Jorge Bornhausen e a vaca

E aí, beleza?
 
Outro dia um nobre senhor me indagou:
- Conheces o Jorge Bornhausen?
Ignorei.

Depois perguntei para um amigo meu, que estava ao lado:
- Você tem algum animal?
- Tenho; uma vaca. Respondeu.
- Pois então, prefiro conhecer a ruminante do que ter amizade com o Jorge.

Não gosto de Jorge Bornhausen. Nunca gostei.Quando escutei pela primeira vez esse nome, senti que nunca iria gostar dele. Aliás, quando nasci, uma voz do céu me disse: cuidado com o Bornhausen, cuidado com o Bornhausen! Pois então,desde aqueles primeiros minutos nessa querência velha coloquei um propósito no meu coração nordestino: não quero ser amigo do Jorjão.

Prefiro a amizade da vaca. Ou melhor, se eu tivesse de escolher entre ser Jorge Bornhausen ou ser uma vaca, não pensaria duas vezes. Quisera eu ser uma brasina, com as tetas cheias de leite para um terneiro se esbaldar. Porém, Deus me defenda da sina de ser o Sr. Bornhausen, que sempre procurou os peitos da vaca pública para mamar. Quisera eu ser a vaca, não o bezerro mamão.

E tenho o direito de não querer ser o ilustre. Quando assistia, no século passado, o seriado de tv, Homem Biônico, eu detestava a idéia de ser biônico. Cheio de vantagens, cheio de super-poderes e cheio de si. A cara do Bornhausen. A vaca, não. A vaca é comum, e eu também sou comum. Nunca assisti um filme de faroeste onde a vaca fosse a protagonista. Nunca vi uma vaca tendo ataque de megalomania. Em compensação o Homem Biônico... Falando em biônico o Jorge foi governador biônico, não foi? Prefiro a vaca.

A única vez que uma vaca foi, de fato, badalada mundo a fora foi no filme Twister, lembra? Uma vaca, uma perfeita representante das chifrudas passou voando, sendo levada pelo tornado. Digo, perfeita representante, porque era. Ela tinha chifres, embora existam vacas mochas. Duvido que uma criança, ao desenhar uma vaca, não coloque as guampas sobre a cabeça da triste. E as cores daquela vaca? Preta e branca, a clássica combinação simbolo do dualismo que permeia o imaginário coletivo. Isso mesmo, ela dá leite e é sugada enquanto tem. Já o Bornhausem, jamais deu um tiquininho de leite, sequer. Nunca amamentou ninguém, em compensação o que mamou.

A vaca usa as quatro patas quando precisa se deslocar de um lugar para outro. Se exercita. Enquanto isso, fortalece mais a musculatura. sabe ela que, assim, pode gerar filhos mais fortes. Por outro lado, o Homem Biônico de Santa Catarina, quando precisa viajar, pega o dim-dim da mãe pátria e voa. Economiza nas costas do povo. Tem certeza, agindo assim, que terá conterrâneos cada vez mais fracos, idiotizados pelos arreios que são obigados a usar.

Portanto, se algum dia você se sentir tentado a perguntar se eu conheço um figurão, do tipo do Bornhausem, certifique-se de que não existe um outro animal mais interessante que eu possa me afeiçoar. Ainda prefiro a vaca.

PS: O Sheid está magoado. Achou que eu não deveria comparar as amigas deles com qualquer um. Me desculpe, Sheid.