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sexta-feira, 30 de abril de 2010

Copa de 74; Rivelino não valia nada!

          Dois amigos meus estavam conversando e achei o papo interessantíssimo:

- Tu conheces alguém que esteja colecionando figurinhas da Copa do Mundo?
- Eu, cara.
- Pô, rapaz, estou com um bolo de figurinhas duplicadas para trocar.
- Ah, mas a minha coleção é virtual.
- Como assim, virtual?
- Eu tenho um álbum na internet e todo dia ganho um pacotinho com figurinhas.
- Mas não tem graça nenhuma. Como é que você vai jogar “bafo”?
        
         Antes que alguém me insulte, não sou fissurado em colecionar figurinhas. Muito menos de homens. Menos ainda de malas. Contudo não posso esquecer que fui criança, um dia. Há quem diga que ainda sou. Tomo isso como elogio. Meu sogro costuma me chamar de menino. Acho ótimo. Sem contar que o maior homem que pisou este torrão, onde vivemos, aconselhou-me a ser como as criancinhas. Não, não estou falando de Maomé. Dalai Lama?, também não. Alan Kardec?, errou por muito. Nem foi Pelé, nem o Papa e muito menos Lula. Como essa crônica não é sobre religião, voltemos às figurinhas.
       

quinta-feira, 29 de abril de 2010

E o pó volte ao pó, como era

          Eles chegam todos de uma vez. A fome os empurra para o cocho. Seus olhares estão atentos à comida. Feno, milho e ração são iguarias desejadíssimas. Os cabrestos e os relhos tiram-lhes qualquer hipótese de buscar alternativa. A disputa por espaço não deixa dúvida queos mais fortes comem mais. Entre cabeçadas, coices e mordidas os animais se entendem. Todos enchem a barriga. E voltam à lida. Puxam arados, carregam toras ou servem de montarias. E os dias vão passando como ponteiros de um relógio suíço. Sem variação, sem emoção, enfadonhos.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Atração forte como a morte

          Ah, atração cálida. Atração veemente. Atração voluptuosa. Atração que, de tão forte, suplanta qualquer regra, lei ou doutrina. Eles não podem se ver, sem que se enlacem. São atraídos por uma força que supera, de longe, a da gravidade. Não, não possuem a hábil sutileza do flerte. Um olhar pidão, ainda que de soslaio, desencadeia sentimentos inexplicáveis. Ele e ela. Onipresentes os tais amantes. Já foram vistos nos mais variados rincões da minha querida pátria. Sempre enamorados, sempre se afofando, sempre aos amassos. Você nunca os viu? Eles estão no afogadilho do trânsito urbano. Amam-se nas estradas que singram o país. Aviltam os pudorentos que insistem em cantar conforme a partitura que foi lhes dada. Desprezam a música metalizada que os passantes querem lhes empurrar ouvido abaixo. Ah, atração sobre-humana.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Eram os deuses crianças?

          Quando criança eu morei em um sítio. E não era um sítio qualquer. Era um sítio em meio a mata atlântica. E tinha um rio. O Rio de Ponte Velha. Também tinha ponte, mas não era velha. Tinha velha, mas não era a ponte. E sob meu olhar infantil o rio era um mar. Forte correnteza. Peixes enormes – o maior deles não pesava um quilo. Entretanto quando se é criança tudo é um exagero de grande. Não posso esquecer-me dos cavalos. Eram mais do que velozes. Só pessoas corajosíssimas ousavam montar naqueles quadrúpedes. Tinha, cada um, uns cinco metros de altura. Não havia, paisano, Ferrari capaz de sobrepujá-los em velocidade e potência. Tinha vacas violentíssimas. Certa vez uma derrubou o balde de leite que acabara de ser tirado de suas tetas. Coisa descomunal. Meus olhos pueris não perdiam um detalhe sequer das belezas do lugar. Tinha patos, galinhas, porcos, cabras e macumba. Macumba?

