Não sei se deliro, morro, ou tenho fome. Quero gritar, mas receio ser ouvido. Quero subir nas asas do sonho e ver o mundo azul, como fez o cosmonauta russo Iuri Gagarin em 1961. Anseio por entrar em um carro alado, como fez o profeta Elias, e dar by by ao mundo hostil que me recebeu décadas atrás. Enquanto esses desejos não passam de quimeras, contento-me em observar a realidade dos norte-rio-grandenses, meus conterrâneos. Faço isso enquanto aproveito os últimos dias longe do frio de Santa Catarina. Adoro o lugar que moro. Não escondo, entretanto, que são Gilead aprecia vir para o nordeste no meio do ano, época em que o calor de Natal, principalmente, é um convite para quem mora no sul-maravilha. Enquanto vivo esse momento lindo, conforme canta Roberto Carlos, dou minhas espiadelas no dia-a-dia dos meus compatrícios.
Hoje fiquei impressionado com a conversa que ouvi entre duas senhoras sexagenárias. Estava este intruso aguardando na fila de um caixa eletrônico. Precisava sacar três reais para sobreviver e comprar uma rede. É arriscado minha mulher me dar um cascudo, se eu retornar a Floripa sem uma rede. As duas amigas não têm nada a ver com minhas dívidas e travam uma verdadeira guerra contra a máquina. Tropeçam a todo o momento nos verbos. Duelam com a prosódia e degolam a ortoépia. Não censuro. Talvez não tenham tido a oportunidade de estudar que muitos tiveram. As roupas estão rotas. Os calçados estão cansados e passando da hora de parar de bater perna. Finalmente conseguem fazer a máquina emitir um extrato. Ufa, pensei. Que nada, tiveram que averiguar o conteúdo, item por item, para depois arriscar um saque. Foi aí que fiquei embasbacado.
Uma delas, a que parecia mais velha me perguntou: “a Alemanha joga quando?” Um tanto zonzo com a interrogação, respondi: “Sexta”. A outra, que guardava quatro ou cinco cédulas de dez reais, me corrigiu: “não, é sábado”. - Meu Deus-, berrei calado. Que desgraçado esse tal de futebol. O Sheid, meu cachorro, me acalentou: candidata-te Gile, é fácil manipular a massa.
Hoje fiquei impressionado com a conversa que ouvi entre duas senhoras sexagenárias. Estava este intruso aguardando na fila de um caixa eletrônico. Precisava sacar três reais para sobreviver e comprar uma rede. É arriscado minha mulher me dar um cascudo, se eu retornar a Floripa sem uma rede. As duas amigas não têm nada a ver com minhas dívidas e travam uma verdadeira guerra contra a máquina. Tropeçam a todo o momento nos verbos. Duelam com a prosódia e degolam a ortoépia. Não censuro. Talvez não tenham tido a oportunidade de estudar que muitos tiveram. As roupas estão rotas. Os calçados estão cansados e passando da hora de parar de bater perna. Finalmente conseguem fazer a máquina emitir um extrato. Ufa, pensei. Que nada, tiveram que averiguar o conteúdo, item por item, para depois arriscar um saque. Foi aí que fiquei embasbacado.
Uma delas, a que parecia mais velha me perguntou: “a Alemanha joga quando?” Um tanto zonzo com a interrogação, respondi: “Sexta”. A outra, que guardava quatro ou cinco cédulas de dez reais, me corrigiu: “não, é sábado”. - Meu Deus-, berrei calado. Que desgraçado esse tal de futebol. O Sheid, meu cachorro, me acalentou: candidata-te Gile, é fácil manipular a massa.
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