Olha o título da matéria que li, há pouco, no clicrbs: “Maconha é encontrada dentro de papel higiênico no Presídio de Blumenau”. Como dizia o narrador de futebol, Sílvio Luiz: “pelas barbas do profeta”. Isso é o que eu chamo de incrível. Merece, realmente, um título. Um supertítulo, eu diria. O autor da chamada procura atrair a atenção do leitor com algo que deveria, eu disse deveria, ser interessante. Uma nova maneira de traficar, algo inusitado, que o leitor não sabia que existe. Entretanto, lendo a matéria completa, constatei o óbvio.
O jornalista diz: “Segundo os agentes do presídio, são comuns as apreensões de drogas dentro de produtos levados por familiares e amigos de detentos, principalmente no papel higiênico”. Ou seja, o título vende uma informação digna de atenção e a matéria trata, em seguida, de mostrar que a tal informação não merece nem ser lida. Não traz nada de novidade. A impressão demonstrada é que quem faz o título não lê a matéria. Ou, na pior das hipóteses, que eu quero crer que não é verdade, o fazedor de título usou de uma artimanha pra lá de manjada: usar um título “enganador” para fazer o leitor abrir o conteúdo. Não, um jornalista não faria isso. Não?
Em primeiro lugar vamos combinar uma coisa: ludibriar o cidadão não é privilégio apenas de jornalista. Eu escrevi apenas de jornalista. É preciso saber que o profissional de comunicação é um assalariado como qualquer outro. Ele tem um patrão – o dono do jornal. Esse tal, amo, quer dinheiro. Lembra, leitor, daquele personagem de desenho animado que repetia insanamente: “medalha, medalha, medalha”? Pois então, o dono do jornal quer dinheiro, dinheiro, dinheiro. E, não sejamos bobo, na maioria das vezes não importa o meio de fazer o dim dim chegar na conta. E tem mais.
Você chega a um super mercado e resolve comprar uma mercadoria qualquer. Uma laranja, uma escova de dente ou um lustra móvel. Qual o preço do produto? Onde fica o maledeto? E haja você procurar! Sabe por quê? Porque quem coloca os preços não tem interesse que você saiba. Ele quer te ludibriar. E quando coloca, o faz de modo confuso. Outro dia minha mulher, bobinha, me disse: “olha o produto que comprei; como estava barato”! E me mostrou. Eu, desconfiado, perguntei: - Você tem certeza que pagou esse valor? “Claro”, respondeu. – Você verificou o preço na hora de passar no caixa? Insisti. No dia seguinte resolvi entrar no tal mercado apenas para investigar minha suspeita. Dito e feito. Na entrada da loja eles colocaram uma pilha do produto que queriam vender, sem o preço. Acima botaram outro de valor bem mais baixo, com o preço, óbvio. Os clientes olhavam o produto caro e levavam achando que estava barato. Como, geralmente, não conferem no caixa, vão para casa felizes. Feliz mesmo fica o dono do mercado. Sabe por quê?
Porque é uma prática comum. Enganar o cliente é comum em nosso país. De norte a sul, de leste a oeste do gigante descoberto por Cabral, o costume nocivo é adotado. Então porque achar que o jornalista não pode fazer igual? Eu sei, eu sei, não deveria; concordo. Mas faz, amado mestre. Então, fique ligado: no comércio, no lazer ou enquanto se informa, tem alguém querendo te enrolar.
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