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Amizade que vem de cima

          Toda vez que passo ele está lá. Confesso que fiquei curioso nas primeiras vezes que vi a cena. Com o tempo fui me acostumando com a ideia e passei a admirá-lo. E, você sabe, simpatia não brota do asfalto. Não surge de uma hora para a outra, como a paixão. Não aparece de subto, feito visita inoportuna. Não vem sem ser convidado, feito cunhado em festa, ou sogra em almoço. Não se manifesta de supetao, feito guarda de trânsito. Admiração é algo mais cadenciado. É paulatina. É calma. Parece com uma linda roseira. Um dia foi semente. Um dia germinou. Um dia brotou. Cresceu. Floresceu. Que belas rosas! Mas toda vez que passo ele está lá. Em cima da casa.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

"Eu teria vergonha de dizer que sou jornalista"

          Gilmar Mendes não é mais o presidente do Supremo Tribunal Federal. O homem que acabou com a obrigatoriedade do diploma para o exercício do jornalismo, deixou o comando do órgão. O jurista que soltou o banqueiro Daniel Dantas, concedendo dois habeas-corpus em menos de 24 horas, está solto pelas ruas do meu Brasil varonil. O que fará o “maledeto”? Eu soube, através de fontes extraoficiais, que Fernandinho Beira mar pretende contratá-lo. Também fiquei sabendo que o banqueiro, seu apaniguado, chegou a declarar que “Ele é, e vai continuar sendo meu funcionário”. O Sheid, meu cachorro, acha que tudo não passa de conspiração contra o magistrado. O latidor considera improcedentes as críticas ao ex-ministro . Sheid me confidenciou que, se não fosse um cachorro, convidaria Gilmar Mendes para assistir uma partida do Santos Futebol Clube. É que Gilmarzão é torcedor do time da baixada santista.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Ei, Silas, vai tomar no...

         Foi com palavrões e muita falta de educação que a torcida do Avaí recepcionou o treinador do Grêmio, Silas, na Ressacada, ontem à noite. O técnico havia comandado a equipe catarinense em 2008 e conduzido-a para a primeira divisão do Campeonato Brasileiro, aonde fez memorável campanha em 2009, ainda sob a batuta dele. No início deste ano, Silas recebeu convite da equipe gaúcha e foi se aquerenciar nos pampas. Na noite passada o time do Guga decidiu uma vaga para as quartas de final da Copa do Brasil. Contra quem, contra quem? Pois então. Quem conhece o ex-craque do São Paulo e da Seleção brasileira sabe que ele é um exemplo de atleta. Mais do que isso, de cidadão. Entretanto o futebol não combina com gestos finos.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Professor ganha pra isso

         Ludovico é um amigo meu. Ontem ele me contou uma história que se passou com o filho dele, Libório. O rapaz está fazendo faculdade de Ciência Política, aqui, em Floripa.

- Bem, gente, é o seguinte: eu trouxe as provas de vocês.
- Então, professor, já corrigiu?
- Não; na verdade vocês vão corrigir as provas uns dos outros.
- Como assim?
- Pra cada um de vocês eu entrego uma prova pra ser corrigida.
- Mas as questões são discursivas; como é que eu faço?
- Eu vou dizer o que tem que ter nas respostas e vocês avaliam.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Botafogo humilha Flamengo, e é campeão carioca

          O Botafogo é o dono do Rio. E com muita justiça. Provou, para os incréus, que o pior pode ser o melhor. Quem, no Brasil varonil, apostava na Estrela Solitária antes do campeonato começar? O Fogão era o patinho feio entre os grandes cariocas. Chegou a ser achincalhado quando perdeu para o Vasco da Gama por seis a zero. Entretanto é na derrota que se forja o vencedor. E o time dirigido por Joel Santana nasceu depois de ser chacinado pelos inimigos – horda cruel abençoada por São Januário. O torcedor botafoguense foi humilhado por todos, e em todo lugar. Por mais vagabundo que fosse o campinho de pelada, não aceitava ser pisado por um sofredor usando camisa com listras verticais pretas e brancas. Mas o selecionado herdeiro de Garrincha tinha brios, e, como uma fênix, ressurgiu para conquistar o título de campeão e fazer a torcida alvinegra cantar: “Botafogo, Botafogo, campeão desde 1910”.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Xô, monotonia

