Utilização do conteúdo

Autorizo o uso do material aqui produzido, desde que seja dado crédito ao autor e não tenha uso comercial

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Vende-se frases pré-moldadas

     Frases soltas. Frases prontas, embaladas, pré-fabricadas. Frases de efeito, como algumas mentes providas de quatro intimoratos neurônios costumam chamar. Frases empacotadas a vácuo. Daquelas que quase não se deterioram com o passar do tempo. Do tipo Hebe Camargo, podemos dizer. Frases para iludir. Frases para disfarçar. Frases para denotar sabedoria. Frases para intimidar. Frases para parecer sério. Frases para menosprezar. Frases para empurrar o próximo no lodaçal. Frases para gargantear “fiz a minha parte”. Frases para serem cuspidas, vomitadas, defecadas. Frases tão cheias de vazio que não seriam suficientes para encher uma cabeça de alfinete. Frases, nada mais.

     Lugar de gente feliz. Essa frase é quase tão comum quanto moléculas de oxigênio. Você entra em uma casa - aconteceu comigo – e ela, a frase, meu caro, te recepciona. Numa igreja, creia, também li a bonitófira. Até mesmo em repartições públicas já encontrei com as quatro palavras. O que me pasma é que na estrada de Brasília não tem a danada da frase. Deveria. Era para ter no terminal rodoferroviário, no aeroporto e nas principais vias da cidade. Sim, porque tudo que é Estado envia seus mais ilustres cidadãos para o Planalto Central. E como eles são felizes ali! O desejo de ir ser feliz no planejado sonho de Juscelino Kubitschek é tão grande que alguns homens públicos fazem diabruras para chegar lá. Uns roubam, outros matam e outros fazem as duas coisas.

     Não sou dono do mundo, mas sou filho do dono. Essa está na moda. Uma mente lustrosíssima criou a frase, muito boa, por sinal e virou febre. Meu nobre, o carinha devia ter suas razoes. Na certa estava de bem com a vida, ou flertando com a morte. Aí vem um Zé Mané e cola-a no vidro traseiro de um carro mil. Como se diz nos pampas: não me faça pegar nojo. E as frases pré-moldadas se alastram mundo a fora. São pré-cozidas, basta um calorzinho e pronto. É só escolher um ouvido e pronto. Tem gente - e como tem, meu Deus do céu – que adora. E euzinho, cada dia mais sem estômago para ouvir essas preciosidades, fujo. Covardemente corro. Pirata, Bibigul, Gerineldo, estou chegando.

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Galinha, cocaína e política

     Um galinheiro, é isso. Dez penosas e um galo. O sítio Três Platôs ganhou, nesse fim de semana, um recanto para aves. Pelas futuras poedeiras – pois tem apenas um mês de vida as dançarinas – paguei quatro reais, cada. Aí um colega meu admirou-se: “Poxa, Gile, quatro reais numa franguinha!? É muito!”. Sinceramente não entendo a atribuição de valores que a sociedade impõe às coisas. Invisto menos de cinco pila em uma ave, ela vai pôr uma média de 15 avos por mês durante cinco anos e, se brincar, no fim da vida servirá de almoço. Foi um mau negócio? Foi caro? Um ovo de caipira não sai por menos de quarenta centavos. Numa conta rápida, em um ano ela renderá 72 reais. Em cinco anos nesse mundo de meu Deus, a bilisquenta presenteará o Gile com 360 moedas de um real. Ou seja, apliquei 40 reais para, em cinco anos, ter 3.600. Só droga e política podem dar lucro maior. Há quem diga que a política é um grande galinheiro, mas acho uma maldade por parte de quem fala uma barbaridade dessas. Como cidadão, apresento veementes protestos contra o tal gracejo. Nunca, eu disse nunca, um vereador me deu uma pataca de retorno. Um deputado, então... E um prefeito? Acho mesmo é que, em se tratando de política, o galinheiro é o país e os criadores os políticos. Ah, quase que eu esquecia de informar: o galo ganhei de um amigo.

