Utilização do conteúdo

Autorizo o uso do material aqui produzido, desde que seja dado crédito ao autor e não tenha uso comercial

terça-feira, 28 de junho de 2011

Um relato pré-morte

     Ontem recebi o email de um leitor deste blog. Avesso a postar comentários, preferiu enviar a mensagem. Contou que lê quase todos os textos do reporteando depois que um amigo dele recomendou umas espiadas nas crônicas. E perguntou a minha idade. Lá pelas bandas de Pindamonhangaba, num fim de semana frio como foi o último, passou os olhos em O cinismo espeta a verdade e entendeu que eu já teria pelo menos setenta aninhos de vida. Achou o relato muito pré-morte. Respondi que estou apenas na minha quinta década neste mundo de meu Deus, que acredito que esse asteróide pequeno – como poetiza Zé Ramalho – é um lugar bom, mas que o fato de contar sobre o que já fui não significa que estou abrindo mão da existência. Pelo contrário. Afirmando que já fui, sentencio que sou. E-vi-den-te, paisano. Veja uma árvore de oitenta anos: cada novo anel que adquire, dá-lhe nova aparência, o anterior fica aprisionado para nunca mais voltar a receber lufadas de vento. Serve, contudo, de base para o que se arvora. Ao perder a capa protetora ganha outra muito mais viçosa. É isso, meu caro. Avisei ao camarada que responderia via crônica.

     Já fui, sim, e continuo vivíssimo. Ainda bem que descobri isso a tempo de repensar valores por outros embutidos em minha cabecinha inocente – e lá se vão algumas décadas, meu Pai.

Um comentário:

  1. Cá para os lados de Pindamonhangaba, é?... Não fui eu não.

    Abraço, amigo.

    ResponderExcluir