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segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

O cérebro de lacraia, a OAB e a Barra da Lagoa



     Você é morador da Grande Florianópolis? Então, conhece a Barra da Lagoa. Não é e não tem a menor ideia do que seja, nem onde fica? Pois bem, a Barra da Lagoa é um bairro de Florianópolis juntinho da afamada Lagoa da Conceição. Pousadas tem aos punhados por lá. Isso implica em turistas às toneladas no verão. Florianópolis, verão e turismo, somados ao descaso do poder público, resulta não só em trânsito caótico, mas ao consumo exagerado de drogas. E não precisa ser investigador pós-graduado para saber disso. Um pouco de vivência e olhos atenciosos são suficientes. É assim em quase todo destino turístico nas terras descobertas por Cabral em 1500. 
 
     Antes que um ilhéu bairrista saque seus argumentos e me chame de cabeça chata, vou dar um exemplo do que ocorre no meu querido Rio Grande do Norte. Praia de Pipa. Meu caro, se o consumo de drogas for combatido por lá, o lugarejo será esvaziado em menos de vinte e quatro horas. Pipa é um território livre. Livre para quem quer encher o bucho de cocaína, maconha e congêneres. E o mesmo fenômeno vem crescendo pelas praias de Floripa. Até minha idolatrada Praia da Daniela, conhecida por ser um balneário para a família, vem se transformando num polo atrator de maconheiros. Daqui a pouco, terei que usar máscara durante minhas caminhadas na areia. Até me lembra aquela música do Ultraje a rigor: “nós vamos invadir sua praia”.

     Droga, meu chapa, é coisa para rico, para quem tem dinheiro. O pobre inventa de usar e não tem dinheiro para fazer o investimento. Toda porcaria, hoje, é investimento. Não duvido que em breve as propagandas de cervejas dirão: “invista em cinquenta garrafas de cervejas por noite”. Pois bem, o carinha quer maconha e não tem como comprar; o que faz, o que faz? Rouba, assalta. Quer cocaína e o babado está caro; o que faz, o que faz? Criminalidade, paisano. Criminalidade. 
Enquanto uma parte da sociedade discute o assunto, a outra sofre as consequências. Voltemos à Barra da Lagoa falada no primeiro parágrafo.
 
     Com o aumento do tráfico, e consequente criminalidade, a população viu-se acuada entre a ação de marginais e a ausência de segurança pública. E o ser humano aterrorizado, simpatia, não difere de qualquer outro animal. A comunidade da Barra deu as mãos e surrou a cambada de desordeiros que infestava o local. É a clara evidência que o poder público faliu. O dinheiro do contribuinte é sugado por administradores que não pensam duas vezes antes de meter a mão no erário. A OAB local, outra sanguessuga – que o diga o caso da chamada Advocacia Dativa -, logo tratou de advertir a população. De acordo com o site do jornal Diário Catarinense, "o presidente da Comissão de Segurança, Criminalidade e Violência Pública da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Juliano Keller do Valle, esclarece que as pessoas que participaram da agressão agiram contra a lei e podem ser responsabilizadas judicialmente por lesão corporal leve, grave ou tentativa de homicídio, se um inquérito for aberto". Ora, ora, dona OAB, comece a trabalhar pelo povo. Comece incentivando a criação de uma defensoria pública. Porque vai ter gente pensando que a senhora está, também, lucrando com o crescimento da criminalidade. Claro que tem advogados que vivem à custa de marginais, mas a OAB não deve enveredar por esse caminho.

     Enquanto os políticos deixam a população à mercê de bandidos – incluindo eles, lógico -, resta aos cidadãos o direito a defesa. E esse direito é sagrado. Nem a OAB, nem o diabo que a carregue, tem o direito de proibir que um mortal se defenda. “Mas ninguém pode fazer justiça com as próprias mãos”, dirá um cérebro de lacraia. E-vi-den-te, ô cabeça de prego. O problema é que os moradores da Barra perderam a fé em quem deveria lhes defender. Sentem-se órfãos do Estado. São bezerros desmamados cuja mãe foi encontrar-se com o único mal irremediável. Aí, companheiro, é salve-se quem puder. E não se engane, atitudes como a dos moradores da Barra vão surgir aos borbotões por esse Brasil tão abandonado pela República.

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