Uma cadeira de ferro. Uma cadeira de ferro e não uma de plástico. Sabe por quê? Juro que não sei, paisano. Fiquei, no entanto, pensando nelas duas – na de ferro e na de plástico – enquanto enchia a pança no café da manhã de hoje. Não era, diga-se de passagem, um desjejum qualquer. Era um evento na cidade que mais cresce em Santa Catarina – Palhoça. E segundo o prefeito do município, que lá estava, Palhoça será a maior cidade catarinense daqui a quinze anos. O chefe do executivo municipal informou que esse dado inédito será divulgado em breve e é resultado de um estudo feito pelo Governo. Política à parte, a cadeira de ferro me encasquetou. Antes de começar a comilança, a moça que comandava o cerimonial explicou algumas coisas a cerca do ajuntamento. Entre as exposições veio a cadeira de ferro. Na verdade ela não explicou, apenas disse que era importante escolher cadeiras de ferro ao invés de cadeiras de plástico.
Quando fui me levantar, puxei a cadeira e fiquei só com o assento nas mãos. “Hum, essa cadeira de ferro é meio Jaguara”, comentei com o colega ao lado. Jaguara é o termo que os moradores da Serra catarinense usam como sinônimo para cachorro vira-lata. As pobres cadeiras plásticas não dariam tal vexame, mesmo assim foram preteridas. Ê, cadeira de ferro. Sem falar no frio. Os treze graus deixavam a armação fantasiada de barras de gelo. Um encostãozinho e... ui. Ponto para as ausentes cadeiras plásticas. Quando os esfomeados presentes moveram-se em direção ao bufê, foi aquela barulheira. Os pés de ferro brigavam com a cerâmica. Mais um ponto para as primas pobres. Danem-se, todas as cadeiras de ferro do mundo. Danem-se todos os pés de ferro. Eu quero é plástico. Quero a pobreza e a simplicidade do plástico. Quero a mobilidade do plástico. Fora, cadeira de ferro.