outra coisa que adoramos vomitar: “Eu sou imparcial”. Fala sério, maluco. Ou você acha mesmo que é? Só não vou dizer que nem Deus é imparcial para não ser trucidado por quem não tem conhecimento em divindade. A imparcialidade e a parcialidade passam por julgamentos internos, coisa que está muito além da nossa vontade. Isso é fruto de informações que coletamos ao longo da nossa vida. Na hora de nos posicionarmos sobre determinado assunto, o cérebro checa nossos gostos e preferências. Em seguida tomamos essa ou aquela decisão. Como, assim sendo, ser imparcial? E fingimos. Fingimos e, muitas vezes, acreditamos que não estamos fingindo, o que é pior.

     Outro dia, fui a uma reunião de despedida de um cara que não vou dizer quem é. Ele tinha alguns opositores ferrenhos. No meio do blá-blá-blá, um dos que mais estavam feliz com a saída do moço levantou-se e fez a seguinte declaração: “Agradecemos muito, Fulano, pelo trabalho que você fez”. E prosseguiu com uma ladainha que me deu nojo. Fiquei tão irritado que me retirei do local. É por isso, e por outras coisas também, que Jesus Cristo nos orientou a agirmos como crianças. Duvido que um pirralho fique fazendo cena numa hora dessas. O fato é que estamos cada dia mais adultos, ouvimos menos as crianças e nos distanciamos mais dos preceitos divinos. As religiões crescem, a sensibilidade com o sagrado diminui. Na verdade, a religião institucionalizada, por si só, é anti-divina. Ela manieta, amordaça e castra o ser humano. E finge que é boa. E até acredita que o é. E as pessoas que se dizem democratas? Já viu como agem?

     O cara diz detestar os ditadores, mas quando está em posição de comando e um subordinado o contraria... “Você está demitido”. É mole?

Nenhum comentário:

Postar um comentário