Utilização do conteúdo

Autorizo o uso do material aqui produzido, desde que seja dado crédito ao autor e não tenha uso comercial

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Xô, monotonia

          Quem nunca foi traido que me envie o primeiro email. Mas, desde já, aviso: só vale pra quem se envolveu com mais de um oponente do sexo oposto; do mesmo sexo também vale, diga-se de passagem. E quando digo, oponente, é porque me parece – e parece tanto que as vezes penso ser real – que os relacionamentos são verdadeiras batalhas pela realização amorosa.  As trincheiras são cavadas nos tórridos terrenos das sensações. Em cada lado do front, um eufórico coração. Muitas vezes, em meio ao fogo cruzado, uma bandeira branca é hasteada e a paz reina. Minto, quem sobe ao trono é o amor. Mas a sensação nasce junto com o homem. Quando você, paisano, chorou pela primeira vez, tenha certeza: a culpa foi dela, da sensação. E essa malvada só te deixará quando desceres à tumba, que, cá entre nós, espero que demore bastante; não é praga.


          Faço questão de não falar sobre quem teve um único relacionamento.  Xô, monotonia. Pensei em abordar apenas pessoas de sexo diferentes, mas lembrem que o homossexualismo está em alta. Um amigo meu acabou de soprar no meu escutador de reclamações, dizendo que duas pessoas do mesmo sexo formam um par, não um casal. Também não quero entrar nessa seara. Meu negócio é sensação, sensação, sensação. E você sabe o motivo que me levou a escrever sobre isso? É que acabaram de me entregar uma frase do saudoso cronista Nélson Rodrigues, aonde ele falava sobre traição, e a pessoa – mal intencionada – que me deu o presente, pediu para que escrevinhasse alguma coisa sobre essa coisa. Sim, bacana, a traição é uma coisa. Coisa feia, coisa cabeluda, coisa amedrontadora. Se você tem tendência à traição, já associou a “coisa cabeluda” ao que não devia. Se não o fez, pare, por favor, de ler esta perniciosidade.

          O quê, continuou? Tudo bem, tudo bem, eu sei que foi pura curiosidade. Sejamos sincero, você acha interessante ouvir sobre um casal que se amou por duzentos anos na mais perfeita harmonia?  Isso não rende nem uma mísera nota no pior jornal brasileiro. Agora, vamos combinar, casos de traição enchem os olhos, a boca e os ouvidos das pessoas. Ou não é verdade? Só nesta semana li sobre vinte e oito casais que traem. Não vou dizer nomes para não me complicar. Mas somos - você e eu – desonestos com os “traidores”. Eles são, muitas vezes, o assunto mais interessante no boteco, na fila do banco ou no palácio do governo. Nesse último, com toda certeza. E de onde vem a traição? De um coração ávido por sensações.

Um comentário:

  1. Ahh, temazinho mais polêmico este. Bonita sua última frase: "(Traição vem) de um coração ávido por sensações." Se eu estivesse vivendo um relacionamento monogâmico, talvez me poria a pensar no tédio, na rotina e nessa falta de "sensações". Mas não vivo nenhum relacionamento no momento e, por isso mesmo, meu coração está com fome destas diferentes sensações. Mas ele também está cansado. Muitas emoções as vezes acabam com um pobre coraçãozinho, certo?
    Acho que traição é uma questão de caráter, ética. Ninguém é santo e não acho que eu seja digna de julgar qualquer um, mas trair é enganar, é mentir, é fazer um outro alguém sofrer. Se alguém, num relacionamento, sentir falta de "sensações", que termine este relacionamento, que jogue limpo com o par. Até porque, o relacionamento não precisa, necessariamente, cair numa rotina. Ele pode continuar proporcionando ao casal diferentes sensações. Mas para isso é preciso empenho, é preciso (saber) amar. Deixar a preguiça de lado, reconquistar o outro, diariamente. Seja com surpresas, seja com fantasias. Enfim, sou super a favor da paixão, do brilho nos olhos e desta tal sensação. Mas acho que traição não é o melhor caminho.

    ResponderExcluir