Pafúncia Dontuheim e Fâinfa Balnedan. Não, não se trata dos nomes de duas madrinhas de escolas carnavalescas parisiense. Muito menos de atrizes de novela. Holyoodianas Candidatas ao Oscar? Também não. Muito mais que isso, simpatia. Pafúncia e Fâinfa são cadelas que peguei na rua e trouxe para me fazer companhia no sítio. Pafúncia tem cerca de seis meses que respira o ar desse Brasil dominado pela corrupção. O ex-dono abandonou-a na entrada de uma chácara. Sorte minha, que ganhei uma comportada e valente dona do pedaço. Pois foi assim que ela se sentiu logo no primeiro dia que botou as patas por aqui. Ganhou casa, comida e um gramado do tamanho da impunidade nesse gigante que um dia foi adormecido. Na quinta-feira desta semana, fui ao Balneário Daniela, em Floripa, buscar a remanescente de uma ninhada de nove filhotes de tomba-lata. Com dois meses de abandono, Fâinfa precisava dos cuidados de um veterinário. Deixei R$ 190,00 no caixa do pet-shop e botei no porta-malas uma ex-sem-teto.
Quando cheguei em casa já se aproximava das 23h. Liguei o refletor que espanta a escuridão do tapete verde e apresentei as duas cadelas. Em menos de um minuto, estavam velhas amigas. Antes de me deitar, cuidei de ensinar a Fâinfa que o deck em torno da residência é espaço destinado aos humanos. Foi rápido feito o goleiro do Vasco da Gama. O nome ela assimilou mais rápido ainda. É que, ainda dentro do carro, quando ela choramingava, eu pronunciava o belo nome – Fâinfa. Aos ouvidos dela, foi como uma música. Um senhor, que não vou dizer o nome por não ter pedido permissão a ele, objetou: “Pafúncia e Fâinfa não são nome de cachorro”. Ué, e quem foi que disse que há nomes específicos para o latidores? Já vi, leitora, ou leitor, se for o caso, cães com todo o tipo de nome. Saddan, Heitor, Ralf, Bozó, Pupi, Laika, Tobi, Baleia – famosa pelo romance Vidas Secas (ou seria Morte e Vida Severina?)-, Sheid e trezenas de outros. Além do mais, os nomes que escolhi são, pelo menos ao que me consta, inéditos. Um colega sugeriu que eu desse nomes de personagens da política ou da televisão. “Tás tolo”, brinquei num sotaque típico de um manezinho de Florianópolis, “achas que vou fazer uma maldade dessas com meus animais?”.
Vez por outra, Pafúncia dá uma rosnada mais irritada na nuca de Fâinfa. É a luta pelo território, tão conhecida entre os filhos de Adão. Outro amigo, muito chegado aos bichos, não mediu palavras: “são como filhos, tu vais ver”. Bola na marca do pênalti, chutei: “com a vantagem de que não mordem”.
Foto das duas:
E não é que esse tar jornalista tem coraçao, sô! Deus existe..rsrsrs
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