     Ainda no campo das comparações, tenho que admitir, a droga rende bem mais do que criar galináceas. Em uma coisa elas se equiparam: no fim, destroem a mina. A galinha acaba na panela, o usuário na cova. Acho até que estão levando muito ao pé da letra o texto bíblico que diz “e o pó volte ao pó”. E há quem ache que droga é coisa de pobre. Verdade; há, sim. Outro dia eu estava mudando de canal, coisa que raríssimos homens gostam de fazer, e dei de cara com um programa de polícia. No televisivo, os gloriosos fardados andavam pelas periferias fedorentas das grandes cidades em busca de usuários de drogas. Curioso, atentei para os dias e horários em que o espetáculo ia ao ar. Não deu outra, os lugares visitados pelos militares são sempre os mesmos – zonas de pobreza. Por que não vão a boates elitizadas? Porque não fazem uma busca em festas de políticos e empresários? Porque não espiam pelas janelas de luxuosas casas de praia? Voltemos ao galinheiro antes que o mau cheiro destrua nossas frágeis narinas.

     O ar puro do sítio, o mugido das vacas e a música da cachoeira, agora com o sonoro despertar do galo, fazem-me esquecer dos políticos malvados, dos traficantes e usuários apodrecidos, das mazelas da urbanidade. Quatro reais uma galinha. Caro?

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Vai um quilo de barriga aí?

     Refrigerante. Três, quatro vezes por dia. Cerveja. Cerveja enquanto a pança agüentar. Pão. Pão com manteiga. Pão com presunto e queijo. Pão com requeijão. Pão doce. Pão salgado. Pão a torto e a direito. Como canta o Titãs, “a gente não quer só comida, a gente quer bebida, diversão, balé”. Calma, calma, a gente não quer balé. Nem balé e nem qualquer outro tipo de exercício. Ginástica? Nem pensar. Futebol, caminhada e corrida? Só se for no computador. Aí não tem jeito, paisano, a barriga a lá Tim Maia vai reinar. As pernas com hectares de celulite e alqueires de estrias afugentará interessados olhares. O que fazer, senhoras e senhores? Chame o velho.

     Lembro de uma propaganda de uma rádio do Rio de Janeiro que dizia: “chame o velho, chame o velho que vem coisa boa”. O velho, no caso, era uma bebida. Contra a falta de exercício, contra a bebedeira e contra a glutonaria: chame o SUS. Ora, ora, o sujeito não cuida do próprio corpo e depois quer que o sistema de saúde financie-lhe uma redução do estomago. Quem tem que pagar pela cirurgia, se é que alguém tem que o fazer, é o produtor de refrigerante, de cerveja. Para ser sincero, acho que cabia melhor um bolsa academia. O camarada está fora de forma? Exercício nele. Lógico, simpatia, que não estou me referindo àqueles casos de doença. Ao enfermo, tratamento. Para esse a cirurgia bariátrica pode ser a única saída.

     Agora me vem uma guria de vinte anos e pesando cem quilos pedir para o contribuinte custear sua beleza? Fala sério, jacaré.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

É o boi, é o boi, é o boi

     É corno, sim. E por ser corno tem o meu perdão. E peço gentilmente a vossa senhoria que faça o mesmo. Perdoe o pobre coitado, paisano. Entenda a dor de quem carrega duas pesadas guampas na cachola. Como exigir que ele seja racional? Como esperar que o danado tenha lampejos de lucidez? Não, isso seria como demandar honestidade por parte de quem administra o dinheiro alheio. E aproveito para perguntar: conheces, simpatia, um vivente, nesse torrão descoberto por Cabral, que lida com dinheiro de terceiros e não tira proveito? Diz-me o nome do tinhoso, suplico. Lógico, há empresas que tem todo um sistema de controle pronto para pegar o meliante com a boca no doce. Não me refiro a essas. O que eu duvido, com um d do tamanho do cristo redentor , é que um gestor da grana de outros não se locuplete com tal atividade. Saliento que o fato de não conhecer um não significa que o dito cujo seja irreal. Imploro, diz-me o nome dele. “Ah, Gilead, você está sendo pessimista demais”, dirá o leitor puro. Pessimista pode ser, ingênuo não.
 
