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segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Vamos desinfetar a Daniela

         O verão chegou ontem. Digo e provo. Pelo menos aqui, em Floripa, foi ontem que ele deu as caras. E era por volta das 17h. Como é que posso provar? Ora, ora, com meu testemunho. Acostumado que fui, desde pequeno, com as quentes águas do meu Nordeste, só tomo banho de mar em Florianópolis quando a estação do calor aparece. No último verão catarinense, que durou cerca de 20 dias, entrei na água salgada pelo menos em 15 deles. E ontem, paisano, após minha caminhada vespertina pela praia da Daniela, o calor me empurrou para a ponta do atlântico do balneário. É bem verdade que a água não tava quentinha, mas deu para o gasto. O verão chegara.



         O que não deu para o gasto foi o furdunço em que se transformou a areia do lugar. Há poucos anos – cinco é um bom parâmetro – eu costumava dar minhas corridinhas por entre as famílias que frequentavam o pedacinho do céu entre os mortais. Ontem, no primeiro dia do meu verão, mal pudemos caminhar. Em determinados momentos, tivemos que fazer fila indiana para passar por entre os guarda-sóis, barracas e barracões. Sem falar nos vendedores ambulantes, nos banhistas e nos solistas. Por “solistas” entenda aquelas pessoas que, fascinadas com o fulgor do astro-rei, espicham-se sobre toalhas, cadeiras ou coisas do gênero e põem-se a torrar. Eu, Denise – minha mulher – e meu sobrinho Thiago, tínhamos que cuidar para não atropelar as tantas bundas que dominavam a paisagem. É de admirar o quanto as senhoras não cuidam dos seus traseiros. O passante é que precisa ficar atento para não causar uma crise no patrimônio alheio.


         Uma coisa, entretanto, Fez-me mudar o humor: a quantidade de maconheiro na areia. Digo “maconheiro” porque sei que os usuários da marijuana detestam de serem chamados assim. É como o tomador de álcool; podem xingá-lo de qualquer coisa, menos de bêbado. Teve uma hora em que fui obrigado a respirar a catinga da droga. Os clientes dos traficantes aproveitam o descaso policial e fazem seus cigarros na frente de todo mundo. Você não verá, paisano, um único policial na praia. Traficantes e usuários aviltam a lei e o direito dos demais cidadãos na maior cara de pau. Vou mandar emails para as igrejas evangélicas pedindo que elas venham espantar os maledetos. Ah, sim, bastará um grupo de jovens cantando, tocando violão e falando de Cristo. Os maconheiros não suportam religião. Será a campanha “Vamos desinfetar a Daniela”.


PS: Antes que me incomodem, o "desinfetar" não se refere às pessoas, mas ao mal cheiro provocado pela fumaça.

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