Ontem fui criticado no blog de um amigo meu. No letrasdatorre ele comentou sobre um camarada dele que estava indignado – talvez esse não seja o adjetivo mais apropriado – com o nome que dou a alguns dos meus animais. A razão da crítica era meu terneiro Gerineldo Marquez. O homem não se conforma com um touro carregando nome de pessoa. Aí me desculpe, querido, mas bicho também é gente, como diria a sábia, filósofa e poliglota Cristininha no auge dos seus sete anos de vida. Gerineldo não é, saliento, um bicho bruto. É um exemplar lapidado da raça Jersey. Não é, muito menos, um ignorante; atende pelo nome e tem vontade própria. Não merece, assim, um nome?
E não coloquei qualquer nome no bovino. Homenageei o coronel Gerineldo Marquez, retratado pelo Nobel de literatura Gabriel Garcia Marquez. E te pergunto, paisano: você conhece algum Rodrigo? E Rafael? Arnaldo, Renato, Fred, Jair, Osório, conhece? Eu conheço uma ruma desses. Um magote de celerados que fuma maconha com o dinheiro dos pais, toma cachaça e volta para casa de madrugada perturbando a família. E quando a mãe reclama da vida que levam, eles mandam-na “pi”. Deixo o "pi" para que o leitor substitua-o pelo palavrão que lhe aprover. Conheço uma centena deles que, ao invés de assistir a aulas – em uma faculdade bancada pelos burros de cargas que os geraram -, tomam cerveja no barzinho mais próximo. Nem por isso eles perdem o direito ao nome que carregam no registro. Poderíamos chamá-los, todos, de potenciais delinqüentes, se já não o são. Não, todos merecem um nome. E meu Gerineldo, que nunca me deu uma cabeçada, que jamais me deu um coice, que acompanha-me sempre que é chamado para uma caminhada no pasto, não é digno de um nome? Fala sério, Valério.
Invoco os bichos, como já fizeram os Titãs, a saírem dos lixos e invadirem o mundo dos cidadãos civilizados. Só não vou fazer como Eduardo Dusek, e pedir para que troques o teu cachorro por uma criança pobre. Seria hipocrisia minha. Se você quer ter uma criança gerando ou adotando, é uma questão que só diz respeito a você. Mas se desfazer de um cachorro, de um cavalo ou de um bezerro é, no mínimo, burrice.
Caríssimo amigo. Concordo contigo em gênero, grau, catetos e hipotenusas.
ResponderExcluirHá alguns anos atrás, com o perdão do pleonasmo, tive um cãozinho chamado Stradivarius. Stradi, para meu filho, então pequeno.
Meu amigo e compadre (por consideração) no entanto, tem lá seus próprios entendimentos e opiniões. Lhe garanto que é um bom sujeito.
Grande abraço.