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quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Príncipe William?, que nada, quem vai casar é Gerineldo

          Gerineldo está procurando uma namorada. Eu, particularmente, sou contra. Acho o danadinho muito imaturo. Percebo-o muito apaixonado pela Jipão. Essa, sim, ao meu ver, está bem mais preparada para um relacionamento amoroso. Os dois estão sempre juntos. Quem os vê, diz logo que “aí tem coisa”. Não passa, porém, de um namorico pueril. Mas como diz a sabedoria popular, “onde há fumaça, há fogo”. E quem sou eu para contrariar a voz do povo. Falei sobre esse suposto enlace para um colega e ele ficou sem entender nada. Reclamou que não sabia quem era Gerineldo e muito menos Jipão. Veja só.

         Expliquei-lhe que Gerineldo Marquez é o nome de um terneiro Jersey que tenho. Jersey é a raça do bonitão, para te poupar o esforço de pesquisar no Google. Jipão é a bezerrinha da mesma espécie. Ele, cá entre nós, achou estranho eu dar nome aos bois e tratá-los como se fossem gente. Fiquei, juro por tudo que tens respeito, chateado com o posicionamento do camarada. E disse-lhe que os bichos têm, sim, muito valor para este escriba que vos fala. De nada adiantou eu dizer que os nomes que coloco neles são, em geral, significativos – Gerineldo Marquez, por exemplo, é um personagem do livro Cem Anos de Solidão, de Gabriel Garcia Marquez. Meu amigo disse que não se interessa por coisas sem importância, apenas por aquelas que têm a ver com o mundo dele. Não ficou claro para mim o que significa “o mundo dele” e tasquei-lhe uma pergunta:

- Sabias que o príncipe William vai casar?

- Claro, com Kate Maddleton – respondeu.

- Conheces William? – Alfinetei.

- Não. – disfarçou.

- E a futura esposa dele, é tua amiga? - Girei a faca na barriga do homem.

- Também não. – cambaleou.

         Aí eu não perdi a oportunidade: “Vem cá, oh companheiro. Tu vens dizer que não se interessa com a história do meu bezerro porque ele não tem a ver com o teu mundo. E a família real britânica, tem?”. O indivíduo recolheu-se a insignificância de um latino portador de complexo do terceiro mundo e tratou de se despedir de mim. Aí eu me lembrei daquela música de Belchior: “Eu sou apenas um rapaz, latino-americano sem dinheiro no banco...”. Aonde já se viu, ignorar Gerineldo, que mora aqui perto, e saber detalhes de um “nobre” inglês!?

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