Sexta é dia de poesia, então, senta que lá vai ela.
Só uma dica: você pode começar de trás pra frente, se quiser.
Nacirema
Somos todos Nacirema, pai, filho, mãe e irmão
Somos todos muito estranhos, uma raça, uma cor, uma nação
Somos todos fotocópias num colorido fugaz
Somos todos em branco e preto, um filme anoso demais.
Nosso corpo é nosso tudo
Nosso externo o conteúdo
Nossa face é nosso ouro
Nossa aparência um tesouro.
Ao acordar nos ajoelhamos diante de um altar
E oferecemos presentes ao deus que dentro de nós há
Acreditamos piamente que a casca é a essência do ovo
E que na beleza consiste a grandeza de um povo.
Acho que, talvez, por isso repudiamos o ET
Pintamo-lo num ser quasímodo que até dá receio ver
Em nossa aldeia narcisa o esquisito está banido
E vivemos como se fosse-mos o único burgo escolhido.
Um olho mais perspicaz verá por entre as brumas da estética
Que o robô vale muito na cultura cibernética
Um quadril e dois seios grandes fazem a mulher ideal
Mas isso, digo de certo, é uma verdade cultural.
Alteridade, etnia e endoculturação
Comportamento desviante, interetnicidade e lógica de uma nação
Determinismo biológico, relativismo cultural e outros mais
São conceitos antropológicos que precisamos aprender e não esquecer mais.
PS: Nacirema é American, ao contrário.
Bacana a brincadeira com a palavra Nacirema/american.
ResponderExcluirParabéns pelo blog, instigante, dinâmico e acolhedor.
Abraços!
Ok, juro que lembrei-me muito das minhas aulas de antropologia.
ResponderExcluirO texto Nacirema foi muito marcante pra mim e está retratado de forma leve no poema.
Valeu a pena!
Abraços!