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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Você fede ou é cheiroso?

          Em 1998 o delegado Protógenes Queiroz - aquele que prendeu o banqueiro Daniel Dantas -  foi para o Acre. Quando chegou lá, deparou-se com uma tenebrosa realidade: "Autoridades ligadas ao narcotráfico. Rio Branco tinha 980 pontos de distribuição de cocaína. Uma coisa assustadora. Polícia Militar, civil, Ministério Público, Justiça estadual, prefeitura, governador, Assembléia, Câmara Municipal. Um juiz com ponto de drogas, desembargador viciado". Meu povo, aonde vamos parar? Olhe que quem fala isso conhece, como pouquíssimos, os quartos escuros dos donos do Brasil.  A pergunta que não quer calar é: esse câncer é exclusividade acreana?


Você, leitor, acredita que onde há fumaça, há fogo? Então me responda: 
1 - Qual estado brasileiro tem políticos que nunca tiveram os nomes envolvido em algum esquema de corrupção?
2- Qual estado brasileiro tem uma polícia que nunca foi manchete de jornal por abrigar bandidos na corporação?
3- Qual cidade brasileira - com mais de 100.000 habitantes - cujos prefeitos jamais tiveram que dar explicações sobre ladroagem?
4- Qual assembléia ou câmara municipal que escancara suas contas para que a sociedade possa examiná-las?

          É, meu amigo, já imaginou aquele senador que você ajudou a eleger, com a cara enfiada na cocaína? E o juíz que chega todo becado ao tribunal para julgar um ladrão de galinhas, enquanto ele mesmo enrriquece às custas do narcotráfico? E o caríssimo deputado, heim, aquele que só dorme depois de fumar unzinho? O legal é a cara de honestos que eles têm. Você olha para um político - refiro-me ao ladrão - e ele parece ser a pessoa mais séria do mundo. Gente do céu, grande parte deles está atolada até o pescoço no lodo da contravenção. Fazem leis para beneficiar quem financiou suas campanhas; e o povão que se dane. Mas não pense que você é um viajante na boléia do destino; não. Permita-me um exemplo.

          Costumo jogar futebol em em clube aqui de Florianópolis. Cada peladeiro que chega coloca o nome e assina. Só quem põe o nome pode jogar. É proibido colocar o nome do amigo que não está presente. Pois na última vez que estive lá constatei, na relação, o nome de um colega que não chegara. Fui questionando um e outro  para saber quem tinha cometido o delito. Não foi difícil encontrar o "falsário". Era um amigo meu, um cara bacana que achou estar fazendo um favor à outro colega. Pedi que ele não fizesse mais aquilo, pois a corrupção está nesses pequenos atos. Ele prometeu que não faria outra vez. Repito: você não é um viajante na boléia do destino, como cantou Petrúcio Amorim. Você é agente de mudança. Você é o cheiro do perfume, ou é a catinga do cão que morreu na semana passada.

3 comentários:

  1. E o que você pensa a respeito da legalização das drogas?

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  2. Olha, Jones, parece ser a melhor saída. Como já acontece com o álcool e o cigarro.Mas ao mesmo tempo me pergunto: o poder deletério de certas drogas não traria um custo social inimaginável?

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  3. Vejo também como a melhor saída. Do jeito que está não pode ficar. O aspecto danoso das drogas deveria ser acompanhado de perto, claro.
    Mas até nessa questão penso que a legalização traria à sociedade condições de melhor controle e acompanhamento.
    O duro é ver o tráfico enriquencendo, ver o envolvimento de todas as esferas da sociedade nesse universo e o estado pagando a conta.

    Se fossêmos a fundo na lei, se o estado tivesse condições de se fazer cumpri-la, não haveria espaço suficiente nas prisões e o judiciário trabalharia quase que exclusivamente ao tema.

    Um tema relevante nos dias de hoje!

    Obrigado pelo retorno.

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