Ah, atração cálida. Atração veemente. Atração voluptuosa. Atração que, de tão forte, suplanta qualquer regra, lei ou doutrina. Eles não podem se ver, sem que se enlacem. São atraídos por uma força que supera, de longe, a da gravidade. Não, não possuem a hábil sutileza do flerte. Um olhar pidão, ainda que de soslaio, desencadeia sentimentos inexplicáveis. Ele e ela. Onipresentes os tais amantes. Já foram vistos nos mais variados rincões da minha querida pátria. Sempre enamorados, sempre se afofando, sempre aos amassos. Você nunca os viu? Eles estão no afogadilho do trânsito urbano. Amam-se nas estradas que singram o país. Aviltam os pudorentos que insistem em cantar conforme a partitura que foi lhes dada. Desprezam a música metalizada que os passantes querem lhes empurrar ouvido abaixo. Ah, atração sobre-humana.
Execrável atração. Amaldiçoados sejam tais amalgamados. Sumam da minha frente, apaixonados de uma figa. Ou aceitem pelo menos uma amansadela, estúpidos. Esse tórrido agarra-agarra de vocês me enoja, embestados. Misericórdia, eu suplico. Apiedem-se, desumanos, desse coitado que, por mais que tente, é incapaz de entender tão forte atração. Creiam, malvados, não sou o único a vos detestar. Trago nessa humilde crônica a voz suplicante de milhares de brasileiros ensandecidos com vosso proceder. São senhores aposentados, mulheres que acabaram de contrair matrimônio e jovens que mal completaram dezoito anos. São esses que represento, ainda que sem procuração, nestes parágrafos. A título de esclarecimento: contrair matrimônio não é, penso eu, ser atacado por um mortífero vírus que tira das pessoas o dom de viver. Voltemos à atracação. Retornemos pois à atração. Ah, tirana.
Sei que és mais poderosa do que eu. Nem todo policiamento unido poderá amainar teus arroubos. Nem todos os xingamentos dos motoristas raivosos serão suficientes para quedar-te. Façamos um trato, então. Conceda-me, bem como aos meus correligionários, um dia da semana sem vossa incômoda presença. Um mísero dia bastará para recobrarmos a energia e a calma. Nesse dia você deverá aprisionar-se nas garagens das casas. Ou, se o amor falar mais alto, se engalfinhar pelos quintais. Poderemos, quem sabe?, instituir no calendário: o Dia da Atração. Da atração que existe entre o motorista lento e a faixa da esquerda.
Execrável atração. Amaldiçoados sejam tais amalgamados. Sumam da minha frente, apaixonados de uma figa. Ou aceitem pelo menos uma amansadela, estúpidos. Esse tórrido agarra-agarra de vocês me enoja, embestados. Misericórdia, eu suplico. Apiedem-se, desumanos, desse coitado que, por mais que tente, é incapaz de entender tão forte atração. Creiam, malvados, não sou o único a vos detestar. Trago nessa humilde crônica a voz suplicante de milhares de brasileiros ensandecidos com vosso proceder. São senhores aposentados, mulheres que acabaram de contrair matrimônio e jovens que mal completaram dezoito anos. São esses que represento, ainda que sem procuração, nestes parágrafos. A título de esclarecimento: contrair matrimônio não é, penso eu, ser atacado por um mortífero vírus que tira das pessoas o dom de viver. Voltemos à atracação. Retornemos pois à atração. Ah, tirana.
Sei que és mais poderosa do que eu. Nem todo policiamento unido poderá amainar teus arroubos. Nem todos os xingamentos dos motoristas raivosos serão suficientes para quedar-te. Façamos um trato, então. Conceda-me, bem como aos meus correligionários, um dia da semana sem vossa incômoda presença. Um mísero dia bastará para recobrarmos a energia e a calma. Nesse dia você deverá aprisionar-se nas garagens das casas. Ou, se o amor falar mais alto, se engalfinhar pelos quintais. Poderemos, quem sabe?, instituir no calendário: o Dia da Atração. Da atração que existe entre o motorista lento e a faixa da esquerda.
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