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sexta-feira, 6 de maio de 2011

Mãe: expulsa e padecendo feliz

     Xingando um peladeiro que o incomodava, o colega de time soltou a voz:

- Tomara que na próxima encarnação você nasça mulher, que é pra sofrer, seu fominha – fominha, na gíria do futebol, é o cara que não passa a bola para o companheiro.

     Insatisfeito, completou:

- Por mim, além de mulher, você será mãe, que é pra sofrer até morrer, seu (...).

     Caso o nobre leitor seja um homem acostumado ao meio futebolístico, substitua os três pontinhos por um palavrão maior do que a cara de pau dos nossos políticos. Sendo mulher, e dessas que enrubescem com um simples e despretensioso “vai à merda”, não mecha nos pontinhos; deixe-os lá, faça de conta que o finalzinho da frase não existe. Como fazem os pais quando não querem admitir que os filhos estejam fazendo merda. Opa, senhoras distintas, substitua a “merda” também, por favor. Quem me conhece, sabe que não sou dado a impropérios. A formação judaico-cristã trava minha boca. A mesma educação impede-me de acreditar em reencarnação. Por isso, não concordo, em parte, com o que o camarada do xingamento inicial do texto disse. Só em parte.

     Esse papo de que o outro reencarnará, para mim, é furado. Sim, porque minha crença, quando faço uso dela, baseia-se na Bíblia. E o livro sagrado é veementemente contrário a reencarnação. Então, você pode estar se perguntando, com que parte do xingamento o Gile concorda? – Com a praga jogada – respondo. Vamos combinar, se existisse reencarnação, seria muito ruim para um peladeiro voltar na forma de mulher. Não de uma mulher qualquer, diga-se de passagem, mas de uma dama com filhos. Claro, voltar como mulher, sangrando todo mês, portando TPM e cólicas menstruais, seria péssimo para qualquer marmanjo. Para completar, todo homem, por mais miserável que seja, encontra uma Eva em quem possa mandar. Tudo isso seria superável, mas ser mãe...
 
     É uma roubada. Tanto é verdade que um dissimulado inventou que “ser mãe é padecer no paraíso”. Pense agora, simpatia, em cinco mães que você conhece. Feche os olhinhos e pense. Quantas delas têm um jardim imenso com cascatas? Quantas delas podem andar peladonas dentro de sua propriedade sem precisar se preocupar com assovios maldosos de um mequetrefe qualquer? Quantas delas têm liberdade de fazer o que bem entendem da vida? Nenhuma? Pois no paraíso as coisas eram mais ou menos assim. Raciocine comigo: se ser mãe é padecer no paraíso, e a tal mãe não tem paraíso, ser mãe é, apenas, padecer. É triste mas é verdade. De acordo com a bíblia, a mulher, enquanto estava no paraíso, não teve filhos. Expulsa de lá, foi condenada pelo Criador: “Com dores darás a luz”. O que ele não disse, para não ser sarcástico, é que as dores do parto acompanhariam as futuras mamães para o resto da vida. E não se engane, candidata a mãe, os dias são cada vez piores. Os filhos indo de pior a pior, insensíveis aos sofrer materno. Apesar de não ser dado à efemérides, parabenizo as mães pelo dia delas. Coitadas, pelo menos um dia no ano elas merecem ser lembradas.

4 comentários:

  1. ai, que desanimador...

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  2. Amigo Gile, preciso me posicionar contra o seu texto. Rapaz... ser mãe é poder participar ativamente do milagre da vida. É um presente de Deus! Ser mãe é receber o dom de despertar a fonte do amor. Fonte essa, inesgotável e transbordante...
    Filhos precisam de família, mãe é UMA parte da família. Famílias problemas, filhos idem. Casais comprometidos geram famílias com menores problemas. E estes problemas são infinitamente menores se comparados a felicidade proporcionada pela família em todos os seus ciclos.
    A ingenuidade/verdade e o sorriso de uma criança são capazes de confortar qualquer coração. Mas para haverem crianças, precisamos de mães...
    Certo fez o Senhor, só as mulheres tem a capacidade de gerar a vida e multiplicar o amor. Homens produzem textos.....
    Jana e Bruno

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  3. Ser mãe e não participar da vida dos filhos é como falar de amor e não praticar e isso é o que mais vemos, não é verdade? ...se fosse só as dores do parto seriam ótimas o pior são as dores da criaçao. Ensinar e educar os filhos nos princípios cristãos é o que mais falta.

    Por isso é que as mães (pais) estão submissas aos filhos e vemos as aberrações por aí.
    Não basta ser uma mera mãe biológica, é preciso ser um exemplo ...
    Hoje em dia as creches roubaram o lugar das mães. Assim é tão fácil ser mãe!!

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  4. Anonimo falou e disse...ser mae de verdade, educar, participar ativamente de todas as fases da vida do filho custa sim muito sofrimento. Como o gilead falou que "as dores do parto acompanhariam as futuras mamães pelo resto da vida".
    Perfeição mesmo só existe nas propagandas de manteiga que passam na tv.

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