Quando Ayrton Senna empunhava a bandeira brasileira, depois de uma corrida de fórmula um, meu patriotismo beirava o céu. A voz esfuziante do narrador não deixava dúvidas: estávamos diante de um mito do automobilismo. E esse semideus era do terceiro mundo. Quando nós, tupiniquins pisoteados, saíamos da frente da telinha e pegávamos o volante das nossas carroças, era um desvario total. Cada cidade, por pior que fosse, era uma Mônaco. Cada rua, por mais buraco que apresentasse, era uma reta dos boxes. Cada pedestre, ainda que involuntariamente, era um torcedor fanático. Cada apitaço de guarda de trânsito, uma bandeirada. Cada Passat de pneus carecas, uma impávida Lótus preta. Cada carro lento, à nossa frente, um retardatário a ser ultrapassado.
Senna disse adeus em 1994. E fez isso no palco que consagrara nossos últimos heróis – a Itália. Os últimos a que me refiro são os pracinhas da FEB (Força Expedicionária Brasileira). Depois dessa despedida antecipada ficamos órfãos de grandes pilotos. De fórmula um, vale ressaltar. Digo isso porque nossas avenidas nunca conviveram com tantos ases do volante. De coração te digo, paisano, nós temos os melhores motoristas do planeta. E arrisco a dizer que, de toda a via láctea. Sheid, meu cachorro, acredita que os óvnis vistos aos borbotões têm um único objetivo quando nos espionam: aprender a dirigir como os brasileiros. É bem verdade que a grande maioria – e bota grande nisso – dos motoristas brasilianos não olha para o espelho retrovisor. Eu particularmente acho que o bom motorista não precisa olhar. Ele tem intuição, sabe o que pode acontecer. Tem, entretanto, certos motoristas que posso chamar de supra-sumo da categoria.
São os espertos. Eles conseguem identificar um idiota a quilômetros . E eu, no caso, sou um desses identificados à distância. Sábado passado precisei ir ao aeroporto daqui de Florianópolis. Precisava chegar lá por volta das 17:30h. Aí veio o sururu: às 18:30h o Avaí jogaria na Ressacada. Quem conhece Floripa sabe que o estádio do time de Guga fica no caminho para o aeroporto. Imaginem o trânsito. A polícia dividira a pista em duas: a da direita era para quem estava indo buscar parente vindo de Brasília – dentre outros casos. De repente eu vi um esperto passando toda a fila em que eu estava e direcionando o carro para entrar na minha frente. Não gostei.
O cara foi jogando o possante na minha frente e eu, grosso feito papel de embrulhar prego, acelerei. Quando o cidadão viu o pára-choque da caminhonete crescer na porta do Civic dele, foi obrigado a frear. Tascou-me um buzinaço no meu escutador de forró. Para o azar dele tinha um guarda vendo tudo. Na hora de dormir fiquei lembrando a cena e fiquei enculcado: será que aquele camarada era fã de Ayrton Senna? Não, acho que não. Devia ser devoto de Michael Schumacher e acreditou que eu fosse tiete de Barrichello.
São os espertos. Eles conseguem identificar um idiota a quilômetros . E eu, no caso, sou um desses identificados à distância. Sábado passado precisei ir ao aeroporto daqui de Florianópolis. Precisava chegar lá por volta das 17:30h. Aí veio o sururu: às 18:30h o Avaí jogaria na Ressacada. Quem conhece Floripa sabe que o estádio do time de Guga fica no caminho para o aeroporto. Imaginem o trânsito. A polícia dividira a pista em duas: a da direita era para quem estava indo buscar parente vindo de Brasília – dentre outros casos. De repente eu vi um esperto passando toda a fila em que eu estava e direcionando o carro para entrar na minha frente. Não gostei.
O cara foi jogando o possante na minha frente e eu, grosso feito papel de embrulhar prego, acelerei. Quando o cidadão viu o pára-choque da caminhonete crescer na porta do Civic dele, foi obrigado a frear. Tascou-me um buzinaço no meu escutador de forró. Para o azar dele tinha um guarda vendo tudo. Na hora de dormir fiquei lembrando a cena e fiquei enculcado: será que aquele camarada era fã de Ayrton Senna? Não, acho que não. Devia ser devoto de Michael Schumacher e acreditou que eu fosse tiete de Barrichello.
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