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terça-feira, 14 de dezembro de 2010

O peso dos chifres

          Ontem, no fim do dia, dei de cara com a falta de educação. Com ela estavam a grosseria, a estupidez e a arrogância. A maldita devia ter um metro e setenta de altura. Uns 55 anos. Camisa gola pólo, bermudão e sandálias de couro. Pelo jeito, era corno. E se não era, espero que se torne; ou que o tornem. Quem conhece Florianópolis, sabe que a chuva e o vento sul formam uma dupla de fazer qualquer pessoa chorar em alemão. Parei em um supermercado e o estacionamento estava lotado. Superlotado, no caso. No lado de fora, as poucas vagas encontravam-se devidamente ocupadas. Nem todas, na verdade. Tinha uma, para deficiente, livre. Um símbolo enorme, daqueles que até um cego vê, indicava que a área era exclusiva para cadeirante.

          Eu parei o carro, liguei o alerta e fiquei esperando uma brecha, coberta ou não. E a vaga para deficiente, lá.  Uma senhora estacionou o possante. Viu a pintura indicativa de exclusividade e deu ré. Outros dois veículos fizeram o mesmo. Foi aí que ela apareceu. Ela, meu Deus do céu, a falta de educação. Manobrou o símbolo de poder, desligou o motor e desceu na maior cara de pau. A cobertura poupou-lhe da chuvarada. Alertei um funcionário do estabelecimento, mas o moço esquivou-se: “Ah, meu patrão, se eu for falar ele vai me esculachar”. Perguntei-lhe se aquela atitude era comum. “Muito”, respondeu, “eu até reclamava, mas levei tanto grito que prefiro não dizer mais nada. Eles tratam a gente como se nós fosse cachorro”. Um motorista saiu e o rapaz indicou-me a vaga.

          Juro que tive vontade de entrar no mercado, pegar aquele camarada pelo colarinho e dá-lhe de sandália na bunda, como se faz com menino ruim. Depois mandá-lo embarcar na carroça e dizer: “Só saia de casa daqui a uma semana”. Quando cheguei dentro da loja, depois de quase quinze minutos, o bonitão já estava pagando as latinhas de cerveja e mais algumas porcarias. Dei uma olhada acintosa para ele esperando que me perguntasse o motivo da espiada. Eu diria que estava procurando a deficiência física dele. Ele pareceu perceber minha indignação e baixou a cabeça. Ou pode ter sido o peso das guampas.

Um comentário:

  1. O pior é que esse tipo de atitude é muito comum por aqui Gilead. Se um dia tiver um tempinho vá para frete dos Colégios Catarienese e Menino Jesus nos horários de entrada e saídas das escolas. Os pais "exemplares" literalmente largam carro em qualquer lugar.No outro dia tinha uma "perua" com o carro no meio da rua...parada...atrapalhando o trânsito todo...nem era com ela....eu telefonei para Guarda Municipal informando o abuso, a placa , marca e cor do carro da madame e pedi para eles irem lá. O que mais tem é pais parando o carro em cima da faixa de pedestre, em fila dupla, em cima da calçada. Só dão passagem para os pedestres e só param na faixa quando a polícia está presente,do contrário, passam na maior velocidade. No outro dia tinha um senhor atrás de mim, buzinando horrores porque parei para algumas crianças atravessarem na faixa. Não para só no trânsito a falta de educação. É muito normal as pessoas que moram no mesmo condomínio e te vêem todos os dias não te cumprimentarem nunca; correrem para fechar a porta do elevador antes que vc. chegue; enfiar o carro em cima do seu na saída e entrada das garagens; não segurarem a porta da entrada mesmo vendo que estamos dois passos atrás deles. No outro dia perdi a paciência com um indivíduo do meu condomínio e falei tudo o que há muito tempo tinha vontade de dizer para esses mal-educados. Como dizia meu sábio pai:
    -"Educação: Ou você nasce com.....ou você morre sem."
    Abraço!

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