     Voltemos ao galhudo. Ele não é mau. Claro que não. Ele sofre, é isso. Os indesejados adereços que a amada lhe presenteou tolhem o raciocínio. Ele só pensa em avançar. E avançando incomoda. Na tentativa de chegar, passa pela direita, pela esquerda e pelo meio – caso haja uma terceira pista. O corno é, antes de tudo, um costureiro. Enfia os chifres na traseira de quem está na frente. Amiúde, arregala os olhos. Grita. Xingam-lhe. Ofendem a mãe dele. A dor da traição não permite-lhe ouvir. Tal qual um touro enfurecido na arena, o torpor provocado pelas estocadas do toureiro – no caso, o sócio de cama – há muito dissiparam-lhe os bons modos ao volante. Acelera. Buzina. Pisca os faróis. Guardas de trânsito, patrulheiros de plantão, não multem esse sofredor. E como essa espécie se prolifera em nossas estradas! Você guarda uma distância segura para o carro da frente; é cuidadoso. Eis que surge o corno, entra na brecha. O trânsito está lento. De repente um bólido avança pelo acostamento, é o boi.
 
     Só um corno, meu chapa. Só quem espera flagrar a mulher em pleno ato de traição pode guiar um carro desse jeito. Se você, caríssimo leitor, costura no trânsito, é uma exceção, óbvio. Você não é corno, claro que não. Agora se conheces um, e sei que conheces, manda este texto para ele. Acrescenta, peço-te, a foto de um guzerá.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Pobre Adalberto

     Ontem, um colega me perguntou se eu estava com medo de que a seleção brasileira não se classificasse para a segunda fase da Copa América.

- Medo, eu? - mostrei espanto. – O que é que eu tenho a ver com o time da CBF? - cutuquei.

- Ué, você não é brasileiro, não? Ou não gosta de futebol? – perguntou ao não entender minha colocação.

- Na verdade, tanto gosto de ver como de jogar bola. E torço sempre pelo time mais ofensivo, aquele que busca o gol. Quando a CBF joga, prefiro que ela ganhe, mas se isso não ocorre, a vida segue. Seleção brasileira é uma invenção para iludir o povo. Alguns políticos usaram, e outros ainda usam, o nome Seleção Brasileira para manipular eleitores. Como disse o presidente da entidade, Ricardo Teixeira, “que p&$#% as pessoas tem a ver com as contas da CBF? É uma entidade privada, não tem dinheiro público”.

- Ricardo Teixeira disse isso? Não ouvi falar nada disso – Adalberto, chamemos assim o meu amigo, pareceu não acreditar no que eu falara. – A seleção brasileira não é do Brasil? – arregalou os olhos.


- Piauí? O que é isso? – estranhou o nome.

- É uma revista, meu caro. E das boas – Adalberto, como a maioria dos brasileiros, informa-se assistindo telejornais. E se a notícia não brota nos televisivos, parece que não aconteceu. Para muitos, só é verdade o que sai no Jornal Nacional. A Record chegou a veicular reportagens sobre os escândalos envolvendo o dono da CBF. Como a Rede Globo ficou de boca fechada, o populacho ignorou as denúncias. Ricardo, sabendo da força da emissora dos Marinhos foi sarcástico: "Quanto mais tomo pau da Record, fico com mais crédito na Globo".

