Que tal aproveitar o fim de semana para assistir a um filme bom? Minha dica é: Uma onda no ar.
O filme Uma onda no ar é a história da Rádio Favela. E quando digo que é uma história, me refiro àquelas narrações para serem contadas de geração a geração. O filme conta o sonho, o drama e a vitória de quatro amigos que idealizaram a criação da Rádio Favela, uma rádio comunitária de Belo Horizonte/MG. A ideia da rádio surgiu da necessidade que os jovens amigos sentiram de levar a voz dos moradores locais ao rádio. Inconformados com as transmissões radiofônicas que excluíam os pobres do morros, os rapazes perceberam que a linguagem, a temática e as músicas veiculadas pelas emissoras não comunicavam a realidade dos marginalizados pela sociedade.
Eles precisavam, urgentemente, de uma emissora própria. Que desse vez ao pequenos. Que mostrasse suas necessidades, seus desejos e sua cultura. A comunidade se uniu e angariou dinheiro para a compra de equipamentos que viabilizaram a fundação da rádio. Durante a Voz do Brasil, a Rádio Favela entrava no ar, como sinal de protesto, acima de tudo. A linguagem hermética das rádios oficiais era suplantada, com a Rádio Favela, pela linguagem do cotidiano do morro. As músicas tocadas eram as que tinham a ver com o povo excluído. A programação era resultado de uma sintonia entre produtores e ouvintes. A comunicação se dava, principalmente, porque os radialistas da Rádio Favela estavam saturados com os temas que abordavam.
Quando falavam de preconceito, eles sabiam, por experiência própria, o que isso significava. Quando falavam de exclusão social, eles sabiam o que eram vielas sem pavimentação, falta de assistência social e negligência do poder público. Isso fazia com que a rádio fosse ouvida por todo o morro. O problema maior apareceu quando as ondas sonoras transpuseram os limites das favelas. Chegando ao “núcleo civilizado”, a mensagem da rádio passou a incomodar as autoridades. A rádio foi fechada várias vezes. Houve prisões. As autoridades tentaram calar a voz do pobre. Não lograram êxito. Como calar uma comunidade espoliada, violentada socialmente? A rádio floresceu. Ganhou prêmio da ONU pelo papel educativo exercido sobre a comunidade.
A pergunta que não quer calar é: Por que uma rádio com estrutura precária, com amadores fazendo a programação e quase sem anunciantes pôde ter tamanha audiência? Ouso responder que foi pelo motivo e pela maneira que a programação era feita: os comunicadores, mesmo sem técnicas radiofônicas, estavam saturados pela temática. Havia comprometimento deles com os assuntos abordados. Eles transbordavam de prazer ao falar no microfone. Havia o desejo de contar as peripécias dos moradores que precisavam matar um leão por dia, se quisessem ver o amanhã. Arrisco-me a dizer que Uma onda no ar não fez tanto sucesso, como Cidade de Deus, porque mostra uma comunidade pobre vitoriosa. Que apresenta soluções, e boas soluções. Enquanto Cidade de Deus retrata a favela como um pandemônio, com uma horda de bárbaros semi-selvagens, Uma onda no ar é pura poesia. É puro vicejar de sonhos proibidos. É felicidade em meio a dor. É a vitória dos derrotados. E parece que ainda não estamos com as mãos fortes o suficiente para aplaudir o excluído.
O filme Uma onda no ar é a história da Rádio Favela. E quando digo que é uma história, me refiro àquelas narrações para serem contadas de geração a geração. O filme conta o sonho, o drama e a vitória de quatro amigos que idealizaram a criação da Rádio Favela, uma rádio comunitária de Belo Horizonte/MG. A ideia da rádio surgiu da necessidade que os jovens amigos sentiram de levar a voz dos moradores locais ao rádio. Inconformados com as transmissões radiofônicas que excluíam os pobres do morros, os rapazes perceberam que a linguagem, a temática e as músicas veiculadas pelas emissoras não comunicavam a realidade dos marginalizados pela sociedade.
Eles precisavam, urgentemente, de uma emissora própria. Que desse vez ao pequenos. Que mostrasse suas necessidades, seus desejos e sua cultura. A comunidade se uniu e angariou dinheiro para a compra de equipamentos que viabilizaram a fundação da rádio. Durante a Voz do Brasil, a Rádio Favela entrava no ar, como sinal de protesto, acima de tudo. A linguagem hermética das rádios oficiais era suplantada, com a Rádio Favela, pela linguagem do cotidiano do morro. As músicas tocadas eram as que tinham a ver com o povo excluído. A programação era resultado de uma sintonia entre produtores e ouvintes. A comunicação se dava, principalmente, porque os radialistas da Rádio Favela estavam saturados com os temas que abordavam.
Quando falavam de preconceito, eles sabiam, por experiência própria, o que isso significava. Quando falavam de exclusão social, eles sabiam o que eram vielas sem pavimentação, falta de assistência social e negligência do poder público. Isso fazia com que a rádio fosse ouvida por todo o morro. O problema maior apareceu quando as ondas sonoras transpuseram os limites das favelas. Chegando ao “núcleo civilizado”, a mensagem da rádio passou a incomodar as autoridades. A rádio foi fechada várias vezes. Houve prisões. As autoridades tentaram calar a voz do pobre. Não lograram êxito. Como calar uma comunidade espoliada, violentada socialmente? A rádio floresceu. Ganhou prêmio da ONU pelo papel educativo exercido sobre a comunidade.
A pergunta que não quer calar é: Por que uma rádio com estrutura precária, com amadores fazendo a programação e quase sem anunciantes pôde ter tamanha audiência? Ouso responder que foi pelo motivo e pela maneira que a programação era feita: os comunicadores, mesmo sem técnicas radiofônicas, estavam saturados pela temática. Havia comprometimento deles com os assuntos abordados. Eles transbordavam de prazer ao falar no microfone. Havia o desejo de contar as peripécias dos moradores que precisavam matar um leão por dia, se quisessem ver o amanhã. Arrisco-me a dizer que Uma onda no ar não fez tanto sucesso, como Cidade de Deus, porque mostra uma comunidade pobre vitoriosa. Que apresenta soluções, e boas soluções. Enquanto Cidade de Deus retrata a favela como um pandemônio, com uma horda de bárbaros semi-selvagens, Uma onda no ar é pura poesia. É puro vicejar de sonhos proibidos. É felicidade em meio a dor. É a vitória dos derrotados. E parece que ainda não estamos com as mãos fortes o suficiente para aplaudir o excluído.
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