Como você mudou! E mudou mesmo. Se para melhor, se para pior, não é problema meu. É seu. Mas que mudou, mudou. E não há nenhum demérito em mudar. Haveria se não o fizesse. Lógico. Olhe a paisagem ao seu redor; modifica-se diuturnamente. Observe as árvores; não são estanques. Dê uma espiadela nos pássaros; todo ano trocam as penas. Você mudou. Você está vivo. E me vem um ensandecido dizer que não muda. Muda, sim. Muda física, mental e espiritualmente. Pense em você há dez anos. Fui tentado a escrever “dez anos atrás”, mas se é há dez anos, é óbvio que é atrás. Como eram os teus diálogos? Como eram teus sonhos? Como eram teus pensamentos? Como eram tuas palavras? Como era teu agir?
Como você mudou! Parabéns, realeza. Mudou e continuará mudando. Seria muita pretensão, para não dizer parvoíce, alguém se achar imutável. E nossas imagens vão se perdendo em velhas fotografias, em carcomidos espelhos, em ultrajadas lembranças. Os olhos brilhantes perdem o viço e carnes endurecidas se quedam. Raciocínios rápidos raleiam e perdem-se em meio a fugidios neurônios. Pois é, talvez você ainda não tenha chegado a esse ponto da mutação. Da variação que mata, que rói, que destrói. É, gente boa, nem toda mudança é bem vinda. Escorraçamos os cabelos brancos. Tingimos-lho. Tentamos escondê-los. As pregas? Sai para lá, denunciadoras.
Como você mudou! Isso me faz lembrar um fato que se passou com dois homens. Eles viviam em constante disputa para provar que era, cada qual, melhor que o outro. O tempo os separou. Juntou-os novamente décadas depois. O mais afoito, na tentativa de aguilhoar o semelhante, contou:
- Sabe que eu sonhei, dia desses, com você?
- Então conte o sonho.
- Sonhei que eras um capim. Aí veio uma vaca e te engoliu. Saiu te ruminando e depois de excretou. Eu olhei para aquele dejeto e disse: amigo, como você mudou!
O outro ouviu em silêncio, pensou um pouco e retrucou:
- Pois olha, eu também sonhei contigo.
- Então conte, homem.
- Por coincidência, eu sonhei que você também era um capim. Aí veio uma vaca e te engoliu. Saiu te ruminando e depois te excretou. Eu olhei para o esterco e disse: amigo, você não mudou nada.
Pois é.
Como você mudou! Parabéns, realeza. Mudou e continuará mudando. Seria muita pretensão, para não dizer parvoíce, alguém se achar imutável. E nossas imagens vão se perdendo em velhas fotografias, em carcomidos espelhos, em ultrajadas lembranças. Os olhos brilhantes perdem o viço e carnes endurecidas se quedam. Raciocínios rápidos raleiam e perdem-se em meio a fugidios neurônios. Pois é, talvez você ainda não tenha chegado a esse ponto da mutação. Da variação que mata, que rói, que destrói. É, gente boa, nem toda mudança é bem vinda. Escorraçamos os cabelos brancos. Tingimos-lho. Tentamos escondê-los. As pregas? Sai para lá, denunciadoras.
Como você mudou! Isso me faz lembrar um fato que se passou com dois homens. Eles viviam em constante disputa para provar que era, cada qual, melhor que o outro. O tempo os separou. Juntou-os novamente décadas depois. O mais afoito, na tentativa de aguilhoar o semelhante, contou:
- Sabe que eu sonhei, dia desses, com você?
- Então conte o sonho.
- Sonhei que eras um capim. Aí veio uma vaca e te engoliu. Saiu te ruminando e depois de excretou. Eu olhei para aquele dejeto e disse: amigo, como você mudou!
O outro ouviu em silêncio, pensou um pouco e retrucou:
- Pois olha, eu também sonhei contigo.
- Então conte, homem.
- Por coincidência, eu sonhei que você também era um capim. Aí veio uma vaca e te engoliu. Saiu te ruminando e depois te excretou. Eu olhei para o esterco e disse: amigo, você não mudou nada.
Pois é.
Eita! Como escreve bem esse menino bem aí!!!!
ResponderExcluirSaiu ao pai e herdou a sapiência da irmã....heheh
Adorei!
beijos