     Adalberto, que até então desconhecia ser a seleção brasileira uma marca usada pela CBF, ficou um tanto quanto decepcionado. Percebendo o baque iminente nas convicções futebolísticas do camarada, dei o tiro de misericórdia: - Não acredito na lisura do futebol, meu amigo. Gosto do espetáculo. Dane-se quem ganha ou quem perde. Quero ver balãozinho, embaixadinha e canetas. E golaços, claro. Detesto zagueiros que impedem o que seria um belo gol. Ainda que estejam usando a famosa amarelinha. Adorei os 3X2 da Itália sobre o Brasil em 82. À época, achando que futebol era coisa séria, fiquei triste. Tempos depois, menos ignorante quanto ao câncer da organização do esporte em que Pelé foi coroado, maravilhei-me com os três gols de Paolo Rossi.

     Ontem à noite, comecei torcendo contra a Argentina. Aos poucos virei a casaca e cheguei a vibrar com os gols argentinos. Vibrar, vibrar, não. Gostei, no entanto.  A Argentina venceu Costa Rica por 3X0. Amanhã, o Brasil – lembre-se que Brasil é uma marca, não uma nação – enfrenta o Equador. Caso perca, dança. Quero uma chuva de gols, lá ou cá. Já pensou, paisano, 7X0? E 9X4? Seria a glória. Imagine, quatro gols de placa brasileiros. Se os nove que o Equador marcar forem feios, não terão a menor graça. Gritarei pela sacada do apartamento onde passo as noites: “dá-lhe Brasil”.

Pobre Adalberto, um legítimo torcedor da seleção canarinho.





















segunda-feira, 11 de julho de 2011

Chumbregando e relinchando

     Abrafolar. Coxambrar. Chumbregâncias. Irmanar. E então, sabes o significado dessas quatro palavras? O quê! Vais me dizer que nunca abrafolaste? E se um, ou uma, vivente chegar ao teu ouvidinho esquerdo e sussurrar que intenciona te abrafolar, o que dirás? O que gritarás? Fugirás? Pedirás ajuda aos universitários? Implorarás apoio da cavalaria? Ou abrirás um sorriso de venha? Não adianta pesquisar na internet nem consultar o pai dos burros. Ou sabe ou não sabe. Deixemos o abrafolar de lado e caiamos matando no coxambrar. Coxambrar, com x, tem a ver com cocha, com ch. E aí, pegou? Cocha, coxambrar... hum. Caso tenhas entendido, estás liberado para a arte da coxambração. Se não, procura um cinto de castidade e te pune por uma semana, pelo menos. Nem uma coxambradinha, sequer. Onde já se viu, o cidadão coxambra sem saber que está coxambrando. Vamos em frente.

     Chumbregância, sabes o que é? Digamos que é prima de coxambra. Façamos uso das palavras do juiz de direito da província de Sergipe, Manoel Fernandes dos Santos, que em 15 de outubro de 1883 decretou uma sentença na qual considerava que “o cabra Manoel Duda agrediu a mulher de Xico Bento para coxambrar com ela e fazer chumbregância, coisa que só o marido della competia coxambrar”. O documento arquivado no instituto histórico de Alagoas é rico em termos que há muito caíram em desuso. Abrafolar, coxambrar e chumbregância são alguns exemplos ali contidos. Irmanar, entretanto, não consta na sentença judicial.

     Ontem à noite, quando assistia uma reportagem sobre argentinos que moram na fronteira com o Brasil, o repórter superou-se. Traduziu, do espanhol para o português, o termo irmanar. Como se o verbo não fizesse parte da língua consagrada por Saramago. “Ô mermão, para com isso. Das duas uma: ou não conheces nosso vernáculo ou pensas que os telespectadores são incapazes de conjugar o verbo ser”. A dúvida, essa megera, logo invadiu meus pensamentos: a televisão me deixa burro? Ou parte do pressuposto que relincho há décadas?





quarta-feira, 6 de julho de 2011

O outdoor venceu

     No último dia 27, noticiei aqui o descontentamento de uma cidade catarinense com o iminente aumento do número de vereadores no município. Uma emissora de televisão deu notoriedade aos fatos e o povo venceu. Os vereadores de Jaraguá do Sul decidiram abrir mão do incremento de profissionais da política na câmara. Isso mostra que, se a imprensa tiver interesse, muita coisa pode melhorar nesse pedaço de mundo descoberto por Cabral. O difícil, meu caro, é saber quais os reais interesses da imprensa. E como sugestão de leitura, indico Chatô o Rei do Brasil de Fernando Morais. Leia e tenha uma ideia da genética do jornalismo tupiniquim. Lógico que temos vozes dissidentes que insistem em nadar contra a maré.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Queijo brie e ovo frito

- Bem feito, Gilead, bem feito – pensei.