          Quem nunca foi traido que me envie o primeiro email. Mas, desde já, aviso: só vale pra quem se envolveu com mais de um oponente do sexo oposto; do mesmo sexo também vale, diga-se de passagem. E quando digo, oponente, é porque me parece – e parece tanto que as vezes penso ser real – que os relacionamentos são verdadeiras batalhas pela realização amorosa.  As trincheiras são cavadas nos tórridos terrenos das sensações. Em cada lado do front, um eufórico coração. Muitas vezes, em meio ao fogo cruzado, uma bandeira branca é hasteada e a paz reina. Minto, quem sobe ao trono é o amor. Mas a sensação nasce junto com o homem. Quando você, paisano, chorou pela primeira vez, tenha certeza: a culpa foi dela, da sensação. E essa malvada só te deixará quando desceres à tumba, que, cá entre nós, espero que demore bastante; não é praga.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Cala a boca, rapaz

          “Avaí, meu Avaí, tu já nascestes campeão”. Então tem mais é que ficar quieto. Óbvio, nem o time do Guga, nem os torcedores, devem crucificar a arbitragem do jogo de ontem à noite, no estádio Olímpico em Porto Alegre. A equipe azul e branca de Florianópolis perdeu o jogo e a classe, na província gaúcha. Sem razão, diga-se de passagem. Um amigo meu, o Rafael, chorou a noite toda. Não conseguiu dormir. E hoje cedo abriu o coração no meu ouvido: “O Alicio tinha que ser preso”. Alicio Pena Júnior, se você não sabe, foi o apitador do embate. Entretanto, outro amigo meu tratou as feridas do Rafa: “Cala a boca, rapaz, quem errou foi o bandeirinha. E mesmo assim foi um erro comum”.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

"Meu filho é homossexual"

          Tenho uma amiga que nasceu em Mossoró, interior do Rio Grande do Norte. Entretanto, antes que um mossoroense fique irritado e me insulte, o lugar não é um interior qualquer. É a segunda maior cidade do estado, e fica mais próxima de Fortaleza – 260 km -, do que de natal – 270. Fiz a ressalva porque existe uma rivalidade danada entre Natal e Mossoró, e sendo eu natalense... Mas o que interessa, nesta crônica, é a minha amiga. Pois bem, ela era funcionária do Banco do Brasil e trabalhava em uma agência aqui, em Florianópolis. O fato que vou relatar se passou há uns quinze anos.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Vasco 0X0 Adversários

          O Vasco da Gama está eliminado do Campeonato carioca de 2010. E, venhamos e convenhamos, não poderia ter sido diferente. No primeiro tempo do embate o time cruzmaltino teve 65% de posse de bola. Uma superioridade homérica. A sorte dos rubronegros era que o campeão da Série B de 2009 tinha um calcanhar de Aquiles – a zaga. E quando falo em zaga não me refiro ao sistema defensivo; não. Estou falando, mais precisamente, de Tite. Não quero faltar com respeito ao rapaz, mas ele precisa melhorar muito. Thiago Martinelli até que joga bem, todavia pode aprender a marcar o atacante ao invés de ficar olhando a bola. Entretanto a sorte maior da equipe dirigida por Andrade foi o destino previamente traçado do clássico.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

É mole ou quer milho?

