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quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Profissão nota 10

E aí, beleza?

          Olha, tem uma coisa que eu não consigo entender: como identificar o grau de credibilidade de uma classe profissional. Já percebeu as listas que aparecem, de tempos em tempos, nas revistas, jornais e televisões? É um alarde geral. O profissional mais desacreditado do Brasil é o blábláblá; o mais sério é o blébléblé.

          Conversei com muitos amigos meus, com amigas também, perguntando a opinião deles sobre o que consideram ser o profissional mais sério, honesto e ético do país sede da copa de 2014. Juro que fiquei frustrado. Acho que terei que fazer terapia nos próximos três minutos da minha vida. Três minutos, sim, afinal de contas não foi uma frustraçãaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaao.


          -E os médicos?
          -Tá louco? Os caras cobram até pra dar bom dia. Me disse um.
          -E os advogado? Brincadeira, só pensam em dinheiro; se o bandido paga eles defendem. reclamou outro.
          -E os... Desisto.

          Calma, calma, não priemos cânicos. Existe uma luz no fim do túnel, e não é um trem. Descobri a profissião mais ilibada, imaculada e pura das terras tupiniquins. Quem, quando, onde? O árbitro de futebol; após uma partida do campeonato brasileiro; nos debates esportivos.

          Vou explicar: durante o jogo o sem vergonha do apitador soprou o instrumento de trabalho, claramente, em prol de uma equipe. A coisa foi vergonhosa. Só via falta para um lado. Uma  obscenidade total com o outro time, com a torcida e com meu cachorro que estava em frente a televisão. Mentira, eu não tenho cachorro. Mas já tive e exijo respeito com a memória do canino.

          - E aí, meu chapa, você não disse que o árbitro é o profissional por excelência? Não estás te contradizendo?
          - Pois é aí que entra o contraponto! Falei bonito, hem?

          Amigão, quando eu fui assistir ao Troca de Passes, programa do Sportv, todos denunciaram o "erro" do cidadão, mas não questionaram a atitude do magistrado. Ôpa, desculpe o magistrado. Disseram que um árbitro não ia entrar em campo pra prejudicar ninguém, que foi um vacilo. Fiquei indignado, mudei para a ESPN. A conversa era a mesma: "jamais um árbitro vai entrar em campo determinado a prejudicar um clube".

          Aí eu percebí um clarão sobre minha cabeça. O que era? Uma descoberta fantástica! Eu tinha encontrado o profissional com maior credibilidade do país. Por mais que os sinais de safadeza fossem gritantes, nenhum jornalista ousou desconfiar do sacripanta. Por mais que a gente saiba das falcatruas que existem nos bastidores do futebol, a honestidade do árbitro não foi questionada.

          Os homens do apito não são postos em dúvida, não dão entrevistas para elucidar seus sibilos, muitas vezes indecifráveis. E a imprensa, em geral, entende que o que acontece são meros "desacertos". Eu acho que vou enviar uma correspondência para o vaticano dizendo: o próximo Papa precisa ter sido, em algum momento da vida, árbitro de futebol.

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