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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Orca, a baleia assassina!

          Imagine que nós, eu e você, estamos andando pelo centro da cidade onde moramos. Agora observe um objeto não identificado se aproximando em vôo rasante - um disco voador. Você é um ser humano da melhor espécie; eu, sem falsa modéstia, também sou. Você acena para os tripulantes da nave, eu faço o mesmo e acrescento um sorriso de bem-vindos. Eles sobrevoam nossas cabeças e ficamos empolgados. Pelo jeito os visitantes estão querendo amizade conosco. De repente, vuch! Uma rede de captura é lançada sobre nós e somos levados a bordo. Você, forte como é, luta braviamente para não entrar no veículo desconhecido. Eu, curioso por natureza, quero saber como são os viajantes planetários; mas não quero fazer parte da tripulação, vale salientar. Não tem jeito, uma força muito maior do que a nossa nos suga para o OVNI. Viagem interplanetária.

          Enquanto nos distanciamos da terra entramos em pânico. E agora, para onde estão nos levando? Você, conforme já falei, é forçudo e valente, debate-se tentando escapar da malha que nos envolve. Eu sou puro pavor, e não consigo reter as lágrimas quando percebo que estou me distanciando das pessoas que tanto gosto. Penso nos meus parentes, nos meus amigos e no que eu tinha a fazer. Em questão de segundos a terra é apenas lembrança; vaga lembrança. De repente um solavanco, blac-blac. Estamos em outro planeta totalmente diferente da terra. As condições climáticas são hostis e nossos sequestradores sabem que morreremos em poucos minutos, talvez segundos. Mas, desenvolvidos como são, nos colocam em uma redoma de aproximadamente dois metros quadrados, onde as condições climáticas da terra são reproduzidas. Somos transportados pelos algozes - que a essas alturas temos vontade de ceifar-lhes a vida - para o meio de uma grande praça. Vejo centenas deles se aproximando. Percebo que a diversão é grande. Todos olham para nós com espantado e curiosidade. Aos poucos vão perdendo o interesse pelos dois terráqueos bárbaros e dão as costas. Hora de dormir.

          Somos acordados pelo barulho de novos visitantes. O ritual é igual ao do dia anterior. Logo percebo que daqui pra a frente os dias serão exatamente análogos. Dez anos se passam e agora parece que nos acostumamos com a situação; até colocamos, de vez em quando, a cabeça para fora da redoma; é que já conseguimos respirar, por poucos segundos, fora da redoma. Estamos ambientados, apesar dos anos-luzes de distância da terra, da América do sul, do Brasil, da família querida. Um dos nossos raptores entra, vez por outra, na redoma e interage conosco. Ele é perfeito em lidar com criaturas subdesenvolvidas e é apto a respirar o oxigênio de nossa redoma – por curtíssimo tempo, ressalte-se. Quando ele entra, a multidão do lado de fora fica extasiada. Eles medem cerca de cinquenta centímetros de altura e devem pesar uns trinta quilos. Quando se movimentam lembram um beija-flor, tal é a agilidade. Têm uma inteligência fora do comum. Frente a eles nós não passamos de seres desprovidos de cérebro. Mas hoje aconteceu algo terrível.
          Você, é você mesmo, acordou com uma baita dor de cabeça. Não queria ver ninguém. Uma coisa normalíssima entre os humanos. Os nossos verdugos não sabem o que é dor e desconhecem o que seja uma cefaléia. Foi quando nosso "amigo" extraterrestre entrou na redoma e insistiu em brincar conosco. Você, forte como é, olhou nos olhos do carinha e zapt – arrastou-o para dentro da redoma e o segurou por um tempo maior do que ele podia suportar. O óbito foi quase que imediato. A multidão do lado de fora ficou aterrorizada. Os gritos, que depois desse tempo todo entre eles já consigo traduzir, diziam: assassino, assassino, assassino!


Notícia em, praticamente, todos os jornais do mundo nos dias 24 e 25 deste mês:

Baleia assassina mata a treinadora em um aquário na Flórida

Um comentário:

  1. Brilhante!
    É fácil ver a baleia como assassina. Difícil é nos colocarmos no lugar dela!
    Ass.: Gabi Maurício

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