          Quem nunca ouviu a frase “o cliente é o rei, é ele quem manda”? É, simpatia, quem ouviu, ouviu, quem não ouviu não ouvirá mais. Tudo bem, vai que você ainda ouça. Mas será uma falácia. Espera aí - você pode estar dizendo -, antes já não era um papo para engabelar o cliente? Não, não era. Era moda. E a moda, você sabe, pega. E pegou. O foco era o cliente, o cara que estava pagando. Funcionários eram treinados para auxiliá-lo. Foi uma onda que se espalhou pelas empresas brasileiras. E como toda onda, vem e volta. O único lugar onde ela permaneceu foi no camelô. Pode ir conferir, se quer voltar à majestade. Nos demais estabelecimentos a coisa voltou ao normal. O cliente é tratado – com raras exceções – como se fosse um reles súdito. Sabes o porquê?

quinta-feira, 8 de abril de 2010

É uma questão de estética, Gilead

- Fala com aquele menino dentuço; ele sabe o que houve.
- Mas o narigudo também presenciou a briga; ele viu quem começou.
- Então pergunte para a professora, aquela do cabelo grisalho.

          Casos da infância, que não voltam mais. Ótimo, saber que não voltarei a ser um menino sambudo. Péssimo saber que os casos também não darão mais o ar da graça. Talvez, pra ser sincero, ainda retorne em algum colégio de pequenas cidades interioranas. Mas serão tão raros que, provavelmente, serão transformados em espetáculos de programas sensacionalistas. Calma, simpatia, não me refiro a arengas entre crianças no pátio da escola; isso não acabará nunca. Muito menos a professoras amadurecidas pelo tempo; sempre haverá uma ou outra tiazona. Também não me reporto à mania que alguns pirralhos têm de apelidar os colegas. Oxalá fosse. Mas não é.

terça-feira, 6 de abril de 2010

Professores britânicos podem usar a força contra alunos

          O Secretário de Estado para as Crianças, Escolas e Famílias britânico, Ed Balls, deu uma notícia que agradou, e bastante, os professores súditos da rainha. O comunicado foi feito domingo, 05/03, durante a conferência anual da NASUWT – Sindicato dos professores do Reino Unido. “Os professores devem utilizar a força física para retirar as crianças rebeldes (da sala de aula) e terão, para isso, uma formação em técnicas de imobilização”, disse Balls. Segundo ele os professores terão todo apoio por parte do Estado para disciplinar alunos violentos. Mas será preciso avisar a direção da escola sempre que fizerem isto. É, vivente, não pense que o aluno inglês vai bater no professor e ficar “por isso mesmo”. É interessante a maneira que o sindicato viu a proposta do governo. Entendeu que os professores precisam ter a integridade física preservada, e que do jeito que estava – apanhando de estudantes – não conseguiam educar. E aqui no Brasil?

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Padres pedófilos

          Os noticiários da Rede Globo estão cada vez mais apinhados de informações importantes. Tanto é que a emissora não conseguiu abordar, ontem, um crime que grassa o planeta e destrói famílias, inclusive no Brasil: a pedofilia praticada por padres católicos. Sim, porque só quem tem muita notícia para dar, deixa passar em branco algo tão gritante, e de tanto interesse do público. E a globo emudeceu. Como tenho percebido que a emissora costuma facultar longo tempo a reportagens envolvendo religiosos, achei que o Fantástico bombardearia o clero romano. Um maldoso pode dizer que, se os crimes de pedofilia envolvessem pastores evangélicos, o programa de domingo à noite da emissora disponibilizaria dois blocos; com direito a trilha sonora de filme de terror. Quero crer que não foi isso. Prefiro acreditar que faltou tempo.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Buscando uma canção

Eu olho para o céu
Procuro uma canção
Que cante o amor
Que ao coração do homem fale de perdão.

Olhando em minha volta vejo o desamor
Desonestidade, falta de pudor
Solidão, tristeza, incompreensão
Falta um amigo, falta um irmão.
Mesmo assim, sigo meu caminho
Não desisto, não
Sei que ainda existe gente a estender a mão
Alguém que tem valores dentro do coração
Que faz o sol brilhar
Em forma de canção.