O sujeito entra na livraria e dirige-se direto a uma prateleira no terceiro piso da loja. Não, as ofertas colocadas em seu caminho não turvam-lhe o interesse. Procura por um livro. Não vai para casa sem ele, pensa. Troca o óculos escuro por outro que carregava na mochila. Sem o de grau ficaria bem mais difícil procurar um título entre tantos. Sobe o olhar, desce, vai até o alto da mais alta estante e nada. Não há jeito, por mais que não queira, terá que recorrer à vendedora. – Pois não, senhor -, sorri a jovem. – Você tem A História Secreta dos Papas, da editora Europa – pergunta o cidadão. A moça faz uma cara de quem nunca ouviu falar da obra e dá umas tecladas no computador a sua frente. - Não, senhor, não temos -, conclui sem saber que estava frustrando o freguês.
A contrariedade é facilmente suplantada, afinal de contas o homem está dentro do que, para ele, é um verdadeiro santuário – pilhas de livros. Enquanto procura outra publicação, fica pensativo. – Acho que foi um sinal. Não devo me meter a saber sobre os Papas. Sei que sou um tanto quanto iconoclasta, mas bisbilhotar as vidas de homens tão santos deve ser pecado -. Folheia alguma coisa sobre a Segunda Guerra Mundial. Não, a linguagem é extremamente técnica. Deve ser mais uma tese de doutorado, e ele não está interessado em passar o fim de semana lendo blá, blá, blá, acadêmico. O assunto dos Papas volta-lhe com mais força. – Também, o que me adiantaria saber que alguns Papas foram estupradores, outros tantos assassinos e que a pedofilia não é um tema novo nas fileiras do Vaticano. De fato, é um sinal. Acho que não vou procurar mais esse livro.
Finalmente depara-se com algo que lhe agrada a primeira vista: Conversas Sobre o Tempo, de Luis Fernando Veríssimo e Zuenir Ventura. Dá uma rápida folheada e corre para o caixa. Corre é força de expressão, porque o dito camarada, odeia correr em público. Dirige-se calmamente ao balcão de pagamento. Obrigação cumprida, toma a porta da rua. Destroca os óculos e caminha sob o forte sol, e o frio de inverno florianopolitanos. Pega uma das ruas que dão acesso à Beira-Mar. Desvia-se cuidadosamente das fezes de cachorros, enquanto é assaltado. Calma, paisano, não é um assalto a mão-armada, daqueles que morremos de medo. O ato criminoso vem da própria mente. A História Secreta dos Papas. Enquanto olha para uma distinta senhora com um saco de dejetos caninos, decide: Dane-se o pecado, vou bisbilhotar as histórias escusas dos senhores de mitra.
A contrariedade é facilmente suplantada, afinal de contas o homem está dentro do que, para ele, é um verdadeiro santuário – pilhas de livros. Enquanto procura outra publicação, fica pensativo. – Acho que foi um sinal. Não devo me meter a saber sobre os Papas. Sei que sou um tanto quanto iconoclasta, mas bisbilhotar as vidas de homens tão santos deve ser pecado -. Folheia alguma coisa sobre a Segunda Guerra Mundial. Não, a linguagem é extremamente técnica. Deve ser mais uma tese de doutorado, e ele não está interessado em passar o fim de semana lendo blá, blá, blá, acadêmico. O assunto dos Papas volta-lhe com mais força. – Também, o que me adiantaria saber que alguns Papas foram estupradores, outros tantos assassinos e que a pedofilia não é um tema novo nas fileiras do Vaticano. De fato, é um sinal. Acho que não vou procurar mais esse livro.
Finalmente depara-se com algo que lhe agrada a primeira vista: Conversas Sobre o Tempo, de Luis Fernando Veríssimo e Zuenir Ventura. Dá uma rápida folheada e corre para o caixa. Corre é força de expressão, porque o dito camarada, odeia correr em público. Dirige-se calmamente ao balcão de pagamento. Obrigação cumprida, toma a porta da rua. Destroca os óculos e caminha sob o forte sol, e o frio de inverno florianopolitanos. Pega uma das ruas que dão acesso à Beira-Mar. Desvia-se cuidadosamente das fezes de cachorros, enquanto é assaltado. Calma, paisano, não é um assalto a mão-armada, daqueles que morremos de medo. O ato criminoso vem da própria mente. A História Secreta dos Papas. Enquanto olha para uma distinta senhora com um saco de dejetos caninos, decide: Dane-se o pecado, vou bisbilhotar as histórias escusas dos senhores de mitra.
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