A professora de inglês chegou à sala de aula e esperou pacientemente que os adolescentes se acomodassem. A escola de idiomas, uma das mais badaladas do Brasil, é reduto de meninos e meninas vindos de famílias abastadas. Os futuros donos de casa pareciam não se importar com a presença da teacher, e muito menos com o ambiente de estudo. Depois de alguns minutos de carnaval, a ensinadora, agora com a paciência para lá de esgotada, pediu silêncio e contou sobre um email que recebera. A correspondência eletrônica mostrava duas salas de aula – uma nos EUA e outra em um empobrecido país africano. Na escola Americana, os alunos, sentados diante de modernos computadores portáteis, dormiam. Enquanto isso, os africanos, esparramados pelo chão batido de um casebre, escreviam no piso, numa busca desenfreada pelo saber.
Quando a professora terminou de contar, uma das adolescentes, 16 anos, foi incisiva: “A senhora acha que vai nos sensibilizar com essa história? Compre lápis e envie para eles”. A profissional, sentido o descaso da aluna com o estudo, perguntou se a moçinha não achava que estava rasgando o dinheiro dos pais, uma vez que eles pagavam para ela fazer um curso de idioma pelo qual não demonstrava ter o menor interesse. “Eu já sabem que não quero estudar inglês”. Sabendo que não se deve dar pérolas a porcos, como ensinou Jesus Cristo, a professora ignorou a futura advoga, médica ou empresária e se pois a ensinar.
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