Que fique claro: sou brasileiro. Como você, catarinense, pernambucano ou carioca que está lendo este conteúdo. Digo isso porque tem gente - e como tem, meu Deus! – que entende ser o Estado onde vive, um país. Ora, ora, tupinambá, como brasileiros que somos, podemos, e até devemos, criticar qualquer unidade da federação. Claro, se o senhor ou a senhora não gosta de exercer o criticismo, é uma opção que precisa ser respeitada. Eu, particularmente, habituei-me a não crer em algo que não resiste a uma enxurrada de críticas. Por crítica entenda-se uma apreciação minuciosa, sistemática e aprofundada de alguma coisa. E quando critico algum catarinense, não o faço por mera satisfação em denegrir a imagem do meu patrício. Moro e pago meus impostos – que são muitos, diga-se de passagem – em Santa Catarina. Tenho direito constitucional de escrever sobre quem bem entender. Desde que seja verdade. Ontem um leitor questionou-me por não fazer críticas aos políticos nordestinos. Chega inclusive a citar Édson Lobão, Renan Calheiros e Sarney. Mama mia.
Como diziam os mais velhos do que eu: dileto leitor, não me tome por insensato. A referida trupe já está por demais condenada ao limbo. Nem merece minha espetada. Vou dar tiro em pomba morta? Só não sei por que algumas oligarquias do sul do país ainda sobrevivem. Aliás, sei. É pelo mesmo motivo que ainda resistem as do nordeste: a ignorância dos eleitores. Muitos políticos nordestinos encheram o bolso explorando a pobreza. Faziam questão de mostrar as mazelas da região, assim conseguiam amealhar fortunas, teoricamente para salvar a população. Avarentos. Sulistas, por outro lado, enricaram escondendo a miséria. E isso não é falácia, basta estudar a colonização catarinense, por exemplo. A coisa vem desde o início da república, quando a tônica era europeizar o Brasil incivilizado. A Guerra do Contestado nada mais foi do que uma demonstração de força da elite de Santa Catarina. Eliminaram os pobres que viviam na região disputada por paranaenses e barrigas-verdes. O caboclo do sul sempre foi discriminado. A pobreza foi, e continua sendo, jogada debaixo do tapete.
Mazelas, prezados, há em todos os Estados brasileiros. Pobres e miseráveis, também. Não podemos é ser manobrados por gente inescrupulosa, insensível à súplica do irmão. Precisamos conhecer nossa história , não omiti-la por questões mesquinhas. Já parou para pensar, simpatia, na exposição midiática da Guerra de Canudos? E porque não se fez o mesmo com a Guerra do Contestado? Vou te falar o que ouvi de dois escritores, um catarinense e outro paranaense: “Fui ameaçado de morte, caso publicasse alguma coisa sobre o que foi feito com as terras do Contestado”, revelou-me o catarinense. E isso há pouco tempo. Porque se ele fosse a fundo na questão da origem da riqueza de algumas famílias tidas por nobres, revelaria que de nobre eles não tem nada. O paranaense foi expulso do cartório de Palmas, quando começou a pesquisar a formação de latifúndios em seu Estado. Quem o expulsou? Os donos do Estado.
Aí vem um ignorante da historiografia brasileira querer me criticar por “falar mal” de um catarinense? Poupe-me, coronel. Em nossas veias corr sangue indígena. E penso que devería-mos nos orgulhar de tal origem. Somos frutos dos mesmos adultérios, filhos da mesma prostituição e herdeiros das mesmas sacanagens. Aproveito e sugiro uma leitura para o feriadão: Casa grande e senzala, de Gilberto Freyre.
A resposta veio a altura do BLOG. Muito boa! Dispensa qualquer outro comentário. Creio que assim encerramos o assunto. Nunca se renda aos donos do poder (qualquer que seja e onde quer que esteja). Parabéns com Louvor ao Blog e seu criador!
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