Um galinheiro, é isso. Dez penosas e um galo. O sítio Três Platôs ganhou, nesse fim de semana, um recanto para aves. Pelas futuras poedeiras – pois tem apenas um mês de vida as dançarinas – paguei quatro reais, cada. Aí um colega meu admirou-se: “Poxa, Gile, quatro reais numa franguinha!? É muito!”. Sinceramente não entendo a atribuição de valores que a sociedade impõe às coisas. Invisto menos de cinco pila em uma ave, ela vai pôr uma média de 15 avos por mês durante cinco anos e, se brincar, no fim da vida servirá de almoço. Foi um mau negócio? Foi caro? Um ovo de caipira não sai por menos de quarenta centavos. Numa conta rápida, em um ano ela renderá 72 reais. Em cinco anos nesse mundo de meu Deus, a bilisquenta presenteará o Gile com 360 moedas de um real. Ou seja, apliquei 40 reais para, em cinco anos, ter 3.600. Só droga e política podem dar lucro maior. Há quem diga que a política é um grande galinheiro, mas acho uma maldade por parte de quem fala uma barbaridade dessas. Como cidadão, apresento veementes protestos contra o tal gracejo. Nunca, eu disse nunca, um vereador me deu uma pataca de retorno. Um deputado, então... E um prefeito? Acho mesmo é que, em se tratando de política, o galinheiro é o país e os criadores os políticos. Ah, quase que eu esquecia de informar: o galo ganhei de um amigo.
Ainda no campo das comparações, tenho que admitir, a droga rende bem mais do que criar galináceas. Em uma coisa elas se equiparam: no fim, destroem a mina. A galinha acaba na panela, o usuário na cova. Acho até que estão levando muito ao pé da letra o texto bíblico que diz “e o pó volte ao pó”. E há quem ache que droga é coisa de pobre. Verdade; há, sim. Outro dia eu estava mudando de canal, coisa que raríssimos homens gostam de fazer, e dei de cara com um programa de polícia. No televisivo, os gloriosos fardados andavam pelas periferias fedorentas das grandes cidades em busca de usuários de drogas. Curioso, atentei para os dias e horários em que o espetáculo ia ao ar. Não deu outra, os lugares visitados pelos militares são sempre os mesmos – zonas de pobreza. Por que não vão a boates elitizadas? Porque não fazem uma busca em festas de políticos e empresários? Porque não espiam pelas janelas de luxuosas casas de praia? Voltemos ao galinheiro antes que o mau cheiro destrua nossas frágeis narinas.
O ar puro do sítio, o mugido das vacas e a música da cachoeira, agora com o sonoro despertar do galo, fazem-me esquecer dos políticos malvados, dos traficantes e usuários apodrecidos, das mazelas da urbanidade. Quatro reais uma galinha. Caro?
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