Phaseolus. Esse é o cara. Ontem e hoje, só deu ele na mídia. Tá todo mundo querendo saber porque o brasileiro deixou o danadinho de lado. Chamei o rapaz de danadinho embora ele tenha diversos apelidos. Na Bahia, por exemplo, ele atende pelo singelo nome de Fradinho. Nas colônias japonesas de São Paulo é conhecido como Azuki. Nas Minas Gerais recebe a alcunha de Jalo. No Pantanal, onde o homem tem chifre na mão – o berrante, moço -, ele é carinhosamente chamado de Rosinha. No meu querido Rio Grande do Norte, desde Natal até Pau-dos-Ferros, ele é plantado, colhido e comido como sendo apenas Verde. Eu particularmente prefiro o preto.
Já sabe de quem estou falando, não é? Isso mesmo, do Feijão. Com efe maiúsculo, sim senhor. Vamos combinar, você nunca ouviu, nem ouvirá, um brasileiro nato chegar em uma banca de feira e pedir: “Por favor, dê-me um quilo de phaseolus”. Nao. O comum é o camarada olhar para o vendedor e dizer: “Me dá um quilo de ‘fejão’ aí”. E o feijão está em alta. Por isso a imprensa tupiniquim só fala nele. Em alta e em baixa, ao mesmo tempo. Em alta porque tá nas telinhas, em baixa porque tá sendo pouco vendido. Aí vem um Zé Mané metido a jornalista e informa: “Feijão perde espaço na mesa dos brasileiros”. Como diz meu ensinador Gabriel Garcia Marquez, “notícia oficial com manchetes excessivas e parcas em detalhes”. Ouvi e li muitas justificativas sobre a queda no consumo por parte dos meus compatriotas. Teimoso feito menino chorão, não concordei com elas e resolvi publicar a minha.
Em 2004 a Embrapa informou que os países em desenvolvimento são responsáveis por 86,7% do consumo do phaseolus. Ôpa, já é um indicativo. Nosso gigante adormecido despertou, atravessou a última crise econômica cantando “eu tava à toa na vida o meu amor me chamou pra ver a banda passar tocando coisas de amor”. Ora, ora, simpatia, quem já viu um país que quer ser chamdo de desenvolvido comer feijão!? Em compensação o consumo da cerveja aumentou. Lógico, os maiores consumidores per capta da bebida encontram-se no Velho Continente. E para parecermos com eles, resolvemos “encher a cara”. A culpa deve ser do Lula, que insistiu durante oito anos para deixarmos de ser subdesenvolvidos. Voltando ao feijão, acredito mesmo que o consumo caiu devido aos altos preços. A propósito, você tem visto alguma mãe ninar o bebê com aquela musiquinha que dizia “um dois, feijão com arroz; três, quatro, feijão no prato”? É, meu chapa, os tempos são outros.
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