A história de Sheid; parte 2
Sheid nasceu em Seordal, um dos vinte e sete países que formam o planeta Cachorropeia. Por ser filho do governante ele foi preparado, desde a mais tenra idade, para suceder o pai no comando. Fala todos os idiomas cachorros. Para não perder a pronúncia das línguas distantes, costuma fazer longos monólogos em frente ao espelho do quarto que lhe ofereci. Eu, particularmente, não entendo patavina. Aos dez anos já discorria sobre temas ligados a política, educação e finanças. Lera todos os clássicos do mundo dele. Outro dia ele me confessou que aos quinze anos se achava um sabichão. “Na verdade eu era um bobalhão”, refletiu.
Aos dezoito anos ele prestou concurso para a universidade de Seordol. Passou e, três dias depois, começou a cursar Ciências Políticas. Aprofundou-se na leitura. Percebeu que a assimilação que teve dos grandes autores fora induzida pelo próprio pai, que costumava oferta-lhe os livros. Ao fazer isso, o pai de Sheid, senhor Turiba, discorria sobre o teor da literatura. Explicava quem era o autor, em que circunstâncias escrevera a obra e qual a mensagem que pretendia transmitir. “Eu era um robozinho. Enxergava o que meu pai queria. Somente o contato com bons educadores me permitiu fazer uma leitura desprovida de preconceitos. Mas não foi fácil”, reconheceu.
Aos poucos foi percebendo que pensava bem diferente do pai, o soberano de Seordal. Nos finais de semana costumavam conversar sobre a situação política do país. Quase sempre a conversa terminava bruscamente. Sheid percebia que o conceito de liberdade adotado pelo senhor Turiba era bem diferente dos anseios da população. E Sheid era do povo. Gostava de se engendrar em meio ao populacho e ouvir suas querelas. Quando argumentava, tinha o hábito de falar em nome dos menos favorecidos – que eram a maioria, em Seordal. O pai era enfático: “O povo é ignorante, não sabe o que quer e precisa de uma mão de ferro para conduzi-lo. Ponha na sua cabeça que nós somos os governantes, nós fazemos a lei, e legislamos para o nosso benefício. O povo é nossa fonte de sustentação”. E a conversa era dada por encerrada, porque senhor Turiba tinha plena consciência que não suportaria a contra-argumentação do filho. Sheid ficava indignado quando ouvia o pai falando às multidões.
O pai era um farsante.
Aos dezoito anos ele prestou concurso para a universidade de Seordol. Passou e, três dias depois, começou a cursar Ciências Políticas. Aprofundou-se na leitura. Percebeu que a assimilação que teve dos grandes autores fora induzida pelo próprio pai, que costumava oferta-lhe os livros. Ao fazer isso, o pai de Sheid, senhor Turiba, discorria sobre o teor da literatura. Explicava quem era o autor, em que circunstâncias escrevera a obra e qual a mensagem que pretendia transmitir. “Eu era um robozinho. Enxergava o que meu pai queria. Somente o contato com bons educadores me permitiu fazer uma leitura desprovida de preconceitos. Mas não foi fácil”, reconheceu.
Aos poucos foi percebendo que pensava bem diferente do pai, o soberano de Seordal. Nos finais de semana costumavam conversar sobre a situação política do país. Quase sempre a conversa terminava bruscamente. Sheid percebia que o conceito de liberdade adotado pelo senhor Turiba era bem diferente dos anseios da população. E Sheid era do povo. Gostava de se engendrar em meio ao populacho e ouvir suas querelas. Quando argumentava, tinha o hábito de falar em nome dos menos favorecidos – que eram a maioria, em Seordal. O pai era enfático: “O povo é ignorante, não sabe o que quer e precisa de uma mão de ferro para conduzi-lo. Ponha na sua cabeça que nós somos os governantes, nós fazemos a lei, e legislamos para o nosso benefício. O povo é nossa fonte de sustentação”. E a conversa era dada por encerrada, porque senhor Turiba tinha plena consciência que não suportaria a contra-argumentação do filho. Sheid ficava indignado quando ouvia o pai falando às multidões.
O pai era um farsante.
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