- Quem manda não perguntar qual é o cardápio? – continuei me pisoteando.

     E vamos combinar: tem horas em que a gente tem vontade de socar o próprio queixo, estapear a própria cara de tolo. Ora, você. Imagine que, além de tudo, fui quase que obrigado a mentir. Digo quase porque a mentira só é obrigada quando é feita sob tortura ou para atender a interesses políticos. Sim, paisano, um político nobre precisa mentir de vez em quando. Não que ele seja um mentiroso inveterado, mas é tudo para defender o interesse dos eleitores. E dos não-eleitores também, afinal, ser político é antes de tudo um sacerdócio. Não fui obrigado a mentir, como um deputado numa CPI, mas o cuidado em não melindrar o cheff falou mais alto. O dono do lugar, também amigo meu, não ficaria lá muito contente se eu dissesse que arroz feito paçoca para mim não passa de uma gororoba. Isso mesmo, gororoba. Tomara que meu amigo não leia esta crônica, e muito menos o mestre da cozinha que fez o risoto de queijo brie (lê-se brí) com presunto não sei de quê.

     A verdade é que o Gile aqui estava virado em vinte e cinco metros de fome. O friozinho de 13 graus, somado a umidade da Lagoa da Conceição, provocava uma sensação de oito. Já passava das 22h. Enquanto os convivas riam e conversavam amenidades, encontrei uma estante e fui fuçando para descobrir um livro que me interessasse. Folheava as páginas de O Livro das Religiões quando Donizete – chamemos assim o anfitrião – avisou: “Gile, o jantar está servido”. Quase larguei a obra no chão. Não fiz como a corte portuguesa que debandou para o Brasil em 1807 e abandonou os livros no cais do porto. Quando vi todos se servindo achei que teria um troço. “Tanto tempo esperando, meu Deus do céu, e agora terei que comer paçoca de arroz?”, lamentei tão baixinho que só eu mesmo ouvi. Arroz, para o nordestino aqui, tem que ser soltinho. De preferência com carne assada. O arroz mole, unido pela viscosidade – mesmo que seja do tal queijo brie -, já me dá calafrios. O cheiro de chulé – isso mesmo, a comida chique parecia ter saído de dentro de um tênis usado por um indivíduo nada asseado – deixou meu nariz em greve. E o olfato, meu amigo, é o parceiro número um do paladar. A fome, no entanto, e o receio de prejudicar o jantar dos demais, empurraram minha mão e colocaram uma colherada da iguaria no meu prato.
- Só isso, Gile? Não vai comer mais nada? – perguntou um dos presentes desconhecedor da minha saia justa.

- É que não estou com muita fome. Além do mais, não costumo comer muito depois das dez da noite – dei uma de candidato a vereador.

     E como diz o ditado: “o que é um %^$#* pra quem tá todo &^%$^$?”. Antes que me enchessem de pergunta e insistissem para comer mais, levantei a voz: como é mesmo o nome desse prato? Em seguida murmurei só para o Gile ouvir: grave esse nome e nunca mais se deixe enganar. Ora, ora, simpatia, quem já viu um camarada lá do Rio Grande do Norte se meter a besta e querer comer esquisitices da cozinha francesa? Arrumei uma desculpa – ou mais uma mentira – e fui o primeiro a pegar o caminho de volta. Passava da meia noite quando comecei a jantar. Te dana, queijo brie, prefiro um ovo frito.