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terça-feira, 20 de outubro de 2009

Jornalistas, uma categoria doente

 E aí, beleza?

          Você sabia que os jornalistas catarinenses estão adoecendo devido aos baixos salários, sobrecarga de trabalho e às pressões  que sofrem nos veículos de comunicação onde batalham pelo pão nosso  de cada dia? não sabia?  Então leia a entrevista que fiz com o presidente do Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina, Rubens Lunge. Se você é jornalista, leia para ficar por dentro do sofrimento da classe. Se não é, leia para se inteirar sobre o trabalho de um jornalista.





          Rubens Lunge nasceu em Concórdia, Oeste de Santa Catarina, a 25 de agosto de 1959. Cursou jornalismo na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, formando-se em 1984. Atuou como repórter, redator, editor, repórter especial e fotojornalista em jornais de circulação estadual, regional e municipal. É presidente do sindicato dos jornalistas de Santa Catarina. Gilead Maurício entrevistou Rubens na sede do sindicato, na Avenida Mauro Ramos, 1624, centro de Florianópolis.

Gilead- O avanço tecnológico tem sobrecarregado os jornalistas?
Rubens- Ser jornalista nunca foi fácil. Por uma questão tecnológica o serviço do jornalista tem aumentado. A quantidade de pauta aumentou bastante. A RBS instituiu o contrato multimídia. Isso sobrecarrega muito o jornalista. O cara tem que fazer a foto, escrever texto para TV, escrever para o jornal, escrever para a internet... é estressante.

Gilead- Isso deixa a categoria doente?
Rubens- Pelo que eu vejo no estado, somos uma categoria de doentes. Pra se ter uma idéia, o jornal A Notícia, de Joinvile, segundo pesquisa feita, tinha 60% do pessoal da redação tomando remédio tarja - preta. Isso antes do grupo RBS comprá-lo. Não acho que melhorou. Na sexta-feira eles entram na redação às três horas da tarde e não sabem quando vão sair. É assim toda semana. Ano após ano.

Gilead- E em Florianópolis a situação é parecida?
Rubens- Sim. Tem muita gente doente.

Gilead- Quais são as principais doenças que acometem os jornalistas catarinenses?
Rubens- As principais doenças são o estresse e a lesão por esforço repetitivo(LER). Mas a pior delas é o baixo salário. O baixo salário adoece mais do que qualquer coisa. Sem falar que o jornalista não desliga nunca. Está sempre trabalhando, mesmo fora do horário de trabalho. É ouvindo rádio, vendo TV, lendo jornal... não pára.

Gilead- E ele, ao menos, tem liberdade para escrever?
Rubens- Com certeza a liberdade é limitada. Vivemos numa sociedade capitalista, trabalhamos numa empresa que tem interesses consolidados pelo sistema e logicamente não vai ser a opinião do jornalista que vai estar na notícia.

Gilead- Mesmo sem liberdade o jornalista se sujeita?
Rubens- Eu acredito que há um momento da vida em que ou nós aceitamos fazer o que a empresa nos manda, por questão de sobrevivência, ou vamos fazer outra coisa. Mas não dá pra se entregar. Teve uma colega que ficou 10 anos no Diário Catarinense, fazendo esporte sem gostar. No décimo ano foi embora. Ficou porque de certa forma aquilo a contemplava com jornalista.

Gilead- Podemos dizer que o jornalista vive em dois mundos? Do poder e do pouco dinheiro?
Rubens- Somos uma categoria muito diferente das demais. Temos acesso muito fácil ao poder. Mas no dia do pagamento nosso poder se vai muito rápido.

2 comentários:

  1. Esse é o dilema do jornalista catarinense, longas jornadas, pouca oferta de trabalho e muita concorrencia de mao de obra. É uma selva, quem pode mais chora menos!!!

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