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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Inter é heróico e vence Emeleque

          “Heróica”. Foi assim que o apresentador do Bom Dia Brasil, Renato Machado, chamou a vitória do Internacional de Porto Alegre sobre o Emeleque do Equador. Desculpe-me, amizade, mas eu vi o segundo tempo do jogo inteiro e não percebi nada de heroísmo na partida. Respeito, e muito, o trabalho do âncora global, mas o cara exagerou. O inter jogou dentro de casa, não teve nem um jogador expulso e não foi prejudicado pelo árbitro; onde está o heroísmo? Renato tem 39 anos de profissão, foi correspondente internacional e cobriu várias guerras – inclusive no Golfo Pérsico. Mas afirmou, hoje, que o inter foi heróico, e este adjetivo não me largou depois que ouvi a manchete do apresentador.

           Fiquei pensando no significado da palavra. Heróico vem do grego, heroikós – próprio de herói. Herói, elementar caro carcamano, também vem do grego, héros – homem extraordinário por seus feitos guerreiros, seu valor ou sua magnanimidade. O mais notável em uma epopéia. Aproveitado a fala do artilheiro Romário: o herói é o cara. E quando penso em atitudes heróicas lembro-me do frágil – e bota frágil nisso – chinês que se postou na frente de um tanque de guerra na praça da paz celestial. E não arredou o pé; isso é heroísmo. O Sheid, meu cachorro, acha que herói foi Rin Tin Tin – famoso cão pastor, astro de cinema. Mas como cada um de nós tem o próprio herói, já escutei, certa vez, que Obina era o herói do Flamengo. Para alguns palhaços, Tiririca é um herói inimitável. E são muitos os heróis e suas heróicas conquistas. Lindomar Castilho, Pelé, Dercy Gonçalves, Gugu Liberato, Kleber Bambam e, por último, Lula. Mas vamos deixar o presidente pra lá. Como você pode perceber, o termo, herói, vem passando por um processo de contextualização. Cada povo, no seu tempo, elege o próprio herói. Nesse caso, tudo que o poderoso faz, vira um ato heróico. E o jornalismo também tem seus heróis.

          Pedro Bial ficou famoso como jornalista. Assim como Renato Ribeiro, também foi correspondente internacional. Foi ele quem fez a cobertura, para a Rede Globo, da queda do muro de Berlim. Em 2004 publicou o livro “Roberto Marinho”. Ele vive chamando os participantes do Big-Brother de heróis. Ai, isso dooi! Fez Ulisses – não o Guimarães -, estremecer no túmulo. Só depois de horas pensando no que Ribeiro disse sobre o time colorado e muitas reflexões, que acabei de compartilhar um poquito com você, foi que entendi a fala dele. Herói e nada são – pasme fariseu – a mesma coisa.


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