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domingo, 6 de dezembro de 2009

Banco estadual? Nunca mais!

          O Brasil vai iniciar 2010 mostrando como se evitar quebra nas finanças dos Estados. Como? Não permitindo que os tais Estados sejam banqueiros. Isso mesmo, no último dia 30 o Banco do Brasil incorporou a Nossa Caixa, uma instituição paulista que há muito perdera a razão de existir. 2009 desce ao túmulo abraçado a marca de 93 anos que, apesar de saudável financeiramente, já não era competitiva. São Paulo segue o exemplo de outros estados como, Bahia, Rio de Janeiro e Santa Catarina. O Brasil acordou para a realidade e percebeu que não pode galopar rumo ao desenvolvimento enquanto as unidades da federação se deleitam às custas de bancos estaduais deficitários.


          Não precisa ter o segundo grau completo para saber que esses bancos serviam para governadores megalômanos pousarem de banqueiros. Faziam a farra com o dinheiro público. As finanças dos estados ruíam e o país agonizava. O gigante acordou e esses bernes estão sendo extirpados. Na época dos governadores biônicos era fácil justificar a existência dessas barracas, mas hoje, com a informação à solta e a concorrência imperando, banco estadual é quase uma blasfêmia.

          Santa Catarina fez a sua parte. Tratou logo vender o BESC. Volto a dizer, não é preciso ter feito todo o primário para entender que esse banco, se é que podemos chamar assim, serviu de palco, mesa de bar e mictório de políticos inescrupulosos. Exatamente, sem contar que as diretorias desses cassinos eram disputadas a tapas pelos donos do estado. Claro, quem não queria administrar a “galinha dos ovos de ouro”. A incompetência era tanta, que muitos gerentes pareciam proprietários das agências. Basta lembrar os últimos atos de alguns deles, antes da incorpora
cão pelo Banco do Brasil. O dinheiro dos correntistas foi surrupiado e a bronca estourou na mão do Banco do Brasil. O BESC acabou os dias na polícia.

          Para ilustrar o que estou dizendo eu quero relatar o que aconteceu em uma agência do BESC de Florianópolis – agora sob a égide do Banco do Brasil -. Um cliente entrou na agência e, aos berros, cobrou explicações do motivo de ter um cheque devolvido. Ora, ele foi da cúpula do BESC durante muitos anos e não aceitava que seu cheque fosse não tivesse sido pago, embora que sem fundo. O banco teria que pagar e depois ligar para ele a fim de acertar a conta. O gerente da agência, ouvindo a barulheira, foi até o cliente e perguntou o que se passava. Ouviu do irritado cidadão que o banco deveria ter pago o cheque pois ele tinha uma folha de serviço prestado ao BESC. O gerente escutou as lamúrias e foi categórico: "o meu banco comprou o seu banco. Agora as coisas funcionam de outra maneira, aqui as normas são cumpridas. E tem mais, foram pessoas como o senhor que contribuíram com a falência do BESC", encerrou a bagunça. Era assim que a coisa funcionava. Alguns políticos e seus agregados mandavam e desmandavam.

          Mas, se o leitor for catarinense não precisa ficar triste. Pelo contrário, o cancro já foi extirpado. Além do mais, essa atitude era comum a tudo que é banco estadual. De norte a sul, de leste a oeste os governadores rasgaram o dinheiro público, um verdadeiro assalto ao trem pagador. Usavam, na cara dura, o din-dim do povo para financiar campanhas eleitoreiras. Que venha 2010 e traga com ele mais incorporações. Falta o Banrisul ( RS ), Banpará (PA), Banestes(ES), Banesi (SE) e BRB (Brasília). Bem, quanto ao BRB, é uma sangria que está mais do que evidenciada. Mas falta pouco. Pouco para o Brasil sorrir livre de um câncer que está com os dias contados.

          Eu sei, acabar com os bancos estaduais não vai tornar um Estado, do dia para a noite, em Éden. Mas é um passo que precisa ser dado. E isso está sendo feito. Parabéns São Paulo, Parabéns Santa Catarina, Parabéns Rio Grande do Norte, Parabéns Brasil. Que essa página suja e lamacenta seja rasgada da nossa história. Ou melhor, que seja grafitada pelos muros do país para que as futuras gerações não cometam os mesmos erros do passado.

Um comentário:

  1. E o serviço social que os bancos estaduais fizeram pelos seus estados? E o pioneirismo de agências que foram colocadas pelo interior dos estados, que nenhum banco privado teria o interesse de colocar? E a integração dos serviços estaduais de fazenda, e a economia que os estados tinham com o pagamento de taxas e tarifas bancárias e com pagamento de